
Nível tolerado para glifosato na União Européia é três vezes menor do que na Rússia.
Após a Rússia alertar o governo Bolsonaro de que irá proibir a importação de soja brasileira caso não haja um decréscimo nas concentrações de glifosato presente na principal commodity agrícola brasileira, notei que outros países deverão seguir o exemplo em breve.
Ontem, o jornal Folha de São Paulo publicou um artigo repercutindo uma nota do Ministério da Agricultura, comandado pela deputada federal ruralista Tereza Cristina (DEM/), notando que “no Brasil, o límite máximo permitido é de 10 ppm, valor mais rigoroso que o limite no Codex Alimetarius (20 ppm), mas superior ao estabelecido pelas autoridades russas, que é de 0,15 ppm“.
Mas se valer do limite mais generoso do Codex Alimentarius não deverá refrescar a situação da soja brasileira na Rússia, e muito menos na União Européia. É que consultando o excelente “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, da da professora Larissa Mies Bombardi do Laboratório de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP), verifiquei que o limite imposto pela União Européia para o glifosato é de 0,05 ppm (ou seja 3 vezes menor do que o limite permitido pela Rússia) (ver figura abaixo).

Desta forma, me parece inevitável que a União Europeia siga o exemplo da Rússia. A questão agora é de quanto tempo isso demorará a ocorrer. Além disso, dado o que estou chamando de “vício em agrotóxicos” do agronegócio exportador brasileiro, a soja deverá ser apenas a primeira commodity a ser alvo deste tipo de barreira sanitária. Um exemplo de alvo secundário deverá ser o milho, onde o glifosato também é abundamente aplicado.