Volta da inflação desmascara ainda mais a dupla Bolsonaro/Guedes

INFLAÇÃO SUBIU

Os veículos da mídia corporativa noticiam hoje que após poucos meses de retração, a inflação do mês de Outubro tomou um perfil de alta, ainda que relativamente pequena. O problema, alertam alguns analistas sérios como o economista Eduardo Moreira (ver vídeo abaixo), é que a inflação de outubro representa apenas uma retomada do que deveria ser o normal, mas que ficou escondida por uma série de manobras de cunho eleitoral que foram adotadas pelo dublê de banqueiro e ministro da Economia, o sr. Paulo Guedes.

Agora que Jair Bolsonaro já perdeu a eleição e, mais importante ainda, a capacidade de interferir no andamento das coisas, o que se vê é a perspectiva não apenas de que a inflação continue subindo e voltando para o patamar onde deveria estar, mas também uma continua depreciação da capacidade produtiva do Brasil, o que se refletirá em uma diminuição do valor do Produto Interno Bruto (PIB).

A verdade que teima em aparecer, agora que a fumaça dos piquetes da extrema-direita está baixando, é que as medidas ultraneoliberais de Paulo Guedes, que incluíram a privatização criminosa de várias estatais estratégicas,  colocaram a economia em um estado de paralisia, a qual foi fortemente agravada pelas políticas anti-ambientais que expulsaram investidores internacionais que não quiseram estar relacionados ao processo de desmatamento que hoje come solto na Amazônia e no Cerrado.

O resumo desta ópera bufa montada por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes é que o presidente eleito terá um primeiro ano de mandato muito complicado, já que a situação econômica deixará pouco espaço para erros.

No dia de hoje, o mote tem que ser “É o salário-mínimo, estúpido!”

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Reportagem da Folha de São Paulo revelou os planos sinistros de Paulo Guedes contra o salário-mínimo, aposentadorias e pensões, no que seria um brutal ataque à condição de vida dos pobres brasileiros

Em 1992 durante a campanha presidencial de Bill Clinton em que ele concorria contra George Bush pai, um dos seus principais estrategistas de campanha, James Carville, cunhou a frase que definiria a forma pela qual a mensagem de mudança se daria. Carville cunhou a famosa frase “It´s the economy, stupid” (ou em português; É a economia, estúpido!).

Pois bem, 30 anos depois temos uma eleição marcada por uma gigantesca compra de votos e uso do aparelho do Estado para dar uma mão gigantesca para que Jair Bolsonaro seja reeleito. O emprego de uma gigantesca fábrica de fake news empurrou o debate para o campo dos costumes até a penúltima semana de campanha quando uma matéria da Folha de São Paulo revelou os planos de arrocho econômico contra trabalhadores, aposentados e pensionistas que estavam sendo gestados na encolha pelo ministro Paulo Guedes.

Repentinamente, a campanha eleitoral saiu do campo dos costumes para o salarial, especialmente porque um dos alvos preferenciais de Paulo Guedes é o salário-mínimo, fonte de sustento de pelo menos 70 milhões de brasileiros que hoje se equilibram para não passar fome, como já ocorre com 31 milhões de nossos compatriotas.

Pois bem, essa mudança de pauta foi, provavelmente, o marco de uma mudança na tendência no aperto estatístico que o governo Bolsonaro estava conseguindo a partir de um derrame de recursos públicos na forma de distribuição de auxílios, mas que objetivamente era uma forma estatal de compra de votos.

Passando do campo dos costumes para o “É o salário-mínimo, estúpido”, o avanço de Jair Bolsonaro desacelerou e o ex-presidente Lula chega hoje com boas chances de vitória. Tanto isso é verdade que ontem o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre Moraes, teve que desarmar uma bomba preparada pelo ministro de Justiça na forma de operações de coerção de livre movimentação de eleitores, especialmente no Nordeste. Essa operação de última hora envolvendo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF) aparentemente se destinava a aumentar a abstenção na região onde Lula terá uma maioria expressiva de votos. O nome disso, sem tirar nem pôr, é repressão ao direito de voto dos brasileiros.

Agora é esperar que as manobras desesperadas do governo Bolsonaro não resultem no aumento da abstenção e que a maioria expressa nas pesquisas se transforma em realidade nas urnas.

Mas não esqueçam, caso Lula vença, de enviar um agradecimento às jornalistas que trouxeram à luz os planos macabros de Paulo Guedes contra os trabalhadores, aposentados e pensionistas brasileiros.

No domingo, precisamos votar para derrotar Jair Bolsonaro e Paulo Guedes e seus planos nefastos contra o povo brasileiro

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Figura de proa na campanha eleitoral de 2018, o ministro da Fazenda Paulo Guedes repentinamente se viu forçado a sair das sombras que se encontrava na atual campanha para oferecer sua visão de futuro para o Brasil, e eles não são nada bons para os pobres.  Forçado a isso pelas revelações trazidas à luz por reportagens da “Folha de São Paulo” e do “Estado de São Paulo”,  Paulo Guedes consegue a proeza de negar confirmando o que pretende fazer com a economia brasileiro, caso Jair Bolsonaro consiga se reeleger.

Além de desindexar o salário-mínimo, aposentadorias e pensões da inflação passada (o que objetivamente implicará em um confisco de renda de mais de 70 milhões de brasileiros pobres), Guedes também pretende acabar com as deduções no Imposto de Renda com gastos de saúde e educação, novamente prejudicando os segmentos mais pobres da população (veja o que Guedes pensa sobre aposentadorias no vídeo abaixo).

Mas esses confiscos são apenas perfumaria em relação aos planos de privatização do Banco do Brasil, da Petrobras e das universidades federais.  É o avanço dessas metas de desnacionalização completa e asfixia de qualquer possibilidade de o Brasil participar em condições minimamente competitivas da chamada Revolução Industrial 4.0 que realmente embala os planos de Paulo Guedes que aparentemente sonha com um país atolado em uma cultura neocolonial misturada com a especulação financeira globalizada.

Há que se dizer que economistas de amplas matizes (desde neoliberais até adeptos de maior participação direta do Estado na atividade econômica) consideram que Paulo Guedes é um ministro cujas políticas foram desastrosas para a economia brasileira, resultando em uma profunda regressão de todos os indicadores que são usados para medir a saúde da economia de um país.

Apesar disso, Jair Bolsonaro não dá nem uma sinalização de que pretenda mexer no posto ocupado por Paulo Guedes, mesmo porque a estas alturas ele teria dificuldade de encontrar qualquer pessoa disposta a sentar no lugar do seu “Posto Ipiranga”. É que o dano causado por Paulo Guedes é de tamanha monta que só outro presidente poderá ter a autoridade de implantar políticas que possam tirar o Brasil do atoleiro em que se encontra.

O Posto Ipiranga como o Waterloo de Bolsonaro

Por outro lado, há que se dizer que se Jair Bolsonaro perder as eleições no próximo domingo, isto se dará em grande parte pelo vazamento dos planos que Paulo Guedes tem para os próximos quatro anos. Curiosamente, o vazamento precoce de seus planos pode ter sido a centelha que deslocou o plano engenhosamente elaborado pela campanha de Bolsonaro.

O simples acesso a esses planos aparentemente causou uma paralisia no avanço que as pesquisas vinham notando nas intenções de votos de Jair Bolsonaro. Também, pudera, do pouco que vazou já se pôde visualizar o impacto que isto teria na vida dos brasileiros.

Assim, curiosamente, a pessoa que serviu como caução de  um claramente inepto Jair Bolsonaro em 2018, agora poderá ser a causa de sua derrota. E eu digo que ainda bem, pois o Brasil e a maioria pobre da sua população (mesmo aquela parcela que hoje vota em Jair Bolsonaro) não iriam sobreviver a mais quatro anos desta política de terra arrasada que só serve para aumentar uma concentração de renda que já era uma das maiores do mundo.

Ato de “Bob Granada” pode ter sido uma pá de cal na campanha de Jair Bolsonaro, mas Paulo Guedes também ajudou

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O ato praticado pelo ex-deputado federal e presidente do morimbundo Partido Trabalhista Brasileiro, Roberto Jefferson que já foi rebatizado de “Bob Granada”, pode ter sido a pá de cal na campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. E, pasmemos todos, isso não se dará por causa dos confessados 50 tiros disparados contra uma equipe da Polícia Federal ou das 3 granadas que Bob Granada desepejou em cima dos policiais que procuravam cobertura atrás da viatura que os levou até o normalmente bucólico município de Comendador Levy Gasparian.

A pá de cal está sendo dada pelas reações do próprio Jair Bolsonaro que inicialmente ensaiou uma defesa de Bob Granada, mas que premido pelas evidências passou a tentar se distanciar dele, com o uso de adjetivos, digamos, pouco lisonjeiros.

O problema é que ao hesitar em face de uma ação que se mostra como algo que não foi pensado sozinho por Bob Granada, Jair Bolsonaro explicita uma fraqueza de liderança que nem inspira seus seguidores menos aguerridos ou, tampouco, atrai eleitores indecisos.

Para piorar ainda mais uma situação que já se mostra ruim, a mídia corporativa não para de vazar os planos de arrocho salarial e fiscal que Paulo Guedes planeja executar caso Jair Bolsonaro consiga vencer as eleições.  Se até a semana passada se sabia do plano para desindexar o salário-mínimo, aposentadorias e pensões da inflação passada, hoje se sabe que haverá um aperto na cobrança do Imposto de Renda.

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Convenhamos que para seguir na toada de Jair Bolsonaro, a pessoa tem que estar muito, mas muito convicta, pois há a mistura de arrocho extremo e ato terrorista não pega bem para nenhuma candidatura.

Mordida do Leão vai piorar com Bolsonaro reeleito: Paulo Guedes planeja acabar com deduções do IR

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Se já não bastasse a informação de que o ministro Paulo Guedes planeja desindexar da inflação os reajustes do salário-mínimo, aposentadorias e pensões, o jornal “O Estado de São Paulo” traz hoje uma reportagem assinada pela jornalista Adriana Fernandes dando conta que ele também planeja acabar com as deduções no Imposto de Renda (IR) com gastos de saúde e educação.

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Assim, além de manter congelada a tabela do Imposto de Renda, o que Paulo Guedes pretende fazer é retirar do bolso dos trabalhadores cerca de R$ 30 bilhões com os quais ele abasteceria a continuidade do pagamento do chamado “Auxílio Brasil”. Em outras palavras, ele tiraria dos pobres para entregar para os mais pobres, enquanto os ultrarricos continuarão usufruindo uma forma de taxação regressiva que os deixa cada vez mais ricos, mesmo em face do empobrecimento geral do resto da população.

Um detalhe que viria com essa retirada da dedução dos gastos com saúde e educação é que se perderia o mínimo de controle que existe, por exemplo, sobre a renda auferida por médicos e dentistas, o que incorreria em uma perda de arrecadação que ultrapassaria os ganhos com o fim das deducões.

O fato é que qualquer um que precisa fazer uma consulta médica ou ir a um dentista hoje primeiro responde a uma pergunta básica: com recibo ou sem recibo? E invariavelmente os que querem recibo para deduzir no pagamento do IR acabam arcando com o pagamento que o profissional contratado terá de fazer sobre o que aquilo que será obrigado a declarar por causa do recibo emitido.

Desta forma, essa é mais uma ideia que me parece saída de algum manual para iniciantes em estudos de economia neoliberal, mas nunca de um ministério da Fazenda que hoje está defrontado com uma grave crise econômica, e que só tenderá a piorar em 2023.  É que para se abocanhar R$ 30 bilhões dos bolsos dos trabalhadores há um risco de se perder mais por causa da sonegação fiscal.

Mas ainda bem que estamos ficando sabendo dessas novidades salgadas. É que, pelo menos, teremos como enfrentar a sangria que será desatada sobre nós caso Jair Bolsonaro venha a vencer esta eleição.

 

Bomba midiática bolsonarista visa esconder os planos de Paulo Guedes contra o salário-mínimo e as aposentadorias

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Na última 6a. feira, logo após as revelações em torno dos planos de Paulo Guedes para congelar o salário-mínimo e aposentadorias, o economista Eduardo Moreira previu que a campanha de Jair Bolsonaro iria produzir um factóide para mover o debate para longe do debate econômico (ver vídeo abaixo).

Eis que hoje, pouco menos de 48 horas após as previsões de Eduardo Moreira, o político bolsonarista em estado terminal, Roberto Jefferson, tornou em realidade o que era antes apenas hipotético.  Por isso mesmo, não vou nem mostrar o  vídeo para lá de pouco explicado em que Jefferson supostamente atingiu com tiros e explosão de granada uma equipe da Polícia Federal.

Como outros já disseram, esse é uma bomba midiática (ou bomba semiótica), um verdadeiro apito de cachorro, que visa mover o debate para longe daquilo que está causando um estrago imenso na campanha de Jair Bolsonaro, qual seja, a informação confirmada pelo próprio Paulo Guedes de que existem planos para desindexar da inflação passada os valores do salário-mínimo, aposentadorias, pensões e outros benefícios sociais.

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A revelação da Folha de São Paulo que abalou a campanha de Jair Bolsonaro e gerou a bomba midiática envolvendo Roberto Jefferson

Desarmar essa bomba midiática lançada por Roberto Jefferson é fundamental para que não se permita que a campanha de Jair Bolsonaro saia das cordas em que foi colocada, sabe-se lá por quê, por Paulo Guedes.

Finalmente, há que se reconhecer a capacidade intelectual de Eduardo Moreira que previu com exatidão algo que veio efetivamente a acontecer. 

Com Bolsonaro apenas uma certeza: depois da gastança eleitoreira virá um arrocho profundo

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A revelação antecipada do plano de arrocho de salários e aposentadorias coloca Paulo Guedes e Jair Bolsonaro em mais um momento delicado em um relacionamento já turbulento

Enquanto a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro mostra robustez (muito em parte ao derrame abundante de dinheiro público em diversas ações de ditribuição aos trabalhadores e mais pobres), (ver imagem abaixo), há nela um quê de imprevisibilidade, muitas vezes por problemas causados pelo presidente e seus principais ministros. A mais recente prova disso foi o furo de reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre o plano do ministro Paulo Guedes em desindexar o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias do indíce de inflação passada. 

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Esse plano é uma verdadeira bomba atômica, na medida em que, de forma objetiva, haverá uma perda ainda maior maior do poder de compra dos trabalhadores e aposentados, já que a correção planejada deverá ter consequência o fato de que o reajuste dado ficará abaixo da realidade inflacionária.

Por causa deste anúncio, o comando de campanha de Jair Bolsonaro já realizou pressões para que Paulo Guedes desminta o seu próprio plano como uma “fake news”, o que o ministro fez de forma apenas parcial, o que contribui de forma prática para confirmar que o plano existe e será aplicado, caso Jair Bolsonaro vença o segundo turno.

Salários e aposentadorias desindexados causarão aumento da fome e da miséria

Para um país que paga um dos piores salários mínimos do planeta e onde o valor das aposentadorias da maioria das pessoas não garante sequer a compra dos remédios, esse plano significará jogar mais pessoas na miséria e o aumento das pessoas em condição de fome.

Mesmo para um governo ultraneoliberal como o de Jair Bolsonaro, a simples intenção de piorar o que já está ruim parece não fazer muito sentido. O problema é que Paulo Guedes é visto dentro do governo Bolsonaro como o garantidor da redução dos direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988, enquanto que fora dele é tratado como um despreparado para entender elementos mínimos do funcionamento da economia brasileira.

O mais emblemático é que a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro tem mostrado na sua propaganda um caminho oposto ao que pretende Paulo Guedes pretende implantar se Jair Bolsonaro for reeleito. O nome disso, obviamente, é estelionato eleitoral já que os eleitores que votarem em Bolsonaro estarão votando em um programa que, na prática, não existe.

De certo apenas uma coisa: se Jair Bolsonaro conseguir se reeleger, haverá um profundo arrocho salarial e nas aposentadorias, pois as benesses de campanha estão gerando um buraco difícil de ser preenchido com o simples andamento dos fundamentos econômicos. 

Finalmente, ganhando ou perdendo, o que se pode antecipar será ainda uma volta dos preços escorchantes dos combustíveis e uma grande disparada no preços dos alimentos. Esse cenário jogará o Brasil em um redemoinho perigoso de agitação social.

Em caso de reeleição de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes planeja aplicar um forte arrocho do salário mínimo e das aposentadorias

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Em caso de reeleição de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes prepara forte arrocho sobre salários e aposentadorias

Um artigo de autoria das jornalistas Indiana Tomazelli e Juliana Sofia mostra que animado com a possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro, o atualmente sumido ministro da Fazenda, o Sr. Paulo Guedes está arquitetando um mega arrocho contra os trabalhadores brasileiros.

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Segundo o revelado por Tomazelli e Sofia, o plano sendo gestado por Paulo Guedes envolverá a desindexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários. Hoje, eles são corrigidos pelo INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior, o que garante ao menos a reposição da perda pelo aumento de preços observado entre famílias com renda de até cinco salários mínimos.

Ainda segundo as jornalistas da Folha,  trechos da proposta de Paulo Guedes afirmam que “o salário mínimo deixa de ser vinculado à inflação passada”. Assim, na nova regra que seria adotado no novo mandato de Jair Bolsonaro, o  gasto com benefícios previdenciários “também deixaria de ser vinculado à inflação passada”.  Com isso, fica aberta a possibilidade de uma correção abaixo da inflação nos benefícios previdenciários, que têm despesas projetadas em R$ 859,9 bilhões para 2023, e também do salário mínimo. Um novo piso nacional afetaria também os gastos com seguro-desemprego.

Somando todas essas informações, o que se vê é que depois de passada a fase do “Bolsonaro bonzinho”, o que se pretende mesmo é um ataque sem precedentes ao poder de compra dos trabalhadores brasileiros. E o nome disso é estelionato eleitoral, puro e simples.

No país construído por Bolsonaro e Guedes, a fome avança que nem boiada estourada

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A notícia mais escondida dessas eleições apareceu de forma tímida em uma reportagem do portal G1 nesta 4a. feira: 30% dos brasileiros estão passando fome, sendo que 15% deles no nivel mais grave de insuficiência alimentar.  E isso ocorre enquanto o latifúndio agro-exportador associado às grandes multinacionais produtoras de venenos agrícolas e sementes geneticamente modificadas lavam a burra exportando grãos e carne produzidos em regiões recentemente desmatadas da Amazônia e do Cerrado.

O avanço da fome no Brasil é acima de tudo uma vitória do projeto de desnacionalização das nossas reservas estratégicas e dos nossos bercários de biodiversidade que tem à frente a dupla Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.  É esse projeto que causa fome em milhões de brasileiros enquanto a biodiversidade da Amazônia e do Cerrado, bem como os povos originários, são alvo de todo tipo de saqueador que hoje corre livre por causa do desmanche das frágeis estruturas de comando e controle que existiam até o golpe parlamentar orquestrado contra a presidente Dilma Rousseff em 2016.

Pode ser uma imagem de 1 pessoa, criança e texto que diz "Crianças aprendem desde cedo ο que é sentir fome Pesquisa mostra que 7,89 com crianças sofrem com alta do que comer No Luana da Silva alimenta os comida que ganha na rua. PÁGINA 10"

O curioso é que esse projeto de fome foi escancarado pela ação mal enjambrada de um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o “agroempresário” Cássio Cenali, que teve a magnífica ideia (especialmente para a campanha eleitoral do ex-presidente Lula) de produzir um vídeo onde comunicava que iria suspender a entrega de marmitas a uma trabalhadora pobre após descobrir que ela não votaria em Jair Bolsonaro no dia 02 de outubro.

Sem querer, Cenali trouxe à tona o que os efeitos das políticas de fome da dupla Bolsonaro/Guedes e pode ter acelerado uma derrota eleitoral que estava aparecendo no horizonte, mas que agora ganhou tintas fortes.  O espectro da derrota até produziu uma versão chorosa de Jair Bolsonaro cujas lágrimas são tão legítimas quanto uma nota de 2 dólares.

Entretanto, a principal questão que se oferece aos brasileiros não é nem sobre a necessidade de impor uma dura derrota eleitoral a Jair Bolsonaro, pois esta é mais do que óbvia.  O problema é de como colocar o combate à fome que hoje aterroriza milhões de brasileiros no centro da pauta política para o pós-eleição. É que o combate à fome hoje (aliás como sempre sintetizou desde Josué de Castro escreveu o clássico Geografia da Fome) sintetiza todo o desafio de se construir uma nação democrática onde a maioria pobre do seu povo possa ter acesso à condições dignas de existência, e não viver apenas com as migalhas que caem das mesas dos ricos.

Apesar dos 33 milhões de famintos brasileiros, para Jair Bolsonaro não há “fome para valer” no Brasil

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Foto: Agência Brasil

Durante uma participação no podcast “Ironberg” que uma parcela significativa da população brasileira “passe fome para valer” e que os números indicando que em torno de 33 milhões de brasileiros estão passando fome neste momento são exagerados”. O tira-teima estatístico feito por Jair Bolsonaro se baseia no fato de que ao ir na padaria, não se vê ninguém pedindo pão.

Eu desconheço a padaria em que o presidente da república vai buscar o seu pão quando não está sendo servido pelos garçons do Palácio do Planalto nos lautos cafés oferecidos aos frequentadores daquele símbolo do poder. Mas nas padarias que eu frequento há sim gente pedindo pão. Aliás, nas esquinas do Brasil o que não falta é brasileiro pedindo o que os outros puderem dar para comprar pão, café, leite, e por aí vai.  Nesse sentido, a fome é visível para quem quer ver, o que não parece ser o caso de Jair Bolsonaro.

Que o presidente da república não é uma pessoa antenada com a realidade dos brasileiros pobres isto já está evidente desde que saiu corrido do exército para se tornar um deputado inexpressivo, mas que logrou acumular um patrimônio que permite que ele more, quando não está em Brasília, em um condomínio fechado de alto padrão.

Mas e os eleitores de Jair Bolsonaro que se dizem cristãos e, por isso, tomados pelas noções de caridade e fraternidade que se atribui a Jesus Cristo? Para esses cristãos eleitores de Jair Bolsonaro não incomoda que despreze a fome evidente de milhões de brasileiros? Aparentemente não.

Por outro lado, por que a mídia corporativa parece ter engolido mais essa declaração do presidente Jair Bolsonaro sem colocar mais esse negacionismo nas manchetes diárias, desmascarando com dados estatísticos mais essa afirmação esdrúxula?  A grande possibilidade é que os donos desses veículos, a maioria ganhando fortunas com o rentismo de Paulo Guedes, não querem contribuir para a queda do seu bezerro de ouro.

Enquanto isso, a fome e a destruição ambiental avançam em todos os cantos do Brasil.