A língua inglesa é tão rica quanto a portuguesa quando se trata de expressões de duplo sentido. Uma que eu goste é aquela que diz que alguma coisa “smells fishy”. A tradução não literal desta expressão é que algo parece suspeito ou desonesto, e não que cheira que nem peixe como parece.
Pois bem, não há como dizer que “smells fishy” uma ampla matéria publicada hoje pelo portal UOL sobre supostas práticas ilegais que ocorreram na chamada operação Lava Jato desde o seu nascedouro há quase 10 anos, incluindo grampos ilegais e coerção de testemunhas (Aqui!).
É que por muito menos, operações anteriores como a Satiagraha, a Castelo de Areia e a do Banestado foram literalmente jogadas na lata do lixo, com a maioria dos acusados saindo ilesa de qualquer tipo de punição legal, quiça de encarceramento (Aqui!, Aqui! e Aqui!). E nunca é demais lembrar que no caso Banestado, o juiz era o mesmo Sérgio Moro. A diferença que no banco paranaense os envolvidos eram tucanos de fina plumagem.
A ameaça que paira agora sobre todo o trabalho realizado pela chamada “força tarefa” liderada pelo juiz Sérgio Moro é não apenas de que as apurações sejam travadas, mas que os eventuais culpados pelas ilegalidades alegadas na matéria do UOL sofram o mesmo destino do delegado Protógenes Queiroz que acabou sendo demitido da Polícia Federal por causa de vazamentos que ele teria possibilitado no caso Satiagraha (Aqui!).
Agora, voltando ao aspecto “fishy” dessa matéria é do porquê a mesma ter sido lançada num momento em que há um claro refluxo no ímpeto pró-impeachment dentro do congresso nacional. Como no atual cenário político brasileiro não pode ser deixado como eventualidade, o que pode estar sendo desenhado no horizonte é uma pizza gigantesca. As próximas semanas deverão ser decisivas para elucidar essa situação. Agora, que a coisa não parece boa para o juiz Sérgio Moro, ah, isso não parecem, mesmo.

Parabéns pela análise. Quem leu o livro Operação banqueiro sabe bem do que esse judiciário é capaz.
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