Está tendo Copa, e daí?

Estou vendo e lendo uma reação quase de orgasmo dos apoiadores do governo Dilma Rousseff sobre o andamento da COPA FIFA. Eu que nunca vi a questão do movimento “Não vai ter copa” como algo que tivesse como objetivo final a realização do megaevento da multinacional do futebol, penso que tanta celebração é apenas um elemento a mais na degeneração ideológica do PT e seus neoapoiadores. Digo isso porque não vejo e nunca vi os atrasos nas obras como o real problema da preparação deste megaevento. Afinal, quando estive em Londres em 2012, vi o mesmo tipo de problema acontecendo.

O problema real e que será uma das muitas heranças malditas desta COPA foi a remoção de milhares de famílias pobres para regiões periféricas das cidades-sede, apenas para beneficiar os ganhos já bilionários das empreiteiras e incorporadores imobiliárias. Além disso, o o superfaturamento das obras e o custo final dos estádios contribui de forma direta para a persistência, e quiçá o aprofundamento, do imenso fosso social existente no Brasil.

Além disso, há que se lembrar que qualquer tentativa de manifestação pública para denunciar os malfeitos deste megaevento está sendo duramente reprimida por uma mistura de tropas federais, estaduais e municipais. As graves violações de direitos constitucionais, com agressões e prisões arbitrárias de manifestantes e jornalistas, são uma expressão evidente de uma disposição de negar que seja dado voz aos que mais estão perdendo com todas as intervenções que foram feitas para realizar a terraplanagem social para viabilizar que os ricos possam maximizar seus lucros com a COPA FIFA.

Ao não fazerem o devido balanço do megaevento da FIFA, os seus apoiadores jogam para debaixo do tapete todas as suas questões em nome de um ufanismo sobre a capacidade do Brasil realizar algo cuja repercussão final será banal. Enquanto isso, muitos estádios continuarão sendo a expressão acabada de uma sociedade ancorada na segregação social e, também, espacial.

Finalmente, tenho que refletir sobre os aeroportos que foram turbinados para serem entregues à iniciativa privada, como é o caso do Aeroporto Internacional do Galeão. Como passei por vários deles ao longo de 2014, penso que muitos correm o mesmo risco da “Arenal Pantanal” e da “Arena Amazônia”, que é o de virarem elefantes brancos que, cedo ou tarde, serão retornados para a administração pública, já que o empresariado brasileiro gosta mesmo é de lucro fácil e, sim, de imensos e generosos subsídios estatais.

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