A agonia das UPPs: entre o esperado e o previsível

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Faz alguns anos, quando as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), tive uma conversa com um amigo que mora na cidade do Rio de Janeiro acerca do significado da forma “inovadora” de policiamento que o (des) governador Sérgio Cabral havia inaugurado sob o som da fanfarra da mídia empresarial. Esse amigo me disse que, apesar de todos os problemas conceituais, a população das comunidades onde as UPPs haviam sido instaladas o processo.

Eu, sempre cético do olhar de quem não sente na carne a presença repressiva do Estado, respondi que minha percepção era de que esse apoio não era só superdimensionado pela mídia que apoiava tudo o que Cabral fazia, mas que teria vida curta, já que se estava colocando um “band aid” para cobrir uma pele tomada por tumores cancerígenos. Passaram-se os anos e as UPPs resistiram bravamente, com um “Amarildo” aqui e outra “Regina” ali, mas sem nada que indicasse que o modelo iria entrar em colapso.

Pois bem, do final de 2014 para cá, os sinais evidentes são de que o modelo entrou em colapso e que estamos diante de uma nova explosão de violência, onde as comunidades majoritariamente formada por pessoas negras e pobres estão na linha de fogo entre um aparato policial-militar despreparado e o narcotráfico.

Celebrar esse colapso seria celebrar a morte de crianças e mulheres como ocorreu nos últimos dias no Complexo do Alemão, onde um menino de apenas 10 anos foi morto pela Polícia Militar. Mas cabe perguntar aos “experts” da segurança pública o porquê desse colapso que deverá trazer ainda mais violência, numa espiral em que a atual crise econômica não nos permite antever uma saída que seja realmente duradoura, e ancorada numa convivência democrática que englobe todos os moradores (e não apenas os abastados) de nossas metrópoles. 

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