Ao longo de março deste ano, publiquei uma série de postagens sobre a situação periclitante da barragem Casa de Pedra mantida pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na cidade de Congonhas do Campo. Como quase tudo que ocorre em relação à mineração no Brasil (e especialmente em Minas Gerais), pouco ou quase nada foi informado ao longo dos últimos meses sobre ações tomadas para garantir a estabilidade de uma estrutura que, se romper, poderá causar danos catastróficos e custar centenas de vidas humanas em função da proximidade da Casa de Pedra da área urbana de Congonhas do Campo.
Situação de forte instabilidade detectada em análise visual de imagens na barragem Casa de Pedra pelo arquiteto Frederico Lopes Freire em março de 2019.
Pois bem, como os processos naturais não esperam pela resposta das corporações e dos seus apoiadores dentro do Estado, ontem a região localizada entre Ouro Preto e Congonhas do Campo foi palco de um tremor de terra de grau 3,2 na Escala Richter. ESte fato pode ter tido impactos diretos não apenas na estrutura da Casa de Pedra, mas de diversas outras barragens existentes naquela parte de Minas Gerais, as quais já foram identificadas em diferentes graus de risco ao longo desde o rompimento da barragem mantida pela mineradora Vale no município de Brumadinho (MG).
Obviamente a CSN e a Vale (que possui outra barragem em Congonhas do Campo) já se apressaram para informar que o tremor de terra não causou abalos estruturais nas barragens que possuem nas proximidades da área urbana do município. É interessante notar que no caso do rompimento ocorrido em Mariana em 2015, o governo de Minas Gerais e a Vale apresentaram como explicação para o incidente justamente a suposta ocorrência de um tremor de terra. Agora que um tremor de terras efetivamente ocorreu, a Vale e a CSN fazem manifestações públicas no sentido contrário.
A verdade é que a situação na barragem Casa de Pedra já era preocupante antes deste tremor de terra que na Escala Richter é avaliado com sendo de pequeno impacto. O problema é que mesmo tremores de pequeno impacto ocorrendo em estruturas já frágeis podem desencadear impactos catastróficos. Por isso, o mais indicado no caso da população de Congonhas do Campo seria o estabelecimento de um conjunto medidas de alerta e monitoramento de independente das barragens que pairam perigosamente sobre a cidade. Afinal de contas, a CSN e a Vale são de baixa ou nenhuma confiabilidade, pois já deram inúmeras mostras de que colocam o lucro acima de qualquer outra coisa.
Enquanto isso, não há muito o que esperar dos governos de Romeu Zema e Jair Bolsonaro que têm dado demonstrações inequívocas de que não estão dispostos a estabelecer medidas de proteção ambiental e humana em face das atividades de mineração.