
Pessoas desabrigadas pelas enchentes de 2024. O drama está se repetindo em 2025
O termo refugiado climático se refere a pessoas que, por causa das mudanças climáticas têm de deixar o território em que vivem. Pois bem, as notícias que chegam do estado do Rio Grande do Sul dão conta que, pouco mais de um ano após a ocorrência das mega enchentes que assolaram a parte central do estado e que tiveram impactos profundos sobre a cidade de Porto Alegre, há uma nova enchente gigantesca em curso.
Segundo informações do site Metsul, o nível do Rio Jacuí, que desemboca no Guaíba, atingiu nesta sexta-feira (20/6) 26,30 metros em Cachoeira do Sul, valor que fica abaixo somente das enchentes de 1941 e 2024. Como o Jacuí termina no Guaíba, as próximas horas poderão ser dramáticas para os segmentos da população que foram duramente afetados em 2024. Penso ser importante lembrar que em maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul foi assolado por inundações históricas, afetando mais de 300 mil pessoas e 446 municípios.

Ponte do Fandango foi interditada nesta sexta-feira (20/6) com o terceiro maior nivel do Rio Jacuí já observado na história de Cachoeira do Sul | Cristiano Pontes Dias
Nos próximos dias e semanas, o Blog do Pedlowski deverá publicar textos de testemunhas privilegiadas da hecatombe climática que se abate mais uma vez sobre o Rio Grande do Sul em um esforço de oferecer informações que estão sendo negadas pela mídia corporativa.
É importante lembrar que a situação do Rio Grande do Sul é causada por uma combinação de elementos complexos que combinam mudanças no uso da terra dentro e fora dos limites estaduais com fatores climáticos que operam em diferentes escalas espaciais. A hegemonia das monoculturas da soja e de árvores na região central do Rio Grande do Sul somada ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado representa um gatilho poderoso na detonação de uma grave crise climática que ameaça se repetir anualmente.
Enquanto isso as elites gaúchas dentro e fora do aparelho de estado continuam se comportando no melhor estilo dos ricos que estavam dentro do navio Titanic. Em outras palavras, continuam aferradas ao mesmo estilo de produção e consumo que está na gênese da crise climática que abala o Rio Grande do Sul. Afinal de contas, elas não precisam se preocupar quando as águas sobem.
Como me chegaram notícias de que sequer as comportas que protegem (ou deveriam proteger) foram consertadas, o produto final disso será a criação de uma massa de refugiados climáticos que terão de procurar outras partes do Brasil para se instalar.