Foto: Agência Brasil
Durante uma participação no podcast “Ironberg” que uma parcela significativa da população brasileira “passe fome para valer” e que os números indicando que em torno de 33 milhões de brasileiros estão passando fome neste momento são exagerados”. O tira-teima estatístico feito por Jair Bolsonaro se baseia no fato de que ao ir na padaria, não se vê ninguém pedindo pão.
Eu desconheço a padaria em que o presidente da república vai buscar o seu pão quando não está sendo servido pelos garçons do Palácio do Planalto nos lautos cafés oferecidos aos frequentadores daquele símbolo do poder. Mas nas padarias que eu frequento há sim gente pedindo pão. Aliás, nas esquinas do Brasil o que não falta é brasileiro pedindo o que os outros puderem dar para comprar pão, café, leite, e por aí vai. Nesse sentido, a fome é visível para quem quer ver, o que não parece ser o caso de Jair Bolsonaro.
Que o presidente da república não é uma pessoa antenada com a realidade dos brasileiros pobres isto já está evidente desde que saiu corrido do exército para se tornar um deputado inexpressivo, mas que logrou acumular um patrimônio que permite que ele more, quando não está em Brasília, em um condomínio fechado de alto padrão.
Mas e os eleitores de Jair Bolsonaro que se dizem cristãos e, por isso, tomados pelas noções de caridade e fraternidade que se atribui a Jesus Cristo? Para esses cristãos eleitores de Jair Bolsonaro não incomoda que despreze a fome evidente de milhões de brasileiros? Aparentemente não.
Por outro lado, por que a mídia corporativa parece ter engolido mais essa declaração do presidente Jair Bolsonaro sem colocar mais esse negacionismo nas manchetes diárias, desmascarando com dados estatísticos mais essa afirmação esdrúxula? A grande possibilidade é que os donos desses veículos, a maioria ganhando fortunas com o rentismo de Paulo Guedes, não querem contribuir para a queda do seu bezerro de ouro.
Enquanto isso, a fome e a destruição ambiental avançam em todos os cantos do Brasil.