Adriana Ancelmo deixará prisão para “cuidar dos filhos”. Enquanto isso, quem cuida das crianças pobres com pais na mesma condição?

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A mídia corporativa está informando que o juiz Marcelo Bretas decidiu colocar hoje em prisão domiciliar a advogada Adriana Ancelma, esposa do ex (des) governador Sérgio Cabral baseado no fato de que os filhos do casal estavam desassistidos pelo fato dos dois estarem presos (Aqui!Aqui! e Aqui!).  Lembremos todos que ela foi colocada na prisão em Dezembro de 2016.

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Em relação a esse caso, a primeira coisa que tenha a dizer é que o uso da prisão preventiva no caso da esposa e ate´do ex (des) governador Sérgio Cabral ocorreram em condições ainda pouco claras em termos de sua finalidade.  Aliás, para falar a verdade, essas prisões pareceram ilegais. Daí que libertá-la faz sentido, ainda que as condições impostas pareçam impraticáveis.

Agora, o que me causa espanto é que neste momento um número desconhecido, porém certamente grande, de crianças brasileiras pobres estão privadas da presença de seus pais porque estes estão presos por vários anos, também em condição preventiva, e por crimes de pequena monta. Por que então essas crianças pobres podem ficar sem seus pais, e os filhos de Adriana Ancelmo não podem?

A resposta é simples: porque uns são ricos e outros são pobres. Simples assim!

Todos os caminhos levam à joalheria Antonio Bernardo

Uma das maiores revelações de todo os escândalos que cercam a crise (seletiva) financeira que se abateu sobre o Rio de Janeiro foi a revelação de que um dos caminhos preferenciais para a lavagem de dinheiro arrecadado por propinas era o das joalherias de alto luxo, algumas beneficiárias da farra fiscal comandado por Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão (Aqui!).

Dentre as joalherias identificadas como participante de um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro foi a Joalheria Antonio Bernardo que teria criado até um esquema de contabilidade paralelo para dificultar a identificação de clientes como Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo (Aqui!).

Mas não é que com a trágica morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, descobrimos que a Joalheria Antonio Bernardo também tinha uma conexão com o caminho do coração pela figura de Liliana Schneider que seria gerente da loja existente na Barra da Tijuca, mais precisamente no Barra Shopping (Aqui!).

Agora, me digam, não é mesmo muito estranho que tenhamos esta revelação apenas depois da morte da Zavascki? Para mim, no entanto, é interessante notar que o ministro Zavascki estivesse ligado pela amizade e pelo coração a pessoas com ligação direta com a operação Lava Jato qual ele era o relator no âmbito do STF, como já era o caso do empresário Carlos Alberto Fernandes Figueira (Aqui!).

Alguns poderão dizer que não se escolhe quem se ama a partir do local onde a pessoa trabalhas, mas como Liliana Schneider trabalha na Antonio Bernardo há 17 anos, não haveria como ela não saber do esquema implantado na empresa para fazer a lavagem de dinheiro pelo menos para Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, mas sabe-se-lá mais quem. Daí que em nome da insuspeição de suas decisões, Zavascki deveria ter aconselhado a namorada a procurar outro emprego após as conexões entre a empresa e o casal Cabral apareceram na imprensa.

E não me venham dizer que o que acontece na intimidade das pessoas não é importante para o que elas fazem profissionalmente. É que diante do quadro político e econômico criado pela operação Lava Jato, essa opção simplesmente não serve como escusa para garantir a isenção de Teori Zavascki. E, repito, o mais lamentável é que só saibamos das conexões pessoais dele após sua morte, pois ele não está mais aqui para oferecer as devidas explicações.

 

Transparência RJ descobre outro “negócio da China” com o dinheiro público: a compra dos trens chineses para a SuperVia

O blog “Transparência RJ” continua sua busca por negócios feitos pelo (des) governo do Rio de Janeiro com o dinheiro público, normalmente para encher os cofres das corporações privadas. A última descoberta se refere à compra de trens chineses para entregar à SuperVia que opera a concessão desse setor do transporte público (Aqui!).

Alguns detalhes chamam a atenção em mais esse “negócio da China” com o dinheiro do contribuinte fluminense. A primeira questão observada é o encarecimento de cada unidade adquirida dos chineses, pois o preço saltou de pouco mais de R$ 9 milhões para quase R$ 19 milhões, o que rendeu um gasto total de pouco mais de R$ 1,31 bilhão. A segunda questão descoberta pelo Transparência RJ é que a causa desse aumento foi o uso do Yuan como moeda de referência e da mudança da taxa de conversão da moeda chinesa para Real. Em outras palavras, outra matemática financeira complicada que requereria maiores explicações dos responsáveis pelo contrato de compra dos trens chineses.

O outro elemento que me causa estranheza é o fato do estado do Rio de  Janeiro continuar comprando trens para usufruto da SuperVia.  Tal situação configura um verdadeiro negócio da China para a SuperVia que já vem sendo beneficiada com isenções fiscais milionárias e acaba recebendo de graça trens para cobraram algumas das tarifas mais caras no setor no mundo.  

Essa política de apropriação das verbas públicas para beneficiar operadores de serviços públicos privatizados se revela como um verdadeiro escândalo, já que não há sequer a contrapartida em termos de serviços de qualidade, o que é comprovado pela agrura diária a que a população que tenta usar os serviços prestados pela SuperVia que é controlada nada mais, nada menos que pela empreiteira Odebrecht (Aqui! e Aqui!).

A coisa fica ainda mais cheirando a escândalo quando se leva em conta que em 2010, o ex-(des) governador Sérgio Cabral prorrogou a concessão da SuperVia por mais 25 anos (Aqui!), garantindo assim que a Odebrecht possa tirar o maior proveito possível da compra dos trens chineses que agora, graças ao Transparência RJ, se sabe que não saíram tão barato quanto o anunciado em 2012. E a cereja neste bolo de gosto duvidoso é o fato da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, ter em sua carteira de clientes no período da renovação da concessão, a própria SuperVia!

E depois os culpados pela crise financeira por que passa o Rio de Janeiro são os servidores públicos da ativa e aposentados. Façam-me o favor!