O governador Cláudio Castro em clima de pajelança explícita com o ex-reitor da UERJ, Ricardo Lodi
Em uma nova reportagem publicada pelo portal UOL, os jornalistas Ruben Berta e Igor Mello revelam em detalhes como funcionava um esquema de desvio de verbas públicas nos chamados “projetos especiais” executados pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A novidade nesta reportagem se refere ao uso de um sistema relativamente sofisticado que misturava o transferência de dinheiro vivo, uso do chamado PIX e o pagamento de rachadinhas por via de boletos.
A questão que me parece grave é que tal esquema não teria como ter funcionado sem o envolvimento direto de políticos ligados ao governador Cláudio Castro e de servidores da própria UERJ, especialmente aqueles que estavam no comando dos tais “projetos especiais”.
Além disso, chama a atenção de que algumas das pessoas que teriam recebido irregularmente os recursos enviados para a UERJ sequer sabiam que estavam recebendo valores que ultrapassam os salários de professores titulares da própria universidade. O fato é que para esse tipo de uso indevido de nomes ocorrer, uma lista com dados pessoais e contas bancárias teria que existir, levantando o problema de quem teria elaborado a lista e, mais importante, a mando de quem.
Também me parece curioso que quando instados a dar respostas sobre os valores recebidos ilegalmente, muitos dos envolvidos tenham uma resposta comum que foi “falem com a reitoria da Uerj”. Tal resposta indica que há um esquema elaborado de evitar dar “nomes aos bois” e, pior, colocar tudo nas costas da Uerj cuja reitoria insiste em uma fórmula que me parece para lá de insuficiente que é a instalação de uma “Comissão Permanente de Apuração”. Ora, isso parece a postura de quem não quer apurar nada.
É que todo mundo que trabalha em órgãos estaduais sabe que em face de denúncias por violações por mais mínimas que seja o normal é a instalação de uma Comissão Especial de Sindicância que são responsáveis por apurar de forma específica quem são os responsáveis pelos fatos denunciados. A criar uma espécie de super comissão, o que a reitoria da UERJ está fazendo é basicamente empurrar o problema com a barriga.
O mais lamentável disso tudo é que a UERJ vive funciona em meio à grandes dificuldades financeiras em que o orçamento aprovado pela ALERJ é insuficiente para que a universidade cumpra suas obrigações e leve a cabo todas as suas atividades acadêmicas dentro do padrão de qualidade que se espera de uma universidade pública tão tradicional. Assim, cresce a necessidade de que se apure todas as responsabilidades pela instalação desse esquema fraudulento de apropriação de recursos públicos.