
O Brasil é um país onde a usura corporativa em sua busca incessante por lucros às custas da maioria pobre da população já causou múltiplos incidentes socioambientais. Podemos lembrar de Mariana e Brumadinho, mas poderíamos lembrar de muitos outros. Mas agora temos diante de nós, ainda que pobremente noticiado pela mídia corporativa nacional, o caso da Braskem e o afundamento de partes significativas de Maceió, capital do estado de Alagoas (ver vídeo abaixo).
A Braskem é uma empresa de atuação global com unidades no Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México. É controlada pela Novonor (ex-Odebrecht) e tem ainda a Petrobras com parte das ações. A Braskem mantém atividades de mineração sob a superfície de Maceió desde a década de 1970, explorando o chamado sal gema. Em março de 2018, um tremor de terra foi sentido na cidade. O evento
causou o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Cerca de 60 mil moradores deixaram a área na época. A Braskem, responsável pelo problema, passou a indenizar os moradores. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo incidente causado pela empresa.
Alguém poderá dizer que a Braskem prosseguiu com sua forma irresponsável de exploração do subsolo de Maceio pela falta de alertas de pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) ou de qualquer outra instituição de pesquisa local ou nacional. Mas não foi isso o que aconteceu, pois há vários anos já existiu quem alertasse a empresa sobre os graves impactos que suas 35 minas de sal gema poderiam causar em Maceió.
Agora que a vaca está indo literalmente para o fundo brejo e junto com ela bairros inteiros, a Braskem ainda tenta se eximir de suas responsabilidades. Aliás, por onde andavam as autoridades municipais e estaduais, incluindo quem dava as licenças ambientais para as operações da Braskem, por quase quatro décadas?
A situação em Alagoas é extremamente grave, pois, apesar de existir agora um acompanhamento próximo das áreas que estão afundando, o descaso com os atingidos continua flagrante. Nesse sentido, na última 5a. feira (30/11) a Faculdade de Serviço Social da UFAL emitiu um documento (ver imagem abaixo) onde cobra uma série de ações para que haja um mínimo de cuidado com os milhares de atingidos que estão sendo deixados á mercê da própria sorte pela Braskem e pelos governos envolvidos no problema.

É importante ressaltar que o que está acontecendo em Maceió é mais um daqueles desastres anunciados em que a usura corporativa prevaleceu. O problema é que esse não é um caso isolado, muito pelo contrário. Assim que ninguém se surpreenda se em um futuro não muito distante, o Brasil for palco de outros incidentes socioambientais como o que está ocorrendo em Maceió neste momento.
Caro amigo,
O buraco é muito mais embaixo…na verdade, suspeita-se que a BRASKEM será a maior beneficiada com o desastre que ela provocou…
O valor das indenizações pagas, e algumas não pagas, que serão judicializadas e eternamente postergadas, é muito, mas muito inferior ao que a empresa investirá na recuperação e revenda de imóveis na zona mais cara de Maceió…
É esse o truque, e mais, há, como sempre, o dinheiro da viúva gasto em estudos geológicos, retirada dos moradores, etc, etc, etc…
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