A reitoria da UENF não é conhecida por ser agressiva e contundente nas tratativas com os representantes do (des) governo do Rio de Janeiro, e a greve geral que sacode a instituição criada por Darcy Ribeiro é um exemplo disso. Tivesse sido a reitoria um pouco mais positiva é provável que não estivéssemos em meio a uma greve que ameaça completar três meses. Aliás, ao longo desse tempo todo, a reitoria não se deu ao trabalho de sequer convocar uma reunião extraordinária do Conselho Universitário para adotar respostas institucionais para um movimento que mobiliza todas as categorias que formam a comunidade universitária.
Mas bastou os estudantes organizados em torno do Diretório Central dos Estudantes entrarem num prédio que está sendo usado como depósito para a reitoria agir rápido para prometer respostas contundentes contra aqueles que reclamam a solução do grave problema causado pela falta de uma moradia estudantil no campus da UENF em Campos. Segundo me informou um dos estudantes que esteve reunido com a reitoria na noite de ontem (19/05), o vice-reitor Edson Correa da Silva teria informado que se os estudantes não saíssem das dependências do prédio “P-10”, a universidade entraria na justiça com um pedido de reintegração de posse. De quebra, os estudantes foram avisados que saindo ou não, os estudantes envolvidos na ocupação do “P-10” deverão ser submetidos a uma “comissão especial de sindicância” por supostos danos causados a 3 portas dentro do prédio.
Ai é que eu digo, se tanta destreza e contundência fossem usadas nas tratativas com os representantes do (des) governo do Rio de Janeiro, talvez não estivéssemos passando por uma crise tão profunda. Mas a mesma reitoria que ameaça estudantes que lutam por seus direitos é aquela que se comporta de forma para lá de conformada quando se trata de falar com o (des) governo estadual. É aquela coisa, aqui rosna como um leão, lá ronrona com um filhote de gato.
Mas pelo que eu conversei com os estudantes, a resposta a esse quadro de ameaças é de continuar lutando pela pauta estudantil. Pelo jeito, os estudantes ainda vão dar muitas aulas de política aos que hoje dirigem a UENF. Vamos ver se eles aprendem alguma coisa ou vão insistir na judicialização do processo político.
