A conveniente separação entre política e politicagem revela que Wladimir Garotinho ainda é aprendiz de feiticeiro

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Wladimir com seu pai Anthony: na comparação com o pai, o prefeito ainda é aprendiz de feiticeiro

Ontem postei aqui um texto sobre o ataque realizado por apoiadores do prefeito Wladimir Garotinho a um protesto legítimo e pacífico realizado por comerciantes do centro histórico de Campos dos Goytacazes em face do óbvio abandono que a região está submetida pelo governo municipal e, pasmem, pelas entidades que dizem representar os comerciantes que ainda resistem naquela parte da cidade.

Na minha postagem eu inferi que se esse ato tivesse alguma repercussão negativa para a sua campanha de reeleição, o prefeito viria a público em 2024 para condenar tardiamente a violência despropositada que seus apoiadores cometeram contra quem simplesmente exigiu ações concretas de seu governo para energizar uma região da cidade que serve principalmente aos segmentos mais pobres da população que ali acorrem para fazer suas compras. 

Mas Wladimir Garotinho não precisou de mais de 24 horas para se posicionar não contra a violência cometida contra uma manifestação democrática, mas para caracterizá-la como mera “politicagem”, já que no momento do ato ele estaria se encontrando com dirigentes da CDL e da ACIC (ver vídeo abaixo).

A primeira coisa que se pode retirar dessa declaração é que o prefeito Garotinho só considera política aquilo que é feito sob sua batuta, e que ações autônomas de crítica (por mais óbvias e legítimas que sejam) não passam de políticagem.  Essa visão revela não apenas um autoritarismo latente, mas também uma incapacidade de entender que quem critica, na maioria das vezes, é quem mais contribui para que um dado governante possa melhorar seus rumos.

A segunda coisa é que apesar de declarar que não quer repetir os erros cometidos por seus pais políticos, Rosinha e Anthony, Wladimir está ignorando uma importante fonte de acerto do seu pai. É que tendo negociado diretamente com Anthony Garotinho em mais de uma ocasião questões relativas à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) notei nele a capacidade de não apenas entender a crítica feita, mas como a capacidade de assimilar as fórmulas propostas.  A autonomia da Uenf, por exemplo, resultou desse tipo de postura de Anthony Garotinho que mudou sua posição após um encontro com o comando de greve na sala do então prefeito Arnaldo Vianna.

Assim, não me resta mais nada a concluir que quando colocados um em comparação ao outro, Wladimir ainda tem muito a aprender com seu pai. Resta saber se terá a humilde necessária para reconhecer essa necessidade. Até lá, ele será um mero aprendiz de feiticeiro. E para nós campistas restará apenas o salve-se quem puder.

O Garotismo como braço auxiliar do Bolsonarismo ou… o triste fim de uma carreira política promissora

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De político promissor a braço auxiliar de Jair Bolsonaro, a peculiar trajetória de Anthony Garotinho

Morando em Campos dos Goytacazes desde janeiro de 1998, pude assistir ao auge e à decadência de uma importante liderança política que chegou a angariar impressionantes 17,86% dos votos para presidente em 2002 pelo PSB. Antes disso, essa personalidade havia sido eleito aos 39 anos para governar o estado do Rio de Janeiro, o que representou uma fenômeno eleitoral, na medida em que um político saído do interior bateu adversários fortes em uma eleição bastante concorrida.  Entretanto, após a perda das eleições de 2002, em vez de usar o capital político angariado para se firmar como importante liderança nacional, esse agora não tão jovem político abandonou suas raízes de esquerda e caminhou firme e resolutamente para a direita, até se tornar uma espécie de braço auxiliar da ideologia de extrema-direita que se convencionou chamar de “Bolsonarismo” (aliás, quem sabe qual é o partido atual desse personagem?). 

Obviamente falo acima de Anthony Garotinho, a fulgurante figura que saiu dos palcos do teatro campista para navegar por diversos partidos para aportar nos braços de Jair Bolsonaro. Como já tive a oportunidade de, ao longo dos anos, acompanhar o que considero o brilhantismo político de Anthony Garotinho, vê-lo como uma espécie de papagaio de pirata da extrema-direita chega a ser decepcionante, pois sempre respeitei a sua sagacidade e capacidade de sobrevivência política.

Mas há que se lembrar que esse percurso da esquerda para a direita não aconteceu sem que fosse possível notar a transmutação. É que para quem não se lembra, Anthony Garotinho foi um dos primeiros, senão o primeiro, político a falar da existência de um inexistente “Kit Gay” que seria distribuído pelo Ministério da Educação e Cultura. Aliás, foi ali que Garotinho ofereceu a primeira “dica” para Jair Bolsonaro para criar um fantasma para atacar o governo do PT que era comandado por Dilma Rousseff. Não é à toa que recentemente, a candidata derrotada e filha de Garotinho, Clarissa, reviveu mais uma vez a fábula do “Kit Gay” para reforçar seu discurso cada vez mais reacionário.

Agora em um segundo turno acirrado está anunciada a vinda do senador Flávio Bolsonaro para uma carreata na cidade de Campos dos Goytacazes, a qual deverá ter a participação da filha Clarissa e do filho-prefeito, Wladimir Garotinho. Esse evento marcará a consolidação do processo de subalternização da família Garotinho à Jair Bolsonaro.  Até aqui nenhuma surpresa, pois não me parece haver mais caminho de retorno para Anthony Garotinho e seus descendentes. Entretanto, ao se abraçar a Jair Bolsonaro, Anthony Garotinho não só se descola definitivamente de qualquer possibilidade de praticar uma política progressista, mas também se arrisca a afundar junto com Jair Bolsonaro.

A questão agora é saber como a herança de desmobilização e desorganização que acompanhou a trajetória do “Garotismo” será apagada da política campista. Pessoalmente vejo algumas possibilidades promissoras para que haja uma saída pela esquerda em um quadro que momentaneamente nos torna um dos municípios mais bolsonaristas do Brasil. De toda sorte, uma coisa me parece sorte: o Garotismo tenderá a uma maior fragmentação que desembocará num maior fracionalismo que poderá, entre outras coisas, gerar uma disputa pela marca Garotinho. Isso, aliás, já ficou claro por meio de um vídeo para lá de caótico no qual o patriarca cobrava e denunciava o que considerava ser um corpo mole do filho-prefeito em relação à campanha eleitoral da irmã-candidata a senadora. 

Eleição no Rio de Janeiro tem momento de constrangimento explícito entre Anthony Garotinho e Cláudio Castro

A imagem (constrangedora) mostrada abaixo vem diretamente da convenção estadual do Rio de Janeiro do partido “União Brasil” (UB) e reflete o momento em que o ex-governador Anthony Garotinho declarou seu apoio ao governador acidental Cláudio Castro que se apresenta como candidato para ser eleito para mais quatro anos de (des) governo.

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A cena acima revela com todas as tintas um momento de contrangimento explícito que foi imposto a Anthony Garotinho que teve de fazer um “beija mão” para supostamente declarar apoio a Cláudio Castro a quem dirigia até pouco tempo adjetivos nada abonadores. Garotinho atribuiu sua mudança de postura a uma suposta disciplina pessoa que lhe impõe adotar a postura que lhe foi imposta pela direção do UB.  Acontece que após perambular por outro oito partidos antes de chegar ao UB, a razão real para essa reviravolta deve ser outra. 

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Pela cara de Garotinho e Castro, o momento constrangedor dificilmente se transformará em ação política real por parte do primeiro. Sei lá, apenas um palpite.

Wladimir Garotinho e sua bizarra ideia de construir uma ponte sobre a Lagoa de Cima

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Li com alguma incredulidade a informação de que o prefeito Wladimir Garotinho em sua recente à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) teria anunciado a construção de uma ponte sobre o espelho da Lagoa de Cima, uma unidade de conservação ambiental criada via a Lei Municipal No. 5.394 de 24 de Dezembro de 1992 nos estertores do primeiro mandato de prefeito de Anthony Garotinho, que vem ser o pai mais famoso do jovem alcaide campista (ver imagem abaixo).

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A ideia de construir uma ponte sobre um ambiente lacustre que já se encontra sob forte pressão me faz pensar que, ao contrário do pai que mostrou em 1992 estar antenado com as preocupações ambientais emanadas naquele ano do interior da  Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro naquele mesmo ano, Wladimir está mais alinhado com as posturas de outro prefeito notório, Zezé Barbosa, que resolveu dividir outra famosa lagoa campista, a do Vigário,  para a construção de uma avenida sobre seu leito. 

A volta ao passado já tinha sinalizada por Wladimir Garotinho quando ele decidiu extinguir a secretaria municipal de Meio Ambiente, mas agora com a proposta de construção de uma ponte (que poderia ser chamada de Ponte Zezé Barbosa) sobre a Lagoa de Cima, a regressão está clara e escancarada.  E desde já sinalizo que essa proposta indecorosa não poderá ser tolerada, seja por quem se beneficia dos serviços ambientais propiciados por aquele importante ecossistema lacustre, mas também pelas autoridades judiciais.

É que não se for tolerada a construção dessa ponte sobre a Lagoa de Cima as consequências ambientais, bem como os prejuízos econômicos e culturais, serão inevitáveis.  O curioso é que no já distante ano de 2006, sob o comando científico do professor Carlos Eduardo de Rezende, dois laboratórios da Universidade Estadual do Norte Fluminense (o de Ciências Ambientais (LCA) e o de Estudos do Espaço Antrópico (LEEA), produziram um estudo detalhado sobre a Lagoa de Cima que foi transformado no livro intitulado “Diagnóstico ambiental da área de proteção ambiental da Lagoa de Cima” (ver imagem abaixo).

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Essa obra trouxe não apenas informações sobre as características ambientais da Lagoa de Cima, mas uma série de informações importantes para a sua gestão sustentável. Lamentavelmente todas as informações contidas na obra, ainda que entregues em cerimônia pública a gestores municipais e posteriormente ao Ministério Público Estadual, na figura do falecido promotor de justiça Marcelo Lessa, nunca foram devidamente aproveitadas. No entanto, me atrevo a dizer que tanto o diagnóstico como as linhas mestras para o ordenamento e uso sustentável da APA da Lagoa de Cima continuam atuais.

Em função disso tudo é que será necessária uma mobilização urgente para impedir que a ponte Zezé Barbosa jamais saia dos planos mirabolantes de Wladimir Garotinho. Afinal de contas, não é possível que em pleno século XXI ainda se tolere ações que já estão para lá de ultrapassados. Essa ponte para o passado proposta por Wladimir não pode ser tolerada. Simples assim.

E antes que eu me esqueça, uma humilde sugestão ao prefeito: seja mais como seu pai foi, e menos Zezé Barbosa.  A natureza certamente vai agradecer!  Para quem tiver dúvida disso, sugiro que assista o vídeo abaixo que é bem ilustrativo das belezas da Lagoa de Cima.

De candidato a líder nacional a papagaio de pirata de Jair Bolsonaro, o desastroso percurso de Anthony Garotinho

Ao contrário de muitos que vi em mais de duas décadas vivendo na cidade de Campos dos Goytacazes que oscilaram entre o ódio declarado ao abraço apaixonado, sempre vi em Anthony Garotinho qualidades que o tornavam um potencial líder político nacional, já que chegou a ficar em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais de 2002 com respeitáveis 15 milhões de votos . Entretanto, dadas as marchas e contra-marchas de sua trajetória política, o potencial para ser uma liderança nacional nunca foi realizado, e Anthony Garotinho acabou sendo uma espécie de rei de um reinado pequeno, no caso o município de Campos dos Goytacazes, onde ele continua reinando absoluto, muito em função da fraqueza de seus adversários, e não apenas pelos seus méritos óbvios.

Mas com a chegada ao poder de Jair Bolsonaro, algo ainda mais tenebroso parece ter acontecido com o jovem político que subia em caixotes para fazer seus discursos inflamados contra os coronéis que controlaram com mão de ferro a política municipal por centenas de anos. É que objetivamente, ao invés de se afastar de um líder que clara e objetivamente tem ojeriza aos pobres, Anthony Garotinho agiu para colocar seu grupo político nos braços de Jair Bolsonaro.

Esse abraçar do Bolsonarismo remove de Anthony Garotinho qualquer possibilidade de ocupar um papel positivo na mudança de rumos que o Brasil precisará tomar após os desastrosos quatro anos de Jair Bolsonaro na presidência da república.  Na prática, ao se abraçar com Bolsonaro, Anthony Garotinho opta pela obscuridade no período histórico seguinte, pois dificilmente haverá por parte de quem quer seja eleito para substituir Jair Bolsonaro (o mais provável a ocupar esse papel é o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva), não haverá espaço para Anthony Garotinho para além da política paroquial campista.

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Em visita a Campos dos Goytacazes, Jair e Flávio Bolsonaro ostentam com camisas do tradicionalíssimo Americano Futebol Clube, tendo ao fundo os governadores Anthony e Rosinha Garotinho

Por isso tudo é que a imagem acima sintetiza a situação melindrosa em que Anthony Garotinho optou por se colocar, qual seja, a de um papagaio de pirata de um líder impopular e, pior, anti-popular, o qual representa tudo o que aquele jovem político campista tinha o potencial para ser e não foi, e nem será.

Graças ao governo desastroso de Rafael Diniz, a família Garotinho retoma no voto a prefeitura de Campos dos Goytacazes

De virada, Wladimir Garotinho vence eleição e é o novo prefeito de Campos

Em setembro de 2017 (ou seja com menos um de governo) indiquei que as ações do jovem prefeito Rafael Diniz iriam servir para que o grupo político do ex-governador, tal como um Fênix, pudesse ressurgir das cinzas no cenário municipal. Hoje, pouco mais de 3 anos após aquela postagem, eis que o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) venceu Caio Vianna (PDT) por uma margem até mais apertada do que esperava (ver abaixo o gráfico com a margem da apuração).

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Agora resta esperar o que vai acontecer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto à chancela da candidatura a vice-prefeito de Frederico Paes (MDB) e de que possíveis efeitos isso poderá ter sobre a homologação da vitória de Wladimir Garotinho.

A lição que parece ficar é que a influência de Anthony Garotinho e seu grupo na política municipal ainda vai perdurar por muito tempo, e que não serão derrotas eventuais que vão mudar isso.  A questão é que enquanto perdurarem as profundas desigualdades sociais que existem em Campos dos Goytacazes sempre haverá apelo para aqueles que se disponham a manter, ainda que precariamente, os pobres no orçamento municipal. 

O ex-governador Anthony Garotinho saúda populares que se aglomeram em frente da sua casa para festejar a eleição de seu filho Wladimir para ser o próximo prefeito de Campos dos Goytacazes

E diga o que se disser de Anthony Garotinho, ele claramente inocolou em pelo menos dois dos seus filhos o gosto pela disputa política. Assim, mesmo que ele esteja alijado das disputas como participante direta, isso não significante que não será influente.

Quanto ao ainda prefeito Rafael Diniz, quem desejar culpá-lo pela volta da família Garotinho à chefia do executivo municipal o fará com toda razão. Afinal, com um governo desastroso como o dele, a volta da família Garotinho à prefeitura de Campos dos Goytacazes se tornou praticamente uma certeza.

O prende e solta de Anthony e Rosinha Garotinho serve a quais interesses?

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O ex-governador Anthony Garotinho no momento em que era preso no âmbito da “Operação Secretum Domus”.

No dia de ontem estive envolvido nas eleições para a reitoria da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e não tive tempo de comentar a última prisão do casal de ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho.   Demorei tanto a comentar a prisão que agora tenho que notar a decisão do Desembargador Siro Darlan ordenando a soltura de Anthony e Rosinha.

O Desembargador Siro Darlan aproveitou para notar em sua decisão que “as páginas que o magistrado de piso fundamenta o decreto se revelam vazias de conteúdo e composta de jargãos a justificar uma decisão sem qualquer necessidade”. 

Diante da decisão de Siro Darlan, me resta a pergunta: a quais interesses serve essa sequência de prisão/soltura do casal Garotinho, e usando decisões  que são”vazias de conteúdo” e “compostas de jargãos“?

Enquanto isso, o município de Campos dos Goytacazes afunda em uma crise gigantesca sem que ninguém se dispunha a oferecer os mesmos espaços editoriais e quantidade de tinta à prisões que não se sustentam nem por 24 horas.

 

Sérgio Cabral, o dedo duro conveniente

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O ex (des) governador Sérgio Cabral Filho no dia da entrega da medalha Tiradentes ao seu filho Marco Antônio.  Eduardo Paes presente na cerimônia é um dos inúmeros atingidos pela metralhadora giratória de delações do hoje hóspede involuntário do sistema prisional fluminense.

Premido pela perspectiva de passar um bom tempo na cadeia, o ex (des) governador Sérgio Cabral se transformou em uma metralhadora giratória de delações nas quais procura tentar compartilhar os seus alegados descaminhos à frente do executivo fluminense. Até certa medida, Cabral está repetindo a trajetória de outro encrencado ilustre, o ex-super poderoso Antonio Palocci cujo esforço recente tem sido impingir aos seus antigos companheiros toda sorte de transgressão na esperança de se livrar de cumprir as suas próprias penas.

 

Vídeo da campanha de Sérgio Cabral (Filho) para a prefeitura do Rio de Janeiro de 1992. O dedo duro de hoje era vendido então como o “jovem e habilidoso” protótipo do político honesto.

Entretanto, Sérgio Cabral talvez esteja chegando atrasado no mercado das delações premiadas. É que depois das estripulias dos “lavajatenses” de Curitiba, especialmente no caso da tal fundação privada que deveria gerir recursos bilionários retiradas dos caixas da Petrobras e da construtora Odebrecht, o encanto da classe média punitivista parece estar em arrefecimento.  Isso é lamentável para Sérgio Cabral porque o humor mudou e agora vai ser preciso mais do que delações puras e simples, mas principalmente documentos comprobatórios do que está se dizendo dos crimes que este ou aquele personagem cometeu.

Obviamente, especialmente no caso do ex-governador Anthony Garotinho, já é possível notar uma clara euforia dos seus adversários e inimigos paroquiais. É que premidos pelas evidências de que Garotinho é uma espécie de Fênix política, há um claro senso de desespero para que ele seja abatido antes das eleições de 2020. É que se ele permanecer livre, as chances maiores é de que o jovem prefeito Rafael Diniz vai ter que voltar para sua condição de funcionário público onde provavelmente terá que passar a apertar o botão do ponto eletrônico que ele supostamente está impondo aos servidores públicos municipais em Campos dos Goytacazes.

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Sérgio Cabral e Anthony Garotinho celebrando juntos nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro quando ainda não haviam se transformado em inimigos figadais.

Entretanto, voltando a Sérgio Cabral, considero especialmente covarde o ataque ao falecido governador Leonel Brizola do qual sempre se declarou inimigo político. É que por uma Leonel Brizola está morto e não tem como se defender das acusações de que teria participado das mesmas práticas que colocaram Cabral na cadeia. A segunda questão é que os dados históricos existentes apontam no sentido oposto do que Sérgio Cabral está dizendo que Brizola praticou. Qualquer um com um pingo de memória histórica sabe que Leonel Brizola foi o único governador pós-ditadura militar que procurou estabelecer um mínimo de controle sobre as castas que controlam o transporte público no estado do Rio de Janeiro. Nesse sentido, ao atacar Leonel Brizola, o que Sérgio Cabral faz é tentar colocar todos na vala comum em que ele se jogou por vontade própria.

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Sérgio Cabral e seu material de campanha nas eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro em 1992: mirando em Leonel Brizola com fervor.

Mas esperar o quê de Sérgio Cabral a estas alturas do campeonato senão este tipo de comportamento? Mas pior do que a repentina compulsão de Sérgio Cabral de tentar “socializar” a autoria de supostos crimes contra a administração pública é a propensão que alguns estão demonstrando em comprar sua narrativa de forma acrítica apenas para preencher interesses que são, em alguns casos, inconfessáveis. Por isso, cuidado com quem abraça de forma tão apaixonada as delações de Sérgio Cabral. Há preciso verificar primeiro se quem abraça a delação hoje não estava abraçado antes na generosa distribuição de verbas com que o hoje aprisionado (des)governador fabricou sua imagem agora dilacerada de governante moderno e eficiente. Afinal, é aquela coisa, digame com quem andastes abraçado que dir-te-ei quem és. Simples assim!

Um deserto de ideias

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Um deserto de ideias foi como o presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM) definiu o governo do presidente Jair Bolsonaro após mais uma semana de ações bizarras onde ficou ainda mais claro que estamos diante de um governante que não tem propostas para construir, mas apenas para destruir, como próprio reconheceu em uma fala na Embaixada do Brasil durante a sua recente visita à capital dos EUA, Washington.

Mas a definição de um governo que é um deserto de ideias poderia ser facilmente aplicada ao governo do jovem prefeito Rafael Diniz (PPS) que apesar de deter um dos maiores orçamentos municipais do Brasil continua a governar no passo de uma tartaruga com as quatro patas quebradas.

Confesso que posso ter ficado mal acostumado com a minha recente estadia de 6 meses em Lisboa, capital de Portugal, onde predominam ruas e calçadas limpas, serviços públicos funcionando relativamente bem, a começar por uma integração bastante eficiente entre as diferentes modalidades de transporte. 

Mas caminhando pelas ruas da região central de Campos dos Goytacazes nos últimos dias, confesso que não esperava ver as coisas ainda piores do que deixei em agosto de 2018. Não falo aqui apenas das dezenas de lojas que fecharam, mas também do lixo e mato que se acumulam por ruas históricas, que não raramente possuem também pontos de vazamento de esgoto “in natura”.  Em outras palavras, eu não esperava ter aqui o que vi em Lisboa, mas não precisava também encontrar tanta esculhambação. É que, entre outras coisas, voltei pagando um IPTU mais caro do que quando fui.

Aparentemente ciente de que as coisas vão mal, o jovem prefeito resolveu abandonar qualquer sentido de coerência e começou a encher suas secretarias com pessoas a quem ele inclusive maltratou publicamente quando era uma voz eloquente da oposição ao governo Rosinha Garotinho na Câmara de Vereadores.  Isso não chega a ser nenhuma novidade, pois outros governantes cooptaram membros do grupo político do ex-governador Anthony Garotinho e, talvez nem seja assim tão ruim, pois demonstra que a fórmula de um secretariado repleto de menudos neoliberais chegou à exaustão.

O problema é que ao ceder espaços importantes do seu governo a políticos que até recentemente ele e seus menudos neoliberais rotulavam pejorativamente de “rosáceos, fica a pergunta sobre quem mudou desde que o governo foi iniciado sob circunstância e fanfarra em 2017. É que se essas pessoas, algumas que inclusive respeito pelo fino trato e a classe com que se relacionam até com pessoas que pensam diferente delas, estiverem sendo recrutadas para aplicar velhas fórmulas de governança, temos diante de nós que o governo da mudança acaba de terminar precocemente, restando apenas saber no que se transformou. E ao trazer pessoas experientes para seu secretariado, mesmo que sejam oriundas do “garotismo”,  Rafael Diniz está dando umas primeiras mostras de sabedoria desde que começou seu governo. Mas certamente o que prefeito que passaremos a ter, não foi aquele que foi eleito.  Aliás, como tudo indica, esse governo deixou de ser o “governo da mudança” para ser o “governo da Estação Primeira de Mangueira” que, afinal de contas, todos sabemos, é verde e rosa.

Agora, convenhamos, como já estamos nos encaminhando para as eleições de 2020, fica mais uma vez evidente a necessidade de que não apenas os partidos políticos, mas como indivíduos e associações de classe os que possuam expertises estabelecidas sobre os graves problemas que afetam a nossa cidade, arregacem as mangas para que se formule um projeto para a cidade de Campos dos Goytacazes que nos permite superar a crise aguda em que estamos enfiados há pelo menos 4 anos.  As razões para isto são muitas, mas a razão para arregar as mangas  é bem simples: a cidade de Campos dos Goytacazes não tolera mais ser colocada na vanguarda do atraso. Simples assim!

A quem interessa o banimento do Blog do Garotinho? A Eduardo Paes, é claro!

Acabo de ler no “Diário do Centro do Mundo”  que a justiça eleitoral retirou do ar o Blog do Garotinho, com o argumento de que o candidato a governador do Estado do Rio de Janeiro utilizava o veículo para promoção pessoal, e em detrimento dos adversários [1].

paes garotinho 

A matéria explica ainda que o banimento do “Blog do Garotinho” se deveu às suas contínuas denúncias contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) que reinou solene na cadeira de prefeito da cidade do Rio de Janeiro em função da sua ligação umbilical com o hoje prisioneiro e ex- (des) governador Sérgio Cabral (MDB). 

cabral paes

A verdade é que Anthony Garotinho” tem sido uma pedra no sapato não apenas de Sérgio Cabral e seu grupo, mas também de Eduardo Paes que hoje, graças ao silêncio da mídia corporativa, anda cometendo todo tipo de ilegalidade para levar à frente sua campanha, apesar de ser considerado inelegível pela mesma justiça eleitoral que decidiu banir o seu blog.

Curiosamente a mídia corporativa não está dando a repercussão devida a um ato que fere diretamente o exercício da livre expressão, um direito constitucional. É que, gostando ou não das ideias e práticas políticas de Anthony Garotinho, o seu blog é acessado diariamente por milhares de pessoas, as quais agora estão impedidas de fazê-lo à guisa de garantir os direitos de um candidato que, a grosso modo, não poderia nem estar fazendo campanha.

Como o meu próprio blog volta e meia é o alvo de pressões judiciais de quem desejar impedir que possa veicular minhas opiniões e/ou fatos devidamente documentados, não posso deixar de manifestar minha integral solidariedade a Anthony Garotinho e à equipe do seu blog. 

E deixo aqui a minha expectativa de que a decisão que implicou nesse banimento absurdo seja rapidamente derrubada em instâncias superiores.


[1] https://www.diariodocentrodomundo.com.br/justica-tira-do-ar-blog-do-garotinho-e-eduardo-paes-tem-caminho-aberto-para-a-eleicao-por-joaquim-de-carvalho/