O professor titular de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) está tendo seus 15 minutos de glória ao declarar guerra à decisão da sua categoria em entrar em greve a partir de hoje (Aqui!). Aarão Reis, ex-militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) que participou da luta armada contra a ditadura militar, integrou a direção do grupo que decidiu o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, em troca da libertação de 15 presos políticos.
Agora, aparentemente mansado pela passagem do tempo, Aarão Reis repete os mesmos surrados argumentos de seus colegas de direita para não acatar uma decisão que ele diz não ter sido aprovada de forma democrática, mas para qual não oferece qualquer pista sobre alternativas para implementar a luta contra o desmanche em curso das universidades federais sob o tacão neoliberal da dupla Dilma Rousseff e Joaquim Levy.
Como alguém que participa de greves desde que entrei na UENF, sempre ouço os mesmos exatos reclamos sobre a necessidade novas formas de luta, sem que quaisquer pistas sejam oferecidas sobre quais seriam elas. Esse tipo de postura antidemocrática que Aarão Reis coloca e encontra eco na mídia corporativa é um verdadeiro desserviço à luta a favor do sistema universitário público. É que, além de contribuir para os esforços do Estado que destrói nossas universidades, o questionamento das decisões tiradas em assembleias, às quais esses paladinos de supostas novas táticas de luta decidiram abandonar por livre e espontânea vontade, também nos coloca num beco sem saída sobre o que poderia ser feito. É a crítica pela crítica que tanta agrada ao status quo.
Ai é que eu penso: como deve ser doce poder trair sua categoria sem ter que passar por tribunais especiais que existiam nas organizações de esquerda durante o regime militar para dar cabo de traidores. E, de quebra, como deve ser satisfatório estar livre do centralismo democrático para poder trair e nem ter que se coçar.
Ao contrário de Daniel Aarão Reis, sou totalmente solidário aos professores da UFF que estão sendo empurrados por uma greve em função de uma política deliberada de destruição de nossas universidades. Simples assim!
