Em 2024, o agronegócio revela de vez sua face piromaníaca, antiambiental e antissocial

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Em Ribeirão Preto (SP), a fumaça das queimadas da monocultura da cana fez o dia ser trocado pela noite

O estado de São Paulo que é vendido como o exemplo de modernidade e avanço tecnológico do agronegócio nacional enfrenta nos últimos dias um número recorde de focos de incêndio, formando o que alguns já estão chamando de “paisagem marciana“.  Para além de São Paulo, a paisagem não é muito diferente, fazendo com que as emissões brasileiras de CO2 associadas apenas ao uso da terra coloquem o Brasil como um dos maiores emissores globais de gases estufa.

Imagem de satélite da Nasa mostra concentração de focos de incêndios em São  Paulo

Focos de incêndios ativo derectados no dia 24 de agosto pelo sistema de monitaramento da Nasa — Foto: Nasa

Com essa verdadeira orgia de queimadas, o agronegócio brasileira rasga de vez a máscara de modernidade e revela sua faceta mais anti-ambiental e também anti-social em sua faceta piromaníaca, na medida em que os prejuízos que a opção pelo uso do fogo traz danos não apenas para o ambiente, mas também para a saúde humana.

Enquanto tudo isso acontece, vemos um mutismo explícito por parte das diferentes esferas de governo, a começar pelo governo federal de onde não parte nenhuma condenação mínima do que está sendo realizado nos territórios dominados pela grandes monoculturas de exportação.  Se olharmos para o governo de São Paulo, a coisa também não está sendo diferente, em que pese o risco real de se ter cidades inteiras dizimadas pelo fogo.  Ao nível dos municípios, a coisa não vai muito diferente,  nem poderia ser, pois a maioria dos prefeitos ou pertence ao agronegócio ou foi eleito por ele.  Um dos municípios paulistas mais afetados é Ribeiro Preto, que se encontra rodeado por grandes plantios de cana, mas de onde não se ouve nada do prefeito Duarte Nogueira (PSDB).  Parece até que a cidade não está trocando o dia pela noite por causa da fumaça vindo das queimadas de cana. Aliás, a única declaração dele até agora foi que a atual estação de queimadas é “fora do comum“.

Com as queimadas se espalhando por todo o país em um ritmo alucinante, muito em função de uma combinação entre mudanças climáticas e o aprofundamento de um modelo agrícola que aprofunda seus impactos, a verdade é que ficará difícil o Brasil continuar jogando o papel de vítima nos debates sobre controle das emissões de gases estufa. A verdade é que por causa das tendências piromaníacas do agronegócio nacional, o Brasil terá que cedo ou tarde assumir o papel que lhe cabe como vilão e não mocinho nas mudanças climáticas. E isso certamente será cobrado durante a realização da chamada COP30 em Belém no ano que vem.

O problema é que não há hoje força política que esteja disposta a colocar as responsabilidades devidas nos ombros do agronegócio brasileiro. Com isso, os recordes de 2024 serão provavelmente quebrados em 2025. A conta não resta dúvidas recairá sobre a maioria pobre da população brasileira que nada lucra com um modelo agrícola ancorado na destruição da natureza com um clara tendência piromaníaca.

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