Depois quase 4 meses já deve estar claro para muitos brasileiros que os EUA são uma espécie de Nirvana da presidência de Jair Bolsonaro. Afora a visita oficial realizada à Casa Branca, onde se entregou tudo o que foi demandado pelo governo Trump e um pouco mais, todos os dias se sabe de uma visita de algum ministro a um evento realizado em terras estadunidenses.
Entretanto, há que ficar claro que se Jair Bolsonaro ama os EUA, a retribuição do amor pode ficar restrita (se muito) aos círculos mais conservadores da população, a começar por Donald Trump e sua equipe mais próxima, incluindo o embaixador John Bolton e o secretário de estado, Mike Pompeo.
Um exemplo da aversão sofrida pelo governo Bolsonaro, em especial pelo presidente Jair Bolsonaro, é o imbróglio em que se transformou o prêmio de personalidade do ano que lhe foi outorgado pela obscura “Câmara de Comércio Brasileira Americana“, e que se transformou em um verdadeiro cabo de guerra envolvendo políticos em cargos importantes (um exemplo disso é o do democrata Bill de Blasio que operou para impedir o uso das dependências do Museu de História Natural para a entrega do prêmio) e até movimentos que se formaram e estão usando as redes sociais para impedir a realização do evento na cidade de Nova York.
Um exemplo desses movimentos é a “US Network for Democracy in Brazil (USDB)” que s e organizou e está convocando manifestantes para irem diariamente nas portas da unidade do Marriott Hotel, localizada na região da Broadway, para demandar que o evento não seja realizado ali (ver imagem abaixo).
Uma coisa que me chamou atenção na convocação da USDB foi a lista de empresas que estariam associadas à concessão do prêmio de personalidade do ano ao presidente Jair Bolsonaro. É que dentro da lista de empresas que estão sendo criticadas pela concessão do prêmio a maioria é de bancos ou de instituições que atuam no mercado financeiro, bem como de grandes firmas da área da saúde privada, grandes escritórios de advocacia e outras que operam no comércio de commodities (Citibank, HSBC, Bank of America, Merryl Lynch, UBS, JP Morgan Chase, Itaú, Febraban, Forbes, Santander, Credit Suisse Safras National Bank, XP Investments, Bradesco, Banco Pactual, Delta Bank , BNP Paribas, Life Skadden, United Health Group, Mattos Filho, Cosan, Citrus Products, Bain and Company, Modal, Valor, Nelson Wilians, First Data, , Cacique, Amerra, Nomura, DataGro, MaringáTurismo, McLarty, Neoway, São Martinho, Refinitiv, Delta Bank , BNP Paribas, Veritas, Shearman, Delta, Scuden, Fundação Lehmman).
Esta lista por si só é reveladora não apenas de quem apoia a concessão do prêmio a Jair Bolsonaro, mas de quem tem mais a ganhar com suas políticas ultraneoliberais, que começam pela venda de estatais e pela reforma da previdência, mas que não deverão parar por aí.
De toda forma, não apenas está evidente que a entrega do prêmio a Jair Bolsonaro não ocorrerá da forma discreta que seus criadores certamente gostariam que acontecesse, mas como também está propiciando um melhor conhecimento acerca dos interesses nem sempre explícitos de quem articula este tipo de “honraria”.