A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro explicita o fosso do tratamento dado a brasileiros enrolados com a justiça

Prisão domiciliar de Bolsonaro foi motivada por videochamadas | O TEMPO

O ministro Alexandre de Moraes decretou ontem a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro por violações dos termos estabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) enquanto perdure o trâmite do processo que ele responde por tentativa de golpe de Estado.

Pois bem, ainda que os apoiadores do ex-presidente possam estar furiosos com a medida, o fato é que a decretação de uma prisão domiciliar para alguém, independente de quem seja, que esteja enrolado com a justiça apenas explicita o fosso que separa os ricos e poderosos da maioria pobre da nossa população.

É que se fosse um “Zé das Couves” que tivesse sido flagrado cometendo violações de disposições que o mantinham em liberdade enquanto respondesse um processo em liberdade, o destino desse brasileiro comum seria ocupar uma cela superlotada em alguma masmorra desprovida das condições mínimas de dignidade, como, aliás, se encontram hoje milhares de brasileiros que sequer foram indiciados por algum crime.

E curiosamente certamente não haverá qualquer apoiador de Jair Bolsonaro que venha a público reclamar dessa óbvia disparidade de tratamento, ainda que tenham se manifestado em posição contrária em um passado nada distante para mecanismos pontuais destinados a aliviar a superlotação das cadeias. É que para a extrema-direita cana dura mesmo só se for pobre.

Mas aguardemos os próximos capítulos, pois mesmo que essa prisão domiciliar seja cumprida em uma das mansões da família Bolsonaro, o mais certo é que Jair e seus filhos não se emendem e continuem a atacar as ações do STF, sempre contando com o apoio do governo de Donald Trump. Como diria William Shakespeare, o enredo se adensa…

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