Em novo baile de cobertura, The Guardian aborda custos políticos da iminente posse de Nelson Nahim

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Em mais um episódio em que a mídia internacional dá o tratamento mais correto e equilibrado a uma questão que a sua contrapartida brasileira optou pela produção de “fake news“, o jornal britânico “The Guardian” publicou um artigo assinado por seu correspondente brasileiro, Dom Philips, onde o caso do agora deputado federal Nelson Nahim é colocado num ângulo mais sóbrio e jornalisticamente mais apurado [1].

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O artigo de Dom Philips é notável na medida em que o foco da análise não é o fato de Nelson Nahim ser irmão do ex-governador Anthony Garotinho, mas sim no fato de que um condenado por exploração sexual de menores ter ainda a possibilidade de ocupar um cargo no parlamento brasileiro, algo que é impensável em democracias mais consolidadas do que a brasileira.

A matéria foca ainda no fato de Nelson Nahim ser do mesmo partido do presidente “de facto” Michel Temer, algo que é citado como um elemento adicional no já alto descrédito com que o congresso nacional é visto pela população brasileira.

Como apontei antes em postagem na manhã desta 6a. feira, o que menos importa no imbróglio que envolve a ocupação do cargo de deputado federal por Nelson Nahim é o fato dele ser irmão de Anthony Garotinho, mas sim as relações políticas que ele mantém com o PMDB. Felizmente, ao contrário da mídia corporativa brasileira, Dom Philips e o “The Guardian” colocaram as coisas no devido lugar, o que resulta numa cobertura mais correta do fato.

Em tempo, a relação de parentesco entre Nelson Nahim e Anthony Garotinho é citado, bem como o fato deles estarem rompidos, um detalhe que foi fragorosamente ignorado pela cobertura dada ao caso pela mídia corporativa brasileira. 


[1] https://www.theguardian.com/world/2018/jan/05/brazil-political-scandal-nelsonnahim-sexual-exploitation

Encontro de Eduardo Paes e Pedro Paulo em vinícola nos EUA mostra a seletividade da crise

O jornal “EXTRA” publicou na tarde deste sábado uma matéria mostrando uma reunião regada a vinhos selecionados entre o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e seu afilhado político, o deputado federal Pedro Paulo (PMDB), num estabelecimento localizado no estado estadunidense de Maryland [1].

eduardo paes pedro paulo

Em primeiro lugar há que se dizer que não há de ilegal em dois amigos se encontrando para sorver garrafas de vinho em qualquer do mundo que eles escolham fazer.  Olhando a carta de vinhos do Sugarloaf Mountain Vineyard (em português, vejam que coincidência, Vinícola da Montanha do Pão de Açúcar!) mostra que os preços lá são até bastante razoáveis em comparação a estabelecimentos similares no Brasil, com taças girando numa faixa de R$ 24,00 até próximo de R$ 40,00 [2]. E para quem já gastou para chegar na distante Dickerson, estes preços são até baratos.

O problema é que enquanto esses dois amigos usufruem das gosturas etílicas na costa leste dos EUA,  a população da cidade e do estado Rio de Janeiro estão passando por graves dificuldades em função das políticas que o partido deles aplicou com sofreguidão ao longo da última década.

Por isso, é que quando personagens como o (des) governador Pezão e seu (des)secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, têm a pachorra de vir a público para falar de sacrifícios ainda maiores para a população e para os servidores estaduais, é preciso lembrar que a crise que eles ajudaram a criar é seletiva, mas muito seletiva mesma.

Finalmente, apenas como sou geógrafo,  quero lembrar que Dickerson, cidade onde está localizada a Sugarloaf Moutain Vineyard, fica distante 64 km da capital dos EUA, Washigton, onde reside atualmente o ex-prefeito Eduardo Paes. Já a distância em relação a Wilmington, localizada no paraíso fiscal de Delaware, é de 216 km.  Para quem não sabe, é em Wilmington que muitos negócios foram realizados, inclusive a catastrófica operação Delaware que faliu o RioPrevidência.


[1] https://extra.globo.com/famosos/investigados-por-corrupcao-eduardo-paes-pedro-paulo-sao-clicados-em-vinicola-nos-eua-22029750.html

[2] https://www.smvwinery.com/enjoy-sugarloaf-mountain-wines/

 

Uma imagem que mostra bem quem nos (des) governa

Recebi a imagem abaixo que mostra em que tipo de problemas estão metidos aqueles que foram ontem apoiar o ainda presidente “de facto”  Michel Temer em seu pronunciamento contra seu indiciador e seu indiciamento por crimes de corrupção pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot.

folha comentada

A amplitude dos problemas a que cada um dos sleecionados na imagem revela muito bem o tipo de elite política que o Brasil possui no seu comando neste momento.   É que tendo derrubado uma presidente eleita sob a alegação de “pedaladas fiscais”, o que se vê quando o grupo é olhado de mais perto vai muito além de impropriedades na gestão de recursos públicos, muito além.

Mas não podemos ignorar que Michel Temer não chegou ao poder por obra de Deus como ele sugeriu, mas de uma complexa política de colaboração de classes, liderada pelo ex-presidente Lula e o PT.  Assim, não há como deixar de observar que qualquer ilusão de que num futuro governo Lula esta visão de aliança será abandonada é fútil. Mesmo porque até hoje não se viu uma reflexão crítica acerca das opções que foram feitas e que nos levaram à condição desastrosa em que nos encontramos neste momento.

Mais importante de que sonhar com a volta de um passado que não foi assim tão glorioso é construir estruturas organizativas que nos permitam ir além do que temos mostrado na patética imagem de Temer e os que ainda conseguem se mostrar em público ao seu lado.

A inação frente a esta tarefa urgente coloca o risco de vermos em 2018 outra eleição em que as políticas contra a classe trabalhadora e os mais pobres serão ungidas nas urnas, pois quando não há alternativa viável, o que se vê é a permanência do que existe.  Mesmo que isto seja representado pelo PMDB e seus aliados.

Operação “Carne Fraca” expõe os intestinos do comércio da carne no Brasil

Em 2008 realizei um trabalho de campo  onde percorri mais de 8.000 Km nos estados de Goiás e Mato Grosso onde visitei várias plantas de abate de gado bovino, bem como curtumes e até uma fábrica de “Dog Toys”. Com essa  experiência vi como operavam empresas como JBS, Marfrig, Minerva, Bertin, Margen, e outras menos conhecidas.  E o cenário não era nada animador, pois ficou claro que havia uma ligação entre a expansão da pecuária, o avanço da indústria da carne e o processo de desmatamento, principalmente na região conhecido como “Arco do Desmatamento” . Talvez por isso é que principalmente nas plantas do Grupo JBS a entrada da nossa equipe de pesquisa foi permitida apenas em Goiania, tendo sido proibidos de realizar coleta de dados em todas as demais plantas, distribuídas nos estados de Goiás, Mato Grosso e Rondônia.

Desde então, graças em parte aos generosos financiamentos do BNDES durante os governos do presidente Lula, o setor da carne alcançou no Brasil um nível de aglomeração que fez desaparecer várias marcas menores, as quais caíram nas mãos principalmente dos grupos  JBS e Marfrig. A JBS inclusive tornou-se a maior empresa de processamento de carne do planeta, comprando empresas na Argentina, EUA e Austrália.

Eis que agora, a Polícia Federal veio a público para anunciar a descoberta de um amplo esquema envolvendo funcionários públicos e grandes frigoríficos envolvidos na comercialização de produtos adulterados, ou em português claro, carne podre (ver figura explicativa do esquema abaixo).

carne 1

Ao longo desses anos, tivemos que assitir ao ator Tony Ramos atuando como menino propaganda da JBS cuja carne era apresentada como sendo produzida sendo os melhores padrões mundiais (Aqui!). Interessante notar que Tony Ramos já até se manifestou sobre a “Operação Carne Fraca” que foi desencadeada pela Polícia Federal no Paraná para apurar a venda de carne estragada e turbinada com produto potencialmente cancerígena  para ser vendida como se estivesse boa (Aqui!).  Segundo suas declarações, Tony Ramos está se declarando “surpreso” com as revelações trazidas à público pela Polícia Federal (Aqui!).

Mas surpreso mesmo deve estar o dublê deputado federal e ministro da justiça do governo “de facto” de Michel Temer, o paranaense Osmar Serraglio. É que Serraglio foi flagrado numa escuta telefônica tratando de uma inspeção com o suposto chefe do esquema hoje desbaratado pela Polícia Federal,   o fiscal agropecuário e superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016 , Daniel Gonçalves Filho, apontado pela PF como sendo “o líder da organização criminosa” que relaxava a fiscalização dos frigoríficos em troca de propinas. apontado pela PF como sendo “o líder da organização criminosa” que relaxava a fiscalização dos frigoríficos em troca de propinas  (Aqui!).

E aí que a porca torce o rabo. É que a partir daí o enredo fica mais denso, já que, segundo a Polícia Federal essa esquema de corrupção era utilizada para abastercer as contas bancárias do PMDB e o PP.  Esse vínculo serve para colocar por terra toda a noção vendida de que a corrupção no Brasil é algo vinculado apenas a um partido (no caso o PT) e que se dava apenas na PETROBRAS.  Na prática o que se vê é novamente a participação de dois partidos que estão no controle do governo federal (PMDB e PP), e que já estavam nos governos de Lula e Dilma.

Ah, sim, não podemos nos esquecer também que o dublê de ministro da Fazenda e banqueiro, Henrique Meirelles, já presidiu de 2012 a 2016 o conselho de administração da J&F, holding de empresas que controla o frigorífico JBS, maior processador de carnes do mundo (Aqui!). Como a Polícia Federal alega que o esquema é antiga, como fica a situação de Henrique Meirelles? Vai ser convidado a depor sobre as atividades do JBS?

Por outro lado, me desculpem os que veem algum tipo de  atentado contra os interesses nacionais ao se apurar a corrupção no setor da carne no Brasil. É que grupos como a JBS e RBF possuem negócios em escala global, e não porque aparecer com elementos nacionalistas para impedir que se prenda quem estava vendendo carne estragada para aumentar ainda mais suas fantásticas taxas de lucro.

 

O neoliberalismo mostra a sua cara no Espírito Santo

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A mídia corporativa está dando uma boa quantidade de minutos aos caos instalado na região metropolitana de Vitória após a declaração de uma espécie de “greve branca” pelos policiais militares capixabas. Entretanto, pouco tem se falado sobre as causas essenciais dos problemas sociais, econômicos e ambientais que assolam o Espírito Santo que foi transformado num dos principais laboratórios das políticas neoliberais no Brasil.

Como tenho frequentado bastante o Espírito Santo nos últimos anos por força da proximidade que Campos dos Goytacazes tem com as praias e áreas montanhosas do Espírito Santo, eu não me sinto surpreso com o que está acontecendo. Aliás, a surpresa é que tenha demorado tanto a explodir. 

É que no Espírito Santo têm sido concentradas algumas das piores receitas do chamado Neoliberalismo, incluindo a regressão da legislação ambiental, a precarização dos serviços públicos, e a ampliação do controle privado do aparelho de Estado.  Não è a toa que o atual governador, Paulo Hartung (PMDB), tem como vice-governador um membro do PSDB, César Colnago. Em outras palavras, a dobradinha que foi criada após a assunção do presidente “de facto” Michel Temer no governo federal, já andava bem obrigado no Espírito Santo. 

Mas toda a atual comoção sobre o Espírito Santo não pode esconder que as políticas neoliberais ali implantadas nas últimas décadas têm criado fortes bolsões de violência, dando aos moradores de Vitória a “honraria” de pagar bastante caro (alguns dizem que o preço mais alto do Brasil) para segurar seus carros. 

Além disso, como não esquecer do processo de desertificação verde que foi imposto a partir da expansão da monocultura de eucalipto para servir aos interesses da Aracruz Celulose (hoje Fibria), e que avançou sobre terras indígenas e territórios quilombolas sem o menor constrangimento? E não pode se deixar de mencionar ainda o “pó preto” que a Siderúrgica de Tubarão joga todos os dias sobre a população de Vitória. Tudo em nome da minimização das salvaguardas ambientais em nome do aumento das taxas de lucro da multinacional Arcellor Mittal.

E como não esquecer do inesquecível senador Magno Malta (PR) cuja base política são os setores evangélicos/protestantes que lhe tem assegurado votações sólidas, a despeito de sua constante migração por uma verdadeira constelação de siglas partidárias. Parte da despolitização e da fragilização das organizações populares resultam diretamente da agenda ultraconservadora que Magno Malta difunde no seu eleitorado, o qual ironicamente vive majoritariamente nas regiões mais pobres das cidades capixabas.

Assim, que ninguém se deixe enganar pela cobertura parcial da mídia corporativa que basicamente ignora as raízes neoliberais do caos instalado no território capixaba. O fato que o que está acontecendo no Espírito Santo é uma espécie de antessala do que poderá acontecer no resto do Brasil, caso as reformas ultraneoliberais do governo Temer saiam vitoriosas no congresso nacional.  A ver!

O Rio de Janeiro, sua agonia financeira e os elementos principais do enredo da farra fiscal: improbidade, falta de transparência e descontrole de gastos

Eu raramente teço elogios à cobertura dada pela mídia corporativa à crise financeira em que o estado do Rio de Janeiro está engolfado, mas hoje vou abrir uma exceção para o jornal O DIA.

É quem comprou a edição desta sexta-feira (28/10) já deve ter verificado que na página 8 foram colocadas informações que desvelam quase todos os elementos que compõe o enredo da tragédia financeira que o Rio de Janeiro nesse momento, e que têm no seu centro a farra fiscal em que o (des) governo comandado pelo PMDB vem praticando há mais de uma década.

Para aqueles leitores deste blog que não compraram a edição de hoje do jornal  O DIA posto abaixo o conteúdo da referida da página 8 para que todos possam entender como é que, a partir da denúncia oferecida pelo Ministério Público e aceita pela 3a. Vara de Fazenda Pública, podemos agora ver esses elementos sendo explicados de forma didática.

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Após ler o conteúdo desta matéria, um cidadão comum poderá se perguntar, de forma legítima eu sublinho, como é que se permitiu que essa situação chegasse ao ponto que chegamos. Por que ninguém, seja no legislativo ou no judiciário, agiu antes para coibir essas práticas todas?

Mas eu diria que essa parsimônia em se exercer a fiscalização das práticas do (des) governo estadual está enraízada no fato de que em não havendo a devida transparência, ninguém se preocupou em exigir que a mesma fosse praticada. Como esse fenômeno foi alimentado pode ser objeto de muitos trabalhos acadêmicos, mas a minha hipótese é de que as corporações que eram obrigadas a fiscalizar foram acomodadas a partir das mesmas concessões generosas de dispêndios que a matéria aponta terem ocorrido, por exemplo, na Secretaria de Direitos Humanos que se encontrava até recentemente sob o comando do ex-presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Paulo Melo. 

A questão é que pelo menos a partir de agora eventuais apoios às medidas de arrocho que serão apresentadas pelo (des) governo Pezão/Dornelles terão um custo político maior, já que está mais do que demonstrado que não vai ser cortando salários e aposentadorias que se vai tirar o Rio de Janeiro do precipício em que o (des) governo do PMDB nos colocou.

Finalmente, é preciso reconhecer outro mérito da cobertura do jornal O DIA: colocar a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIERJ) na ribalta. É que apesar da FIERJ ser uma das formuladoras ideológicas da farra fiscal, e obviamente uma das grandes beneficiárias, até hoje ninguém tinha se lembrado de sequer mencionar a relação privilegiada que a entidade mantém com o (des) governo do PMDB.  E a minha impressão é que o MP cavocar mais nesse barranco vai encontrar muita minhoca.

O Rio de Janeiro como laboratório principal do Neoliberalismo de rapina

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Uma análise minimamente séria sobre a crise que abala o estado do Rio de Janeiro mostrará que o seu aspecto financeiro é apenas uma fachada para esconder um projeto político. Esse projeto político visa passar o patrimônio público para mãos privadas sem que seja feita qualquer consulta à população sobre a aderência a esse projeto de privatização do estado comandado pelo PMDB.

Mas algumas coisas são peculiares nesse modelo que eu considero um aprofundamento da agenda neoliberal, a começar pelo fato de que a transferência de enormes quantidades de riqueza acaba beneficiando quem está exercendo o poder. Os exemplos para isso não faltam, mas a política de generosidades fiscais é certamente uma prova de que a auto concessão de benesses está sendo feita sem sequer se esconder que quem concede é também o que recebe. Aí entram as cervejarias, as montadoras de carro, os restaurantes favoritos, a fabricante de jóias caras.

Outro aspecto desse modelo é a precarização dos serviços públicos como uma espécie de preparo para a entregue do que está sendo precarizado a grupos privados. A área da saúde é provavelmente a melhor expressão dessa precarização que beneficia aqueles que chegam para supostamente melhorar a qualidade do serviço que foi precarizado. Os vultosos valores concedidos às chamadas Organizações Sociais (OSs) estão em profundo contraste com a situação de penúria das unidades públicas de saúde.  

Poderia ir de exemplo em exemplo para comprovar a tese de que toda essa crise é parte de uma estratégia deliberada de aplicar uma agenda neoliberal de rapina, pois sequer há a preocupação de se preparar a regulação (ou sequer uma fachada disso) para passar o que é público para o privado. Apenas vai se transferindo, e ponto final.

Por essa razão é que temos de parar com respostas de varejo para um projeto que pretende modelar o saque ao Estado brasileiro que está sendo gestado pelo governo do presidente “de facto” Michel Temer e seu ministro-banqueiro Henrique Meirelles.  O principal erro que poderia ser cometido neste momento é, em minha opinião, pensar que a crise do Rio de Janeiro é simplesmente fruto da ação de um grupo de cleptocratas que se refastelam impunemente enquanto a maioria apenas assiste passivamente o ataque a tudo que é público. Ainda que existam elementos que confirmem essa face da moeda, eu diria que do outro lado há um projeto maior que é o de propiciar uma recolonização completa do Brasil, tendo o Rio de Janeiro como seu principal laboratório. E o caminho para isso é a precarização seguida de privatização que está ocorrendo a passos largos no Rio de Janeiro.

Desta forma, a reação a esse experimento tem que começar aqui e agora. Do contrário, teremos que conviver por muito tempo com as repercussões deste experimento que somente aprofundará as graves distorções sociais e econômicas que historicamente tornam o Brasil, e o Rio de Janeiro por extensão, uma das sociedades mais injustas e desiguais do planeta.

Eleições 2016: Uma grande derrota, dois casos significativos e algumas hipóteses

O voto que se desloca do petismo, vai em grande parte para a desilusão

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Por Mauro Iasi*

Não há nenhuma dúvida que o resultado das eleições municipais apontam para uma grande derrota das forças progressistas e de esquerda, portanto, uma vitória para as posições conservadoras. No entanto, o que podemos extrair pela análise, ainda preliminar, dos resultados deve ir além desta constatação.

Quando olhamos de perto dois casos significativos, o de São Paulo e do Rio de Janeiro, ao lado de alguns indicativos nacionais, podemos arriscar algumas hipóteses para entender o tempo presente e as perspectivas que se abrem.

A derrota vista mais de perto

Os dados parecem demonstrar que o PT é o maior derrotado nestas eleições, sem dúvida pela intensa campanha de ataques jurídicos, midiáticos e políticos que culminaram no afastamento da presidente e continuaram depois disso. Não apenas caiu em número de cidades na qual elegeu prefeitos, caindo de 630 em 2012 para 265 em 2016 (uma queda de 59,4%), mas perdeu em locais significativos, como é o caso da capital paulista e na região metropolitana de São Paulo (Guarulhos, ABCD, Santos, etc.), teve desempenho abaixo do esperado no nordeste, foi derrotado em Porto Alegre e no interior gaúcho. Elegeu no primeiro turno apenas em uma capital (Rio Branco, no Acre) e foi para o segundo turno no Recife. Se considerarmos seu principal escudeiro, o PCdoB, apenas agregamos o segundo turno em Aracajú e, no conjunto, o crescimento de 51 para 80 cidades que governará, sabe-se lá com que alianças e com qual personagem.

Com estes resultados, num quadro geral que parece não será alterado significativamente com as disputas ainda em aberto no segundo turno, o PT caí do terceiro para o décimo lugar quanto ao número de prefeituras. Considerando o número de votos recebidos pelo PT constatamos uma queda de 60%, passando de 17,2 milhões para 6,8 milhões.

Mas, quem ganhou? É bom lembrar que o PT já em 2012 estava apenas em terceiro lugar em número de cidades governadas. O PMDB que era o primeiro neste quesito, manteve a posição, no entanto, com um crescimento relativamente pequeno, passando de 1015 para 1027 cidades, amargando derrotas importantes em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

A mídia monopolista isola este critério para transformar o PSDB no grande vencedor. Ainda que tenha crescido de 686 para 791 (crescimento de 15,3%), vencido em capitais importantes e estar disputando o segundo turno no maior número de cidades, permanece em segundo lugar atrás do PMDB, posição em que já estava em 2012.

O que marcou este primeiro turno foi a pulverização, tanto à esquerda como à direita – por motivos opostos. Se na esquerda ela marca a defensiva da derrota, à direita a fragmentação é resultado da confiança que permite disputar entre si os despojos da derrota do petismo. Estas eleições têm grande importância no posicionamento das forças políticas para as eleições presidenciais. A pulverização de siglas neste multipartidarismo carente de conteúdo divide o botim entre coisas como o PSD de Kassab, PRB do Bispo Crivella e uma miríade de legendas como PSC, PHS, PTN e outras, preparando o mercado político dos apoios aos projetos e ambições visando as eleições nacionais que virão.

Disso resulta uma primeira constatação: considerando as duas principais legendas golpistas (PMDB e PSDB), podemos considerar que seu crescimento foi menor que a queda do PT. Em números absolutos, os dois levaram 117 prefeituras a mais do que em 2012 e o PT perdeu 374. Ainda que tenham migrado na maior parte para forças comprometidas com a interrupção do mandato da presidente eleita, podemos afirmar que a aventura oportunista rendeu menos do que esperavam as grandes legendas do conservadorismo. O desempenho pífio da REDE de Marina Silva e a queda do PSB comprovam nossa hipótese. Os balões de ensaio não decolaram. A tradicional expressão da direita não dá conta da tarefa, mas é ela que ocupa o espaço. Esta não é uma boa notícia para a direita.

Um dos efeitos deste fato é o crescimento da extrema direita. No Rio, a candidatura do filhote do Bolsonaro teve votação expressiva e elegeu com folga o outro filho para a câmara municipal. Ainda não é, entretanto, uma alternativa nacional para os propósitos das classes dominantes brasileiras.

Mas para onde foi o descontentamento produzido tão paciente e profissionalmente? Os índices de abstenções, votos brancos e nulos podem ser uma pista interessante. A soma dos votos brancos, nulos e abstenções ganhou as eleições em nove capitais e a oscilação que eleva para 17,58% o percentual de abstenções (em 2012 havia sido algo entorno de 12%), mascara que em algumas cidades este número ultrapassou a marca dos 30%.

Em São Paulo, por exemplo, as abstenções somaram 21,84%, os nulos 11,35% e os brancos 5,29%, ultrapassando em números absolutos os votos recebidos por João Doria. Este foi vitorioso com algo próximo de um terço dos votos considerando o universo total e não apenas os válidos, o que lhe garantiu a vitória no primeiro turno com o percentual de 53%.

No Rio, as abstenções chegaram à marca de 24,28% dos votos, os brancos foram 5,5% e os nulos 12,76%. Caso consideremos o universo dos eleitores da cidade do Rio de Janeiro, isto significa que, em conjunto, o volume de votos não dados aos candidatos chega à marca de 1.877.000, o que representa 38,32% em relação aos 4.898.045 eleitores da cidade. Desta forma, em números absolutos, os votos brancos, nulos e abstenções somados representam um volume maior que os votos de Crivella e Freixo juntos (1.377.625 votos, contra 1.877.000).

Não podemos afirmar com segurança o conteúdo destes “não votos”, que vão desde a impossibilidade de estar na cidade em que ocorre o pleito, o erro na hora da digitação, até o protesto. Mas, podemos apresentar como nossa segunda constatação que o principal efeito das manobras golpistas foi o crescimento do desencanto com as formas da democracia representativa no Brasil. Dito em outras palavras, o voto que se desloca do petismo, vai em grande parte para a desilusão.

São Paulo e Rio de Janeiro como dois casos exemplares

Mesmo com as considerações feitas, a vitória do PSDB em primeiro turno na capital paulista é um fato politicamente devastador para o PT. O fato de Haddad ter ficado em segundo lugar, ameniza mas não evita a profundidade da derrota. São Paulo já conheceu esta alternância antes, entre governantes ligados diretamente ao PSDB e ao PT, isso não seria de se estranhar nestas condições. O que chama a atenção é o volume da derrota (a diferença entre o candidato tucano e o petista foi de mais de 2,1 milhões de votos), considerando quem é João Doria e o que foi a administração petista, isso é surpreendente.

Dois mitos se dissolvem em poeira nas eleições em São Paulo. De um lado a crença que os “feitos” administrativos pesam muito na hora da definição do voto, como se a “obra” de um prefeito falasse mais do que ele próprio em uma disputa eleitoral (no Rio, também, Eduardo Paes sofreu desta síndrome). Haddad fez uma boa administração, ainda que como tudo que marcou o ciclo petista tenha sido desastrosa do ponto de vista político, mas isso pesou pouco. O candidato de proveta fabricado nos laboratórios Alckmin (ou seria ACME dos famosos personagens Looney Tunes), que gosta de dizer que começou do zero e trabalhou muito para chegar onde chegou, pode com tom farsesco fazer com que uma pilheria ganhasse das realizações em políticas públicas e na gestão “moderna” da cidade.

Alguns podem agora culpar a falta de divulgação ou a qualidade da comunicação realizada pela prefeitura (tenho certeza que o custo monetário foi bem alto pelos serviços prestados) ou a conhecida injustiça com a qual o povo trata aqueles que o amam. Ainda que tenha seu peso, não creio que seja aí que encontraremos a raiz da questão. Não basta realizações de uma gestão, ou sua correta divulgação, se não houver forças sociais que a defendam. A pergunta é, então, o que corroeu as bases sociais de sustentação política do governo petista em São Paulo.

A falta de autocrítica do petismo governista é um assombro. Diante de uma gestão, diríamos nós, decente, como explicar que as próprias bases sociais tenham preferido o Richie Rich (Riquinho)?

O fato é que segmentos sociais e indivíduos “compraram” a imagem de um “empresário de sucesso”, um “gestor privado da coisa pública”, um “não político”, enquanto os supostamente beneficiados pela gestão decente, não se dispuseram a defende-la, fora, evidentemente, do circulo da “militância” que o fez por dever de ofício ou vínculo empregatício. A nosso ver, isso está diretamente relacionado ao esvaziamento político da gestão. A gestão é do Haddad, as conquistas são de sua personalidade ou mérito do modo petista de governar. Lutas sociais e lutadores são eclipsados, quando não combatidos por atrapalhar a genialidade dos operadores políticos. Reduzida a uma questão de personalidade e capacidade política ou de gestão da cidade, a população expropriada de sua dimensão política, responde despolitizadamente.

Isso remete ao segundo mito que agora desmorona: a crença do petismo que no momento decisivo as bases sociais correm em seu apoio e a esquerda, na falta de outra alternativa para fazer frente à direita, salva o petismo de suas derrotas. Os dois fatos se interligam. Nem as “bases sociais” compareceram, nem a esquerda se moveu nesta direção. Não falo apenas da decisão das direções que poderiam estar certas ou erradas de acordo com o juízo que se faça, mas do movimento objetivo daqueles que não votaram em Haddad. E o motivo dos dois movimentos é o mesmo.

O petismo no governo, da mesma forma que nacionalmente, optou por uma governabilidade pelo alto e muitas vezes contra sua base social e sua identidade de esquerda. Paciente e cotidianamente destruiu as bases identitárias com que agora precisava contar. Haddad empenhava-se em conseguir acordos com os empresários do transporte, afirmando a necessidade de aumentar as tarifas, no momento em que a juventude explodia as ruas naquilo que levaria a junho de 2013. Abraçou Alckmin e recorreu ao governo federal contra as mobilizações, enfiando a cabeça na areia e torcendo para que tudo passasse rápido. Muito daquilo que agora se apresenta como “gestão moderna da cidade”, ocorreu como tentativa tardia e, talvez, insuficiente, em dar uma resposta ao que explodiu em 2013. É louvável que pelo menos tenha tentado, coisa que o governo federal não fez.

Empenhado em cobrar que todos “naturalmente” o apoiassem para derrotar a direita em São Paulo, não se apercebeu que o PT não é mais o ponto em que a esquerda e amplos segmentos dos movimentos sociais vêem como forma de derrotar a direita, mas como uma força que se aliou a esta direita para impor uma série de derrotas profundas aos trabalhadores. O fato do PT estar aliado em quase dois mil municípios aos “golpistas” que diz combater, não ajuda muito. Haddad não procurou a esquerda porque arrogantemente acreditava que ela viria como sempre, mas empenhou-se em atrair para sua governabilidade o PMDB e seus satélites, o Chalita e outras figuras de natureza e caráter deploráveis. Como sempre. Mas, desta vez… não deu certo.

O caso do Rio de Janeiro

Neste ponto o Rio de Janeiro é um contra-exemplo que nos ajuda a compreender este complexo cenário. Enquanto em São Paulo se conclamava a união de todos em torno de Haddad, no Rio dividia-se a esquerda lançando a candidatura do PCdoB que quase consegue levar ao pesadelo de um segundo turno entre Crivella e Pedro Paulo. Este não é um aspecto menor, revela esta arrogância que descrevíamos. Jandira Feghali tentou desesperadamente construir o discurso daqueles que estando contra o governo Temer deveriam unir forças para derrotar o PMDB no Rio, como se tivessem um DNA ou o registro fundiário registrado em cartório de “vitimas do golpe”, de forma que todos estariam obrigados a cerrar fileiras com ela, porque ela poderia derrotar o PMDB no Rio.

O mito que desmorona no Rio é outro, mas tem parentesco como os dois que apontamos em São Paulo. Cai a crença de que a única maneira de enfrentar a direita é uma aliança ampla na qual os setores populares têm que se submeter a alianças com segmentos da política conservadora, inclusive com segmentos da própria direita.

O que as eleições municipais parecem demonstrar é que o PT e seus aliados receberam um voto de desconfiança além das eleições em si, mas como protagonistas da luta contra o governo Temer e o PMDB. No caso do Rio isso se explica facilmente. Ainda que considerarmos o movimento de “voto útil” que desidrata a candidatura do PCdoB e seus aliados petistas em benefício de Freixo, somente isso não pode explicar a razão pela qual não ocorreu o contrário, isto é, porque desta vez o voto útil não beneficiou os ex-governistas.

A nosso ver, a resposta é relativamente simples. Se por um lado o golpismo de certa forma incensou o PT e seus aliados, por outro lado é transparente que até pouquíssimo tempo estas forças políticas estavam aliadas na rapinagem que se presenciou no governo do Estado e na cidade do Rio de Janeiro. O PT e o PCdoB, mesmo diante do terremoto de 2013, demoraram a largar o osso das administrações estadual e municipal. O apoio à Cabral, Pezão e Paes cobraram um alto preço e destruíram qualquer possibilidade da candidata do PCdoB apresentar-se como alternativa de fato àquilo que ela participava até ontem.

Aquilo que se consolidou como caminho de resistência ao PMDB e contra a extrema direita que mostra sua força, foi uma frente de esquerda, restrita nos termos daqueles que insistem em usar este qualitativo porque gastaram o termo para fazer frentes exatamente com o PMDB e outras siglas conservadoras. No Rio vai ao segundo turno uma frente formada pelo PSOL e PCB e apoiada por muitas outras organizações de esquerda e movimentos sociais, com pouco tempo de televisão, poucos recursos, sem apoio de máquinas, sem alianças espúrias, mas que logrou mobilizar uma militância e uma energia social que o petismo desprezou, ou no mínimo relativizou, como recurso de governabilidade. Nos parece significativo.

O ensinamento que pode se tirar disso é mais importante para o futuro do que para explicar o passado. O petismo parece imune à autocrítica, com exceção de seus segmentos mais lúcidos e infelizmente minoritários. O segundo turno no Rio pode levar-nos a compreender que aquilo que pode no médio e longo prazo ser construído como alternativa real de poder não passa pela repetição dos erros da experiência que agora se encerra, mas pela redescoberta da independência de classe e capacidade de enraizamento social que possa resistir agora para depois fazer frente à ofensiva reacionária que se implantou em nosso país. A ilusão de recompor as alianças que tornaram possível o ciclo passado, por conta de qualquer deslocamento do bloco conservador, não passa disso: uma ilusão, e uma ilusão perigosa.

Isso significa que a ida ao segundo turno, a possibilidade difícil de vitória contra o fundamentalismo obscurantista, não pode levar a uma ampliação de alianças e acordos políticos que venham a diluir a identidade de esquerda de nossa alternativa. Este caminho sedutor é o caminho do pântano. O volume dos votos nulos e das abstenções é um recado que precisa ser compreendido. Os limites da democracia representativa, que já se mostravam evidente em 2013, apontam rapidamente para sua falência. Se não soubermos dirigir este descontentamento em uma direção revolucionária, pode ser o caldo de cultura necessário para alternativas reacionárias.

A resistência no Rio, neste sentido, é mais simbólica do que efetiva. Mesmo um resultado favorável no Rio, assim como a possibilidade de alguma vitória em Belém ou Recife, não serão capazes de reverter a derrota no quadro geral para as forças conservadoras. Mas não devemos menosprezar resistências simbólicas, elas podem ser o ponto entorno do qual se articulam esforços e lutas que podem, mais adiante, reverter a correlação de forças hoje tão desfavorável.

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Mauro Iasi é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB. É autor do livro O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência (Boitempo, 2002) e colabora com os livros Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil György Lukács e a emancipação humana (Boitempo, 2013), organizado por Marcos Del Roio. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.

FONTE: https://blogdaboitempo.com.br/2016/10/04/eleicoes-2016-uma-grande-derrota-dois-casos-significativos-e-algumas-hipoteses/

Vem ai o apocalipse financeiro do RJ: adivinhem quem serão as vítimas!

O jornal O DIA publicou ontem uma matéria sobre o que se configura quase que num Armagedon financeiro sobre o estado do Rio de Janeiro (Aqui!). Segundo os entrevistados pelo jornalista Wilson Aquino as causas desse clima apocalíptico são variadas, mas incluem a indisposição para se enxugar a máquina, reduzir cargos comissionados e aplicar corretamente os recursos existentes.

Para mim as causas alegadas são insuficientes para explicar o tamanho e o ritmo da evolução do déficit das contas estaduais que saltou de um superávit de R$ 190 milhões em 2013 para um déficit estimado de R$ 20 bilhões em 2016¨(ver gráfico abaixo).

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A verdade é que se não forem consideradas a farra das “generosidades fiscais” e o aumento da dívida pública estadual ficamos sem ter como entender como o Rio de Janeiro foi colocado no fundo do poço em tão pouco tempo. Basta lembrar que apenas em 2015 estima-se que foram concedidos em torno de R$ 15 bilhões em “generosidades fiscais” para todo tipo de empresa. Só não sabemos quem foram as empresas mais beneficiadas porque o (des) governo do Rio de Janeiro se recusa a prestar essas informações.

Apesar de ser incompleta no tocante á análise das causas, reconheço que a matéria de Wilson Aquino coloca luz em dois aspectos fundamentais para entendermos o que pode estar vindo por aí. A primeira é a revelação do esquema envolvendo o não pagamento de empresas terceirizadas que está deixando milhares de famílias sem fontes de sobrevivência. É que segundo declara o o deputado Milton Rangel (PSD), autor de projeto de lei que impede o governo de realizar novas contratações de terceirizados até que se pague o que é devido, está oficializada uma estratégia de endividar, deixar quebrar e depois contratar nova empresa como se não houvesse passivo a ser honrado.  Fosse um empresário que estivesse fazendo isso, com certeza já teríamos tido algum tipo de movimentação policial para conter o esquema.

Outro aspecto levantado, e que reforça o caráter de desrespeito aos trabalhadores, é a previsão de que não haverá recursos para pagar o décimo-terceiro e talvez uma ou duas folhas de pagamentos dos servidores estaduais em 2016. Se for confirmada essa previsão, a possibilidade é de que o Rio de Janeiro entre em uma situação de caos completo, já que a paralisação da máquina pública se tornará inevitável.

Aliás, a paralisação da máquina pública já é mostrada na matéria enquanto um fato da realidade por meio da suspensão de serviços essenciais e descumprimento da Constituição no tocante aos gastos com saúde e educação.

Diante desse cenário apocalíptico, resta saber como se comportarão os principais atingidos pela ação dos cavaleiros do Apocalipse que ocupam o executivo fluminense. Falo aqui da maioria pobre da população e dos servidores estaduais.Mas até que saibamos como e quando ocorrerão as respostas, continua valendo aquela máxima da Lei de Murphy que diz que “nada está tão ruim que não possa piorar”. A ver!