Na ultima quarta-feira (28/05), o Imazon publicou a segunda edição do Índice de Progresso Social (IPS) analisa 5.570 municípios com base em indicadores sociais e ambientais, oferecendo um retrato multidimensional do desenvolvimento no Brasil, mas acabei não divulgando porque queria mais tempo para analisar o material.
Em seu site, o Imazon informa que neste caso, Progresso Social foi definido por um grupo de especialistas acadêmicos e sintetizado pelo SPI como “a capacidade da sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas, estabelecer as estruturas que garantam qualidade de vida aos cidadãos e dar oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu potencial máximo”. Ainda segundo o Imazon, a “partir desse conceito, o IPS Brasil 2025 é formulado com base em 57 indicadores divididos em três dimensões: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades”.
Pois bem, é aí que a porca torce o rabo para o município de Campos dos Goytacazes que, no grupamento relativo a cidades com mais de 500 mil, aparece no nada honroso posto de nono pior entre todos seus congêneres brasileiros (ver imagem abaixo).
Alguém poderá desdenhar do valor atribuído a Campos dos Goytacazes no IPS Brasil 2025, mas a leitura do relatório completo ajuda a entender como é que fomos colocados nesta posição pouco lustrosa. Basta ver como se calcula os valores de diferentes componentes que compõe o IPS para notar quem a despeito de inevitáveis distorções que qualquer cálculo desta natureza, os números não estão mentindo.
Além disso, por mais distorção que possa haver, conheço algumas das cidades colocadas entre as melhores e já vivenciei diferenças notáveis na condição de vida dos mais pobres que são aqueles que mais sofrem quando necessidade básicas não são resolvidas ou, quando o são, as soluções oferecidas são precárias, como é o caso de Campos dos Goytacazes.
Aliás, é preciso dizer que o mundo dourado (que no caso é feito de muita pirita) que o prefeito Wladimir Garotinho nos presenteia em suas entrevistas não é problema de uma ou duas administrações municipais, mas sim de um longo processo histórico de criação de desigualdades. Mas é lamentável notar que em qualquer índice minimamente sério que se organize, a posição de Campos dos Goytacazes é sempre entre os piores.
E essa posição se mantém apesar dos bilhões de reais que foram aportados nos cofres municipais desde a promulgação da Lei do Petróleo em 1998 na forma de royalties ou participação especial. O fato inegável é que boa parte desse dinheiro foi utilizado para reforçar e até aprofundar as desigualdades históricas que colocam de um lado uma minoria de privilegiados e de outro uma maioria que é deixada na pobreza absoluta.
Pelo menos com esse relatório, aqueles que quiserem fazer um debate minimamente sério sobre os desafios em que estamos atolados vão poder ter um instrumento para se orientar, deixando de lado as fanfarronices que cercam as manifestações dos diferentes grupos que se engalfinham para controlar os cofres municipais.


Imazon?
Que isso, teatcher?
ONG tabulando dados?
Quem financia esse troço?
Olha, eu aprendi com um dos melhores (você) que só universidades públicas e órgãos públicos, como IBGE, podem gerar dados confiáveis (mais confiáveis), justamente por sua natureza institucional.
ONG é algo que nem deveria existir, quanto mais se arvorar a julgar ou avaliar o setor público.
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Bom, como eu disse no texto, você pode brigar com os números, mas eles estão aí para ser debatidos. Agora, em que lugar você acha que Campos deveria estar em uma classificação do IBGE?
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Os dados do Caged, de IDH e do CadÚnico sugerem uma faixa intermediária, com tendência de diminuição dos níveis de pobreza relativa (desigualdade), em índices parecidos com Macaé e muito, mais muito melhores que SJB.
Nota, os dois municípios têm um orçamento per capita bem maior que Campos.
Nota 2: a cidade sofreu o fenômeno Rafael Diniz, no início da pandemia.
Isso é um dado que não consta em estatística, e faz uma enorme diferença.
Enfim, como diz Suassuna, há a mentira, a mentirona e a estatística.
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Bom, cada um tenta a sua estatística. Mas vamos lá: qual é a distorção efetiva no índice do Imazon? Deixa eu ver: mostra uma situação catastrófica para Campos dos Goytacazes? Bom, não difere muito do que eu vejo no cotidiano das ruas. Deve ser duro tentar dourar a pílula com pirita, eu sei.
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Amigo, não se trata de dourar a pílula, mas de dar nome correto às coisas:
ONG não tem legitimidade para propor estatística dessa natureza, e eu não preciso falar isso para um professor universitário.
Eu assisti a entrevista da moça na Globo ontem.
Para começar, no aspecto político, de está na Globo, não presta.
Bem, um dos índices alardeados por ela como grande novidade é:
“não olhamos o número de hospitais ou escolas, mas se efetivamente as pessoas estão com seus tratamentos bem feitos ou recebendo formação”.
Olha, sinceramente, fazer esse levantamento em 5000 cidades, com um nível de acerto e precisão na compilação de dados completos, como acompanhar resultados em saúde, você pode até querer acreditar (por questões políticas, ok), mas você sabe que é praticamente impossível.
Agora você escolhe, a pílula azul ou vermelha.
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PS:
É simples:
Não reconheço legitimidade em ONG para tratar de estatística sobre gestão pública ou até mesmo opinar sobre o tema.
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