O Portal UOL publicou hoje mais uma matéria assinada pelos jornalistas Ruben Berta e Igor Mello sobre a saga dos chamados “projetos especiais” realizados na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O capítulo de hoje revela que dois projetos da Uerj pagaram pelo menos R$ 2 milhões a pessoas ligadas à cúpula do Partido Liberal (PL) no Rio de Janeiro, incluindo associados do deputado federal Altineu Côrtes e do vereador Carlos Bolsonaro.
Essa reportagem revela que os pagamentos se deram a partir de dois projetos – um em inovação de escolas públicas e outro de educação profissional. O interessante é ver as “expertises” de alguns dos beneficiários do esquema de pagamentos, incluindo um vendedor de espetinhos em São Pedro D´Aldeia e um assessor jurídico de Carlos Bolsonaro, passando ainda pela mãe do senador Carlos Portinho.
O curioso (na falta de melhor palavra) é que essa nova reportagem mostra uma ligação direta entre a Uerj e a família Bolsonaro. Esse tipo de conexão talvez explique algumas situações ocorridas dentro do campus Maracanã que foi alvo de várias “visitas” turbulentes de parlamentares bolsonaristas. Agora, com mais essa reportagem da dupla Berta e Mello, fica-se na dúvida se tudo não passava de teatro para ocultar as relações nada republicanas que envolvem o dispêndio de milhões de reais no pagamento de contratados que agora têm dificuldade de explicar o porquê dos pagamentos.
Mais lamentável ainda é a posição da reitoria da Uerj que se resume a declarar que “”vem apurando rigorosamente todas as denúncias apresentadas de supostas irregularidades”. Essa declaração que carece de qualquer credibilidade, na medida em que não há notícia de tais apurações rigorosas e, tampouco, as irregularidades são supsotas. É ainda mais lamentável saber que, por muito menos, a reitoria da Uerj já abriu as chamadas “comissões especiais de sindicância” para tratar de questões bem mais simples do que aquilo que as reportagens de Ruben Berta e Ifor Mello têm revelado nos últimos meses.
Há que se lembrar que toda essa situação embaraçosa ocorre em um contexto em que a Uerj convive com graves problemas no seu funcionamento cotidiano, a começar pela precariedade das instalações física do campus Maracanã. O pior é que esse tipo de escândalo ainda serve para desmoralizar os justos pleitos pela melhoria do financiamento das universidades públicas.
Finalmente, eu fico imaginando se em um certo momento estas revelações ainda não vão chegar na própria reitoria da Uerj, visto que os tais projetos especiais aconteceram sob o beneplácito da administração central da instituição.