
Por Douglas Barreto da Mata
Se me perguntassem o que eu desejaria para ser candidato à reeleição, caso fosse prefeito de alguma cidade, eu diria, sem pestanejar: uma oposição como esta que enfrentou Wladimir Garotinho, o atual prefeito de Campos dos Goytacazes, e candidato à reeleição.
Eu não vou repetir aqui, para não ficar enfadonho, que as táticas e estratégias da oposição, em especial aquela representada no pessoal da delegada, e no pessoal do PT, foram um total desastre. Não me preocupa aqui o resultado das eleições, que podem sim, mudar até lá, diga-se de passagem. Só voto apurado é voto certo, dizem as raposas políticas, apesar de todo favoritismo do atual prefeito.
Hoje eu me refiro aqui a uma derrota muito pior. A derrota de reputações de dois candidatos que, até o início das eleições, eram reconhecidos como pessoas corretas, com biografias de alguma importância, com carreiras profissionais respeitáveis, ainda que sem nenhum traço de genialidade, é verdade.
Porém, eu diria, sem medo de errar, que o professor e a delegada saem muito menores que entraram nessa campanha, a despeito dos votos que possam ter. Os expedientes e truques aos quais recorreram o professor e a delegada foram vergonhosos. Rebaixaram a si mesmos e a campanha a um nível rude e grotesco, com direito a acusações sem provas (como o professor no caso dos RPA), ou mentiras e distorções (o caso do IDEB), ou das pesquisas.
Teve coisa pior, eu sei, mas até cansa falar de novo. Eu finjo que esqueço, para esquecer de fato, tamanha a decepção! No caso da delegada tivemos ofensas do deputado que veio em seu socorro, no início da campanha, e que atacou a honra da primeira-dama, enquanto seus padrinhos políticos se esmeraram, ao longo da corrida eleitoral, em adjetivos inapropriados em direção ao atual prefeito, que, justiça seja feita, ou os ignorou, ou respondeu com a mais fina ironia.
Ironia, sabemos, é sinal de inteligência. Claro que a gente sabe que eleição é terreno propício a temperaturas elevadas, debates mais acalorados. Mas xingamentos e ofensas desvinculados de quaisquer propostas, beiram a vulgaridade, a falta de decoro, a pobreza intelectual, que não parecem combinar com figuras do professor e da delegada.
Neste sentido, se as urnas comprovarem as prospecções dos institutos de pesquisas (os sérios, não aquela fantasia da oposição), vamos ter, talvez, um alento. Sim, apesar das tragédias pessoais dos candidatos, que se expuseram a tamanho vexame moral, paradoxalmente, essa queda acena para o fato de que, ainda que conservador, o eleitorado campista rejeitou a fórmula desqualificada apresentada pelo professor e pela delegada.
No atual contexto da política brasileira e local, não é pouca coisa!