A polêmica em torno do uso do espaço do Museu de História Natural de Nova York (MHNNY) pela Câmara de Comércio Brasileira-Americana para sediar a entrega do prêmio de personalidade do ano ao presidente Jair Bolsonaro foi encerrada de forma direta e reta pela sua direção.
Em um comunicado oficial na página oficial do MHNNY informou que “com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos de nossas organizações individuais, concordamos em conjunto que o Museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Este evento tradicional terá lugar em outro local na data e hora originais.” (ver original em inglês abaixo).
Certamente haverá quem classifique esse episódio como insignificante à luz da pretensa boa relação que está estabelecida com o governo do presidente Donald Trump, ou como uma mera perseguição dos “comunistas” do Partido Democrata sob a batuta do prefeito de Nova York, Bill de Blasio,
O fato é que nos EUA, instituições tradicionais como o MHNNY dificilmente se envolvem em refregas políticas de forma pública e procuram se ater ao seu próprio ofício. Assim, a decisão da direção do MHNNY é um fato singular e deveria ser entendido pelas autoridades brasileiras dentro da magnitude que o ato se reveste.
De fato, ao cancelar a cerimônia em suas dependências e declarar em tweets adicionais que uma das principais razões são as posições do presidente Bolsonaro em relação à preservação dos ecossistemas amazônicos e as mudanças climáticas, o MHNNY está apenas sinalizando para problemas graves que se apresentam no horizonte da diplomacia brasileira, as quais terão consequências políticas e econômicas consideráveis.
Alguém precisa avisar ao presidente Bolsonaro e ao seu ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que os EUA não se reduzem ao pensamento de Donald Trump e que um alinhamento total com o seu governo poderão trazer mais problemas do que soluções.