
Creio que não seja preciso lembrar aos leitores deste blog que não votei no prefeito Rafael Diniz. É que já estou velho o suficiente para não me deixar levar por campanhas bem manjadas e cheias de promessas que apenas geram expectativas cujas chances de execução são claramente contraditórias com a trajetória dos candidatos que as propõem. Agora, sinceramente, eu realmente não esperava por tanta incompetência e alienação em relação à realidade objetiva da maioria da nossa população em apenas cinco meses.
Como geógrafo caminho bastante pelo município e pelas ruas da cidade, e não vi até agora nada além do que já havia. Aliás, em alguns casos, o que vejo é a mesma tendência de maltratar os espaços públicos em prol de sabe-se lá o quê. Bom, talvez a aquisição de milhões de reais em medicamentos sem que se tenha de recorrer à “aborrecida” Lei 8.666/1993 que dita como devem ser realizadas licitações e contratos administrativos por entes públicos brasileiros, no qual a Prefeitura de Campos dos Goytacazes está certamente inclusa.
É interessante apontar que essa gestão tem em sua composição um monte de pessoas jovens que poderiam estar efetivamente apontando um caminho para o novo que foi prometido na campanha eleitoral. Mas, nada disso tem se sido transformado em projetos que tornem a administração pública mais democrática e transparente. Esta dissontonia entre promessas de campanha e ação prática quando no controle da prefeitura me faz lembrar da canção de Belchior “ Como nossos pais” que dizia, entre outras coisas, que Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos, Ainda somos os mesmos e vivemos, Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.
No caso de Campos, parece que voltamos a vivemos como no tempo do avô do prefeito que, com todo o respeito à memória dele, não é certamente um personagem cujos métodos de governar deveria ainda permanecer tão fortes no neto.Mas deixemos as reminiscências familiares e as semelhanças de métodos de (des) governo de lado, e nos fixemos em duas medidas anunciadas ontem por essa nova/velha administração: a suspensão temporária do cheque cidadão e a majoração do valor da passagem social. Saindo de Belchior para Luiz Fernando Veríssimo que um dia sugeriu a criação de um ministério do vai-dar-merda. Parece que falta efetivamente dentro dessa gestão um agente para ficar olhando quais decisões “vão-dar-merda”.

É que até eu que não fui eleitor de Rafael Diniz, sei que essas suas ações certamente darão merda.Os elementos para prever isso estão para todos verem, e fico pasmo que a decisão de cortar gastos seja na área social e não, por exemplo, na área dos cargos comissionados que hoje sendo engordados para saciar a fome de vereadores e outros que apostaram na mudança de lado na política local. É que quem caminha hoje pelas ruas vê cada vez mais gente morando nelas, e muitos jovens e idosos caminhando longas distâncias para chegar nas escolas e hospitais.
E o que propõe o prefeito Rafael Diniz? Cortar o pouco de aporte financeiro que se vinha dando para os pobres. E isso em nome de uma suposta austeridade? Por favor!Por essas e outras é que entendo bem a saída a la Leão da Montanha (aquele cartoon em que o simpático leão sempre se safava dos problemas com gritando “saída pela direita” ou “saída pela esquerda”) do professor Brand Arenari da posição de secretário municipal de Educação.

Como o professor Arenari é uma pessoa astuta e perspicaz (sei disso desde que foi meu aluno na Uenf), ela já devia ter notado que estava metido dos pés até as mãos numa situação sem chance de dar certo, e resolveu rapidamente assumir o seu cargo de professor universitário, de onde poderá teorizar até sobre as consequências de sua rápida, mas desastrosa, passagem pela secretária municipal de Educação.
Infelizmente os pobres dessa cidade e que vão agora sentir o peso da austeridade seletiva do prefeito Rafael Diniz não podem ser comportar com leões da montanha ou, tampouco, saírem pela direita ou pela esquerda para assumirem cargos públicos concursados. Mas mesmo não sendo secretário municipal, aviso logo ao prefeito “Isso o que o senhor acaba de propor, vai-dar-merda”. A ver!
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