Análises do LCA/UENF colocam Águas do Paraíba sob pressão

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O Rio Paraíba do Sul segue com águas de tom esverdeado. Foto: Silvana Rust

Uma matéria do J3 News a partir de dados gerados pelo Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Uenf confirma o que muitos já suspeitavam: há algo peculiarmente distinto florescendo nas águas do Rio Paraíba do Sul. 

Segundo a reportagem, os resultados das análises feitas pelo LCA detectaram a presença de uma espécie de cianobactéria, a Raphidiopsis SP, que é capaz de produzir potencialmente uma cianotoxina chamada de saxitoxina, que pode causar danos importantes nas funções cerebrais.

A boa notícia é que ainda não se sabe se essa toxina está sendo efetivamente produzida. Mas essa é uma boa notícia de pernas curtas, pois é evidente que a simples possibilidade dessa produção já deveria ter acendido vários sinais vermelhos a partir dos quais a concessionária Águas do Paraíba estava obrigada a ter acionado mecanismos precaucionários.  Mas pelo que eu pude notar pelas notas publicadas pela mídia corporativa campista é que tudo estaria dentro da normalidade, o que agora se vê que nunca foi bem assim. 

Como a matéria do J3News revela que os dados gerados pelo LCA/Uenf já estão na posse do Ministério Público Estadual, o que deverá aumentar a pressão sobre a Águas do Paraíba para que informações mais precisas sejam fornecidas sobre o que a concessionária efetivamente sabe sobre a condição em que se encontram as águas do Rio Paraíba do Sul.

Aliás, agora que a situação extrapolou os limites do município e está sendo noticiada pela mídia estadual, tampouco será suficiente para a Águas do Paraíba continuar afirmando que “ a água tratada distribuída à população (campista) está em conformidade com os parâmetros da legislação, própria para consumo, e não apresenta nenhum risco à saúde”. É que a estas alturas, este tipo de declaração será recebida com uma merecida incredulidade por quem recebe a água que a Águas do Paraíba trata.

O fato é que a coisa não está cheirando bem, e eu não estou falando da geosmina que também prolifera no Paraíba do Sul. Tanto isso é verdade, que o LCA/Uenf propôs que “as amostras sejam encaminhas à Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj) para análise de potável, por considerar que o tratamento convencional não é suficiente para remover o odor e gosto fora dos padrões normais“.

Aguardemos então o que fará o Ministério Público Estadual que aparece neste momento como o ente que está se movimentando para garantir o direito dos campistas de receberem uma água de qualidade em seus domicílios.

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