O ex-presidente da CEDAE, o engenheiro Wagner Victer é um dos que agora se arvoram como “pais” do Porto do Açu, algo que não deveria ser apresentada como medalha de distinção, pois sabemos como o governo do Rio de Janeiro, sob o comando de Sérgio Cabral, operou para impor um modelo escabroso de desapropriação de terras para beneficiar o ex-bilionário Eike Baitsta, o pai maior do empreendimento que hoje está sob o controle do fundo multinacional de “private equity“, EIG Global Partners.
Pois bem, em que pesem minhas reservas ao papel cumprido por Wagner Victer na empreitada que deixou centenas de famílias do V Distrito de São João da Barra desprovidas de suas terras e, consequentemente, de seus meios de produção e reprodução social, tenho que reconhecer que as críticas que ele faz à instalação de um terminal graneleiro no Porto do Açu estão corretas, na medida em que a ausência de uma ferrovia, e até mesmo de um rodovia que possa receber um fluxo intenso de caminhões, irá causar uma enorme sobrecarga no sistema viária de Campos dos Goytacazes, tornando ainda mais caótico um trânsito que já não é grandes coisas. E, pior, sem que haja qualquer negociação com o município no sentido de não impactar de forma desastrosa ruas e avenidas que não estão adequadamente preparadas para receber um tráfego de caminhões extremamente pesados.
Concordo ainda com a observação de Victer no sentido de que a instalação do terminal granaleiro servirá para apagar de fez qualquer resquício do modelo de porto-indústria que havia sido propalado por Eike Batista, e pelo meio do qual ele conseguiu amealhar bilhões de reais em empréstimos de entidades públicas, como o BNDES e até o Fundo da Marinha Mercante. Com esse viés do terminal granaleiro, a Prumo Logística Global também está rasgando a fantasia de que o Porto do Açu seria uma fonte abundante de empregos e, com isso, de dinamização da economia regional.
Mas o que mais me parece evidente é que o terminal graneleiro é mais uma das dezenas de improvisações que já foram feitas para tornar o projeto do Açu em algo que seja economicamente viável. Antes disso já se anunciaram outras saídas milagrosas para resolver a falta de infraestrutura adequada para tornar o Porto do Açu em algo além da bela apresentação de Powerpoint que foi amplamente utilizada por Eike Batista para inicialmente atrair investidores, e depois para passar o elefante branco para o colo dos incautos operadores do EIG Global Partners.
No fim desse túnel, o que sobram são os agricultores familiares do V Distrito que continuam até hoje, mais de uma década do início da tomada de suas terras, sem receber as justas indenizações a que fazem direito.
Que bom que pelo menos concordou nisso e também concordo com você. Há algumas considerações, pois o projeto eu desenvolvi em 1999 no Governo Garotinho e as obras eu iniciei em 2006 no Governo Rosinha, quando eu era Secretário de Energia Indústria Naval e Petróleo. A retirada das pessoas foi no Governo Cabral e eu não estava mais à frente do projeto, pois na ocasião eu presidia a CEDAE. O Porto do Açu é um Projeto que me orgulho como Engenheiro de ter criado e feito seu Projeto conceitual e por isso acompanho de longe e levanto minhas preocupações. Vamos juntos nessa luta. Wagner Victer
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