Conflito da mineração em Belisário: Secretário de Direitos Humanos de MG se reúne com lideranças comunitárias após ameaça de morte ao Frei Gilberto

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Como anunciado aqui, a partir da repercussão de uma matéria  publicada no blog do jornalista Marcelo Auler (Aqui!),  o secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania – SEDPAC, do governo de Minas, o ex-deputado federal e ex-ministro chefe da Secretaria de Direitos Humanos do governo Lula, Nilmário Miranda, esteve hoje no distrito de Belisário (que é parte do município de Muriaé) para uma animada reunião.  O interessante é que, segundo informes obtidos por mim nas redes sociais, esta reunião contou com a presença de  mais de uma centena de lideranças comunitárias e de movimentos sociais que aproveitaram a ocasião para discutir a problemática situação da mineração de bauxita na região de entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB).

Um aspecto importante desta reunião foi o apoio  que todos os presentes expressaram ao Frei Gilberto que,como informado por este blog (Aqui!) foi ameaçado de morte por sua luta contra a destruição de territórios que são tradicionalmente ocupados pela agricultura familiar. 

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Nesse sentido, o secretário Nilmário Miranda informou que o Frei Gilberto será no Programa de Proteção que está sendo viabilizado pelo governo do estado,  e que agora começam os demais passos do programa, inclusive o Frei Gilberto irá a Belo Horizonte (Aqui!). 

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É interessante notar que esta reunião antecede a posse dos novos membros do Conselho Consultivo do PESB que deverá ocorrer amanhã (15/03) exatamente no distrito de Belisário. Com certeza todos os acontecimentos decorrentes da ameaça de morte ao Frei Gilberto irão tornar essa cerimônia bem mais concorrida. A ver!

Observatório dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais envia mensagem de solidariedade ao “Blog do Pedlowski”

Recebo hoje uma mensagem da Profa. Andréa Zhouri, coordenadora do Observatório dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais  (GESTA-UFMG) (Aqui!)  com o sentido de prestar solidariedade e apoio por causa da notificação extra-judicial recebida dos representantes legais da Companhia Brasileira de Aluminio (Aqui!).
Essa é uma mensagem extremamente bem vinda, especialmente porque respeito muito o trabalho realizado pela equipe do GESTA-UFMG em prol das comunidades afetadas por diferentes tipos de conflitos socioambientais em diferentes partes do território mineiro. Mas o que me satisfaz ainda mais é saber que a partir desta nota, o Observatório dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais  (GESTA-UFMG) deverá acompanhar com atenção os desdobramentos relacionados à ameaça de morte proferida contra o Frei Gilberto e a comunidade de Belisário.

Mensagem de solidariedade e apoio do Observatório dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais  (GESTA-UFMG) ao Blog do Pedlowski

Caro Marcos.

Receba nossa irrestrita solidariedade e apoio. Repudiamos qualquer tentativa de silenciamento do blog, atos de intimidação contra você e cerceamento da livre expressão. Os atos de violência nos contextos de conflitos ambientais devem ser amplamente divulgados, denunciados e repudiados. Conte com o apoio do Observatório dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais.

Grande abraço,

Andréa Zhouri
Coordenadora do Observatório dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais  (GESTA-UFMG)

Diocese de Leopoldina emite comunicado sobre ameaça a religioso que defende pequenos agricultores em Muriaé

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Na última segunda-feira (20/02) publiquei uma postagem sobre ameaças de morte que foram cometidas no Distrito de Belisário que é parte do município de Muriaé (Aqui!). Pois bem, no dia de hoje  Dom José Eudes Campos do Nascimento , Bispo da Diocese de Leopoldina, e o Chanceler do Bispado, Pedro Lopes  Lima, assinaram uma nota sobre esse atentado contra o Frei Gilberto, a qual segue logo abaixo.

Considero esse posicionamento público da Diocese de Leopoldina muito importante, pois as ameaças se dão num contexto de fortes tensões que marcam a tentativa de impor a mineração de bauxita sobre unidades de conservação e pequenas propriedades familiares que hoje tornam o Distrito de Belisário em um espaço singular de preservação da Mata Atlântica e de importantes serviços ambientais, a começar pela manutenção da capacidade hídrica em toda aquela região.

Ao Frei Gilberto toda a solidariedade e à Diocese de Leopoldina o aplauso por essa medida tão cristinalina de proteger um dos seus.  

Abaixo um vídeo onde Frei Gilberto dá explicações sobre a luta que a comunidade Belisário vem realizando contra a destruição do seu modo de vida, o que fatalmente ocorrerá com a realização de atividades de mineração de bauxita naquele santuário ecológico.

ATENTADO A FREI GILBERTO

Publicado por 
Autor:Pedro Lopes

No último dia 19 de fevereiro, domingo, o nosso querido Frei Gilberto Teixeira, Administrador Paroquial da Paróquia de Santo Antônio, em Belisário, distrito de Muriaé, sofreu um atentado por ameaça de morte, com a exibição de arma de fogo. Foi abordado quando, encerrada a missa dominical com sua comunidade, entrou, sozinho, na casa paroquial. O bandido fez questão de lhe informar que o acompanha em todos os seus atos e movimentos, nos últimos tempos. Impôs-lhe que se calasse em todos os pronunciamentos sobre os direitos dos seus paroquianos, para não ser morto. E que era o último aviso.

Frei Gilberto, em sua função missionária, como deve ser, vem prestando  assistência e apoio aos pequenos agricultores de sua comunidade, na luta contra a espoliação de suas terras e a degradação das áreas de lavouras familiares. Em nosso País, como temos assistido com muita dor, os ditos “grandes empreendimentos” não suportam argumentação que contrarie seus planos, sabedores de que sempre sairão vitoriosos. Pelo que, ignoram qualquer bem-estar ou direito dos fracos. Se entender necessário, desprezam até mesmo a vida humana dos contraditores.  Irmã Dorothy é uma das nossas mais recentes e dolorosas memórias…

Diante deste monstruoso atentado, a Diocese de Leopoldina não pode nem vai se calar, enquanto a questão for a segurança, o direito e o bem-estar de nosso Clero e das nossas comunidades. Frei Gilberto fazia o que toda a nossa Diocese faz e fará sempre. Temos compromisso com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua milenar opção pelos mais sem-voz e sem-vez e, nestes últimos tempos, acompanhando o Santo Padre, o Papa Francisco, no “Cuidado com a Casa Comum”, na recomendável leitura de sua Carta “Laudato SÌ”. A vida de nosso povo e o meio-ambiente saudável não são questão secundária para a nossa Igreja. “Que todos tenham vida e a tenham em abundância” – como o Senhor Jesus proclamou.

Tornamos público que todas as medidas necessárias à segurança pessoal de Frei Gilberto estão sendo tomadas e que as autoridades foram devidamente acionadas para que se investigue e que o autor, e o mandante se for o caso, sejam criminalmente responsabilizados.

Assim, esperamos que o mandante retire suas sentenças e que as autoridades constituídas venham em socorro imediato daquelas comunidades, para que se assegurem os sagrados direitos às suas pequenas propriedades, à proteção aos saudáveis e ricos mananciais de água potável de extraordinária qualidade que ali nascem. E, por fim, que os serviços de evangelização e expressões religiosas não venham  jamais  ser amordaçados. E que nunca o valor econômico-financeiro se sobreponha ao sagrado valor da vida humana!

 Leopoldina,23 de fevereiro de 2017

Dom José Eudes Campos do Nascimento  – Bispo Diocesano

Pedro Lopes  Lima – Chanceler  do Bispado

Porto do Açu: do sonho da “Roterdã dos trópicos” à realidade das gambiarras

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Depois que eu posto materiais mostrando que a situação no Porto do Açu não é o mar de rosas que tanto se apregoa, há leitor que se irrita e até máquinas robôs que enviam material homofóbico para a caixa postal deste blog. Mas agora o que serão que dirão os apoiadores do empreendimento que um dia Eike Batista rotulou ambiciosamente de “Roterdã dos trópicos” frente à denúncias de que imperam as gambiarras no seu funcionamento?

Que eu suspeitava desse repetino giro para a bauxita, isto já faz algum tempo. Aliás, me lembro da natureza improvisada dessa nova opção de âncora comercial para o Porto do Açu quando deparo cotidianamente com os caminhões cheios de bauxita pelas ruas de Campos dos Goytacazes. 

Mas agora com essa denúncia e o silêncio da Prumo Logística, vejo que o problema é mais sério do que eu imaginava. Aí eu fico me perguntando sobre andam o Ibama, o Inea e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a quem cabe observar o cumprimento das normas que regulam as operações sendo realizadas nos portos brasileiros.

Finalmente, eu faço a simples e singela pergunta: o que mais anda funcionando na base da gambiarra no Porto do Açu?

Denúncia aponta que Prumo opera porto sem estrutura

carência. Segundo denúncia, porto faz "gambiarra" para realizar operação de embarque (Divulgação)

carência. Segundo denúncia, porto faz “gambiarra” para realizar operação de embarque (Divulgação)

Telmo Filho

Denúncia feita ao jornal O Diário nesta segunda-feira (5/10) informava que o terminal do Complexo Logístico e Industrial do Açu, no município de São João da Barra (SJB), não dispõe de área operacional e equipamentos adequados para o embarque e desembarque de minério. Segundo denúncia, a Prumo Logística, atual proprietária do terminal, teria montado uma “gambiarra” para fazer o embarque e desembarque de um carregamento de bauxita. Conforme fotos encaminhadas para o jornal, um caminhão trator descarrega no pátio, a céu aberto, o minério, que começou a chegar no mês de julho deste ano. Em nota, a Prumo informou que não iria se manifestar sobre a denúncia.

Segundo informações, o descarregamento é feito no pátio, em seguida é realizado o transporte da bauxita com uma carregadeira para uma prancha e, por final, levada para o navio. “O Porto do Açu não possui qualquer estrutura para embarque e desembarque de granéis. Não existe guindaste, empilhadeira de pátio e nem balanças rodoviárias. E a Prumo havia afirmado que o complexo tem capacidade para movimentar, por ano, quatro milhões de toneladas de granéis”, revelou o denunciante.

Fontes seguras revelam que, para a Prumo Logística operar com embarque e desembarque de granéis no terminal, seria necessário comprar equipamentos cujos valores ultrapassariam da casa de R$ 1 bilhão. “Só o guindaste custa hoje perto de US$ 400 milhões. O dinheiro que a Prumo gastou com festas para políticos locais deveria ter sido utilizado pra comprar guindaste, empilhadeira e balança rodoviária que está faltando para a operação”, pontuou o denunciante, também questionando: onde foram parar os R$ 10 milhões doados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

FONTE: http://diarionf.com/denuncia-aponta-que-prumo-opera-porto-sem-estrutura

Bauxita no Porto do Açu: âncora econômica ou apenas outra fonte de violações de direitos dos trabalhadores?

Venho observando nas últimas semanas uma abrupta presença de caminhões pesados nas principais vias de circulação de Campos dos Goytacazes, e rapidamente os liguei à chegada do minério de bauxita para ser escoado a partir do Porto do Açu.  A recente finalização do primeiro embarque de bauxita sinaliza que a presença desses caminhões que atrapalham um trânsito já desorganizado vai ser mais longo do que um observador inocente possa imaginar.

Agora, o que ainda não havia me perguntando era sobre qual é a infraestrutura que os motoristas desses caminhões estão tendo enquanto esperam para descarregar a carga que os mesmos transportam desde a cidade de Mirai (MG), que fica a quase 250 km do Porto do Açu. 

Bom, essa pergunta agora recebeu uma resposta parcial a partir de um e-mail enviada para o endereço eletrônico deste blog onde são dadas informações que, se confirmadas, beiram a condição do trabalho degradante. Entre o que foi apontada está a falta de estruturas sanitárias e de alimentação para os motoristas que ficam por longos períodos de tempo esperando para desembarcar a bauxita. E como estamos chegando ao período das altas temperaturas aqui na região, imagino que a combinação dessas ausências vá tornar as coisas ainda mais complicadas para os motoristas.

Ai é que eu pergunto: é isso que se chama de desenvolvimento? E, de quebra, aproveito para constatar que uma visita de fiscais da Delegacia Regional do Trabalho talvez seja necessária para que saibamos melhor o que está, de fato, acontecendo.

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A bauxita no Porto do Açu: solução ou apenas elemento de propaganda?

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A mídia corporativa local e parte da blogosfera estão dando conta que está sendo realizado o primeiro embarque de bauxita no Porto do Açu. Pelo que dizem o navio Turquoise Ocean sairá do Terminal 2 com uma carga de 30.000 toneladas em direção à China.

Pois bem, uma coisa que me deixou curioso é sobre quanto isso representa em valor. Ao consultar o sítio do Instituto Brasileiro de Mineração (Aqui!) e o blog do professor Roberto Moraes (Aqui!), encontrei valores médios variando entre US$ 42 e US$ 43,75 pela tonelada.  Dai que se chega a um valor aproximado de US$ 1,29 milhão para essa primeira carga.

E ai é que eu pergunto: qual é mesmo a razão para tanta celebração? A minha conclusão é que só pode ser mesmo falta de notícia boa, já que os retornos econômicos, descontados os custos de produção, devem estar sendo magros. 

Cor avermelhada da água do Rio Muriáe em Itaperuna pode significar novo derramamento de bauxita

Um leitor do blog que mora em Itaperuna enviou diversas imagens mostrando um tom avermelhado nas águas do Rio Muriaé no trecho que corta o centro da cidade.  Esta situação pode significar que um novo derramamento de lama de bauxita semelhante ao que despejou 2 bilhões de litros de lama de bauxita no Rio Pomba em 2007 pode ter ocorrido. Por vias das dúvidas já foram realizadas coletas de amostras dessa água que deverá ser analisada pelo Laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Por via das dúvidas, fica a indicação de que tanto a empresa Águas do Paraíba e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) comecem a monitorar as águas que estão chegando no Rio Paraíba do Sul através do Rio Muriaé.

A imagem abaixo não deixa dúvidas que algo anormal pode estar ocorrendo, pois nas margens há mesma uma coloração avermelhada que é atípica, mesmo em períodos mais chuvosos.

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