Por Douglas Barreto da Mata
Há algum tempo atrás, no meio da campanha eleitoral em 2024, quando se questionava a força eleitoral do atual Prefeito Wladimir Garotinho, em meio aos desgastes naturais de uma eleição contra as forças políticas personificadas no Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, eu me lembro de ter escrito algo do tipo: “Wladimir conseguiu renovar o legado de seu sobrenome, e se tornou mais que um herdeiro político do casal de governadores, aliás, os únicos eleitos pelo interior na história do RJ, após a fusão.”
O Prefeito de Campos dos Goytacazes conseguiu imprimir uma marca própria, um estilo pessoal e único que, gostem ou não, permitiu uma vitória acachapante em 2024. Claro que o prefeito de uma cidade polo regional é, por natureza, um ator importante no cenário estadual.
Esse reconhecimento se deu de várias formas. Os aliados animaram-se com a hipótese da região ter novamente o peso político aumentado. Os adversários passaram às tentativas de bloquear a expansão da influência política do prefeito campista, a todo custo, seja impedindo que seu nome fosse colocado nas pesquisas de intenções de votos, seja com a retenção de recursos necessários à gestão local, e devidos pelo Estado.
Teve até, recentemente, o veto do Presidente da República a um projeto de lei do então deputado federal Wladimir, o que não seria estranho, caso não tivesse sido o próprio líder do governo Lula no Senado, Jacques Wagner, que tivesse articulado a aprovação unânime.
O que os movimentos políticos dos adversários e o desejo dos aliados pareciam antecipar é o que disse a pesquisa mais recente de intenções de voto, divulgada hoje. Eu tive acesso a todos os dados. Tem uma variável bem importante, que geralmente é desprezada nas análises mais afobadas. A rejeição.
O mais rejeitado é o ex-governador Witzel, com 21, 1%, seguido de Eduardo Paes, com 18, 6%, e em terceiro, bem abaixo, Wladimir Garotinho com 8,5%. Aqui chamamos sua atenção para a enorme rejeição de Eduardo Paes, quase equiparada a de Witzel, o que não é pouca, mas também se explica pela exposição permanente do prefeito carioca, e talvez uma repulsa do eleitorado fluminense pela sua proximidade com o PT e Lula.
Já Wladimir Garotinho apresenta uma rejeição baixa, e não se trata de ser desconhecido, já que o seu sobrenome tem um enorme recall no Estado, e dizem os detratores, é uma memória negativa, em grande parte pela história de seu pai, Anthony Garotinho. Apesar de carregar o garotinho no sobrenome, Wladimir é pouco rejeitado.
Essa baixa rejeição, associada a um segundo lugar mas intenções de votos, mesmo não tendo seu nome colocado na arena dos pretendentes, senão como coadjuvante dessa ou daquela chapa, como vice, e sendo a segunda pesquisa que seu nome é posto para o eleitor, revelam uma condição promissora para Wladimir Garotinho, além de outras circunstâncias, como: Personifica o diálogo, o centro, a conversa com vários Campos ideológicos, mas não abre mão de sua identificação política e religiosa, sem recorrer a extremismos. Quando instado a defender suas posições, faz com firmeza, como na questão do veto presidencial, sem perder de vista o diálogo que favorece a todos, cedendo para ganhar, ou, não perder.
O perfil parece encaixar como uma luva no vácuo de projetos de poder de centro no RJ, e se unificar essa plataforma com a Baixada, como fez seu pai, quando se elegeu governador, estaremos na presença de um forte concorrente.
Este texto reflete a opinião pessoal do autor e não reflete nenhum tipo de alinhamento editorial deste blog.
