A Uenf e a certeza: dois ouvidos e uma boca nos mandam ouvir mais e falar menos

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Por Douglas Barreto da Mata

Nos processos eleitorais e nas disputas políticas cotidianas há, para as pessoas que detêm cargos de representação institucional, certos protocolos, que visam separar as posições individuais (e legítimas) dessas pessoas das funções públicas que exercem. A mistura desses canais é indesejável, e em alguns casos, configuram atos ilícitos ou infrações administrativas, no caso de ocupantes de alguns cargos públicos.

A ex-reitora da  Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) deu um péssimo exemplo de como não fazer distinção entre as suas preferências individuais e a liturgia exigida da posição que ocupava. (sim, ex, porque, em minha opinião ela se despediu do cargo antes de começar)

Além do total despreparo nos cuidados procedimentais para apuração de eventos sensíveis, sobre supostas infrações de servidores, veiculando disse-me-disse em meios de comunicação, como uma espécie de Sônia Abrão com doutorado, a moça resolveu atacar de “analista eleitoral”.

Desastre.

Não pela análise incompreensível da moça, o que já seria um péssimo cartão de visitas para uma universidade, justamente quando os imbecis da extrema-direita se dedicam ao exercício diuturno do questionamento da ciência e da legitimidade acadêmica.

A questão central, como bem observou meu amigo palmeirense de luto, Marcos Pedlowski, não foram apenas essas questões, o que você poderá ler aqui.

A inexplicável tragédia promovida pela ex-reitora foi entrar em rota de colisão com o mandatário da cidade, emitindo opiniões mal disfarçadas sobre questões, sobre as quais ela deveria evitar deitar falação. É certo que a ex-reitora não estava em um evento partidário, ou eleitoral, ou em casa com amigos. Ela ocupou um espaço público para falar em nome da universidade.

Fazer previsões, questionar pesquisas, enfim, mal disfarçar suas preferências eleitorais, para além das falas padrão para esse tipo de situação, como: “seja lá quem ganhe, a esperança é que o relacionamento institucional com a Uenf seja marcado pela colaboração e respeito mútuos”, deixou claro que a moça está deslumbrada pela aura da representação. É comum, ainda mais com pessoas alçadas às posições de liderança, quando eram pessoas tipo chuchu,  insossas. 

Por certo, o Prefeito Wladimir Garotinho não descerá do alto de sua popularidade para polemizar com a moça, e nem irá recuar nos seus compromissos acordados.

Não deixa de ser estranho, porém, que a ex-reitora fale de eficiência, de compromisso, disso e daquilo, e se esqueça, seletivamente, da vergonha da gestão anterior, a qual lhe apoiou, e a qual ela é a continuidade, ter ficado com 20 milhões entalados, durante anos, enquanto o Arquivo Público era destruído pela ação, menos do tempo, mais pela incompetência.

Certo é que o ditado popular diz que: quem fala demais, dá bom dia a cavalo.

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