O conflito armado em curso na Ucrânia oferece mais uma vez a oportunidade de se constatar que em qualquer guerra, a primeira vítima é e sempre será a verdade. É que tendo acompanhado a cobertura jornalística europeia, estadunidense e, principalmente, brasileira, vejo que há uma narrativa perfeitamente ajustada para demonizar a Rússia e o presidente Vladimir Putin, enquanto se deixam obscurecidos fatos e questões estratégicas que dariam as leitores e telespectadores uma perspectiva mais realista dos motivos que desembocaram na situação explosiva que o mundo vive neste momento.
A mídia corporativa brasileira, especialmente a TV Globo, exagera grosseiramente na desinformação, demonstrando mais uma vez na tendência de tomar um lado como se a informação jornalística fosse algo que se assemelha a um jogo de futebol. Aliás, essa postura da mídia corporativa explica de forma exemplar como fomos levados a ter uma visão distorcida da própria situação brasileira, pois o que está sendo feito agora com a Rússia já foi feito com os governos comandados pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
No caso do time de “especialista” da Globo News chega a ser patética a raiva contra a Rússia que transparece das falas de figuras como César Tralli, Demétrio Magnoli, Jorge Pontual e Guga Chacra que parece mais “cheerleadears” (animadores de torcida) do campo pró-Otan do que profissionais que deveriam estar passando informação para um público que, convenhamos, não é muito versada em assuntos estratégicos nem quando envolvem os interesses diretos do Brasil, quiçá quando ocorrem para fora do nosso horizonte imediato.
Uma coisa que deveria estar sendo informado, e não está, é que todas as medidas de punição econômica que estão sendo impostas por determinação do governo de Joe Biden vão acabar acertando o Brasil que não só tem a Rússia como grande exportador, mas também grande fornecedor de insumos agrícolas. Com o banimento de determinados bancos russos do chamado sistema “Swift”, o Brasil não poderá nem receber nem pagar os russos, o que terá implicações sérias para uma economia que não vem bem das pernas.
E quanto ao real andamento dos confrontos dentro da Ucrânia? Para quem quiser realmente saber o que está acontecendo, sugiro não contar com os veículos da mídia corporativa, pois o que estão servindo é propaganda. E uma pista: não foi por falta de aviso dos russos que chegamos a esta situação (aliás, posto abaixo um didático vídeo mostrando a posição de Noam Chomsky sobre as raízes da crise na Ucrânia).
Finalmente, se alguém me perguntar o que realmente motivou este conflito, sugiro que se recuse as viseiras que a mídia corporativa está tentando impor e procure informações de fontes distintas dentro da mídia alternativa nacional e mundial, pois ali existem, pelo menos, visões distintas das causas e possíveis consequências do conflito em curso na Ucrânia. Sempre tendo em mente que nas guerras, a verdade sempre será a verdade.