
Wladimir com seu pai Anthony: na comparação com o pai, o prefeito ainda é aprendiz de feiticeiro
Ontem postei aqui um texto sobre o ataque realizado por apoiadores do prefeito Wladimir Garotinho a um protesto legítimo e pacífico realizado por comerciantes do centro histórico de Campos dos Goytacazes em face do óbvio abandono que a região está submetida pelo governo municipal e, pasmem, pelas entidades que dizem representar os comerciantes que ainda resistem naquela parte da cidade.
Na minha postagem eu inferi que se esse ato tivesse alguma repercussão negativa para a sua campanha de reeleição, o prefeito viria a público em 2024 para condenar tardiamente a violência despropositada que seus apoiadores cometeram contra quem simplesmente exigiu ações concretas de seu governo para energizar uma região da cidade que serve principalmente aos segmentos mais pobres da população que ali acorrem para fazer suas compras.
Mas Wladimir Garotinho não precisou de mais de 24 horas para se posicionar não contra a violência cometida contra uma manifestação democrática, mas para caracterizá-la como mera “politicagem”, já que no momento do ato ele estaria se encontrando com dirigentes da CDL e da ACIC (ver vídeo abaixo).
A primeira coisa que se pode retirar dessa declaração é que o prefeito Garotinho só considera política aquilo que é feito sob sua batuta, e que ações autônomas de crítica (por mais óbvias e legítimas que sejam) não passam de políticagem. Essa visão revela não apenas um autoritarismo latente, mas também uma incapacidade de entender que quem critica, na maioria das vezes, é quem mais contribui para que um dado governante possa melhorar seus rumos.
A segunda coisa é que apesar de declarar que não quer repetir os erros cometidos por seus pais políticos, Rosinha e Anthony, Wladimir está ignorando uma importante fonte de acerto do seu pai. É que tendo negociado diretamente com Anthony Garotinho em mais de uma ocasião questões relativas à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) notei nele a capacidade de não apenas entender a crítica feita, mas como a capacidade de assimilar as fórmulas propostas. A autonomia da Uenf, por exemplo, resultou desse tipo de postura de Anthony Garotinho que mudou sua posição após um encontro com o comando de greve na sala do então prefeito Arnaldo Vianna.
Assim, não me resta mais nada a concluir que quando colocados um em comparação ao outro, Wladimir ainda tem muito a aprender com seu pai. Resta saber se terá a humilde necessária para reconhecer essa necessidade. Até lá, ele será um mero aprendiz de feiticeiro. E para nós campistas restará apenas o salve-se quem puder.