Sob pressão, comissão do MEC recua e mantém residências médicas
Depois de três semanas de tensão no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, a pressão da comunidade acadêmica rendeu boas novas. A Comissão Nacional de Residência Médica, vinculada ao MEC, recuou e decidiu garantir as matrículas dos 180 médicos aprovados no concurso de 2017. A medida foi anunciada na última quinta-feira, 11, após reunião da Comissão com a direção do hospital. Os cursos começarão em março.
As novas matrículas haviam sido suspensas por decisão da Comissão Nacional, determinada num relatório de 32 linhas, datado de 13 de dezembro e assinado por Rosana Leite de Melo, secretária-executiva da Comissão e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Três meses antes, dois inspetores da Comissão passaram dez horas no Clementino. “Acompanhei a visita. Eles não pediram nenhum documento nem viram a rotina. Coordeno 52 residentes. Eles trabalham muito. Têm experiência prática e teórica”, lamentou Flávio Signorelli, coordenador do programa de Clínica Médica, o maior do HU. “Fechar é acabar com o principal formador de médicos do Rio de Janeiro”.
Sem apresentar dados, o relatório da Comissão diz que o hospital está em situação pré-falimentar, que faltam profissionais e leitos, e resolve estabelecer diligência para 30 residências. A mesma medida foi aplicada no Hospital Pedro Ernesto, da Uerj.
O documento surpreendeu a UFRJ. “Nunca vi nada igual. Acho irresponsável”, criticou Roberto Medronho, diretor da Medicina. “Não se trata de uma avaliação concreta com descrição dos problemas e indicação de soluções. Não há fundamentação pedagógica para interrupção dos programas”, apontou Leôncio Feitosa, diretor do hospital e presidente licenciado do Sindicato dos Médicos do Rio.
Também causou revolta o fato de a medida se aplicar sem distinção a todas as residências, a maioria com alto índice de aprovação nos exames de especialista. “Os médicos da UFRJ têm 100% de aprovação na prova de títulos”, diz Flávia Conceição, professora da Medicina e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia/ RJ. “Essa residência é a mais disputada do Rio. Quem passa não desiste.”
FONTE: Adufrj