O presidente em exercício da Câmara de Deputados, Waldir Maranhão (PP/MA) prometeu ao assumir o cargo que iria surpreender aos que duvidam dele (Aqui!). Eu mesmo achei que Maranhão, um aliado de primeira hora do afastado Eduardo Cunha, estava só tentando fazer firula, já que como membro do baixo clero ele é uma figura dotada de pouca capacidade de surpreender qualquer um que seja.
Mas não é que hoje Maranhão resolveu provar que estava falando ao sério e decidiu de “chofre” anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff! Essa decisão bombástica já está causando um verdadeiro terremoto político e econômico, visto que expõe de vez a natureza golpista do impeachment que foi orquestrado por Michel Temer, tucanos, demos et caterva.
Até o assessor parlamentar mais ingênuo nos corredores de Brasília sabe que essa impugnação tem pouco efeito prático no processo de impeachment em si, e Waldir Maranhão deve saber disso muito bem. Agora, o que esse ato de anular a sessão que aprovou o impeachment e convocar outra serve de fato é para revelar de vez que estamos em meio a um golpe paraguaio/hondurenho.
A verdade é que a partir da decisão de Waldir Maranhão de anular o ritual imposto na Câmara de Deputados por um presidente, que depois foi afastado “ad eternum” do cargo por uma decisão unânime do Supremo Tribunal Federal, Michel Temer ficará desprovido de qualquer pecha de legitimidade. E esse fato básico criará toda sorte de embaraço para que Temer aplique seu saco de maldades contra o povo brasileiro. E, sim, jogou uma tremenda batata quente para o colo dos 11 ministros do STF. É que para anular a decisão de Maranhão, eles terão de levar em conta o destino de Eduardo Cunha. Em suma, é o que os gringos denominam de “catch 22“, ou em bom português, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.
Por essas e outras, é que Waldir Maranhão já passou para a história política brasileira. Ele será lembrado como o deputado que golpeou o golpe, e causou a “mãe de todas as surpresas”.