Coisas da vida: foi reclamar do IPTU em São João da Barra e acabou na Faria Lima

Notícias - Central Notarial

Como já foi divulgado pelo jornalista Ralfe Reis no Tribuna do Norte Fluminense, uma disputa aparentemente prosaica em torno do pagamento de valores de IPTU que são devidos pelo Porto do Açu para a Prefeitura de São João da Barra, uma curiosa documentação está emergindo para mostrar uma relação, digamos, fiduciária entre a Porto do Açu e várias instituições financeiras, entre elas a Planner Trustee Distribuídora de Títulos e Valores Mobiliários (atualmente Trustee Distribuídora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda).

Pois bem,  a Trustee se tornou um dos alvos da rumorosa Operação Carbono Oculto que foi deflagrada pela Polícia Federal para investigar empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro que estariam sendo de serem usadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavagem de dinheiro. E no meio dessas investigações, a Trustee acabou sendo pega em cheio em função das investigações da PF terem encontrados provas de que este fundo, dentre vários outros, estava sendo utilizado para movimentação de quantias bilionárias (a mídia corporativa chegou a citar a cifra de R$ 52 bilhões apenas para os valores movimentados por postos de gasolina).

Alguém poderia dizer que o pessoal da Porto do Açu poderia ser apenas um cliente legítimo que foi envolvido em uma situação delicada de forma acidental, já que centenas de outros clientes legítimos da Trustee e de tantos outros fundos também o foram.  E eu só posso concordar que todos são inocentes, antes que se prove qualquer culpa, inclusive o Porto do Açu.

O problema aqui é outro. É que por detrás de todos os anúncios pomposos envolvendo os projetos que estariam sendo executados  no Porto do Açu, há uma dívida bilionária que não para de crescer, como mostrou recentemente o professor Roberto Moraes em seu blog. Disso decorre o fato de que ao procurar quem queira se valer de seus bens para oferecer novos empréstimos, surgindo aí instituições financeiras como a Trustee, que agora sabemos pode estar vinculada à operações de lavagem de dinheiro para o PCC.

E aqui temos uma circunstância em que a porca pode torcer o rabo para o Porto do Açu. É que esta vinculação com a Trustee pode estar deixando compreensivelmente ressabiadas grande instituições financeiras envolvidas com o financiamento e refinanciamento do Porto do Açu, Bradesco e Santender como exemplos. Se essas instituições decidirem puxar o “plug” que mantém o Porto do Açu minimamente oxigenado, uma crise de proporções colossais poderá acontecer.

E é por isso que eu digo: saiu para renegociar IPTU e acabou chegando na Faria Lima.

Prefeito decide pelo congelamento do IPTU, em Varginha (MG)

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Deixando por um momento de lado os comentários que ainda serão feitos sobre o ataque terrorista cometido pela extrema-direita em Brasília no dia de ontem, vou noticiar aqui a sensível decisão da Prefeitura Municipal de Varginha, cidade localizada no sul de Minas Gerais, de congelar o preço do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em 2023.  Com uma população de pouco mais de 130 mil habitantes e um orçamento anual de R$ 600 milhões, o prefeito Vérdi Melo optou pelo congelamento do IPTU com uma forma de apoiar a população que passa por um período financeiro difícil, bem como para dinamizar a economia local. Fechemos o pano por um segundo.

Já em Campos dos Goytacazes, governada por Wladimir Garotinho, a coisa será bem diferente. Ainda que não tenha acessado o site da Secretaria Municipal de Fazenda para verificar os valores a serem pagos pelo IPTU em Campos dos Goytacazes em 2023,  tenho certeza que não só não haverá congelamento, como o aumento mais uma vez pesará no bolso dos segmentos mais pobres da população, e tudo isso em meio à manutenção de um ambiente econômico em que inexistem empregos suficientes para fazer aquilo que o prefeito de Varginha levou em conta para congelar os valores desse imposto. Mas já sei que se decidisse pagar o imposto devido para 2023 em cota única, o desconto seria de míseros 7%.

O pior é que como em anos anteriores, a oneração do orçamento dos campistas não virá acompanhada de quaisquer melhorias nos serviços públicos essenciais, incluindo saúde e educação ou, tampouco, em melhores salários para os servidores públicos municipais encarregados de oferecê-los à população.

Como agora teremos um vereador de oposição presidindo a Câmara Municipal seria de se esperar que sejamos ao menos informados sobre o que é feito com a derrama fiscal que continua nos sendo imposta sem que vejamos quaisquer retornos para a sua realização.

O sistema arcaico de trânsito em Campos dos Goytacazes reflete bem o tipo de governo que se tem

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Como já contei aqui neste blog, a partir de 21 de dezembro rodei mais de 4.000 km de estradas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, e visitei cidades de porte menor em relação a Campos dos Goytacazes, incluindo as cidades de Telêmaco Borba Cascavel e Foz do Iguaçu. O que verifiquei nas cidades em que estive me confirmou a noção de que o trânsito em nossa cidade está amparado em um sistema arcaico de sinalização e de controle de velocidade, o que tem por consequência imediata o aumento do risco para todos os que se utilizam das vias de circulação, principalmente os ciclistas.

Por outro lado, há que se notar que não estou falando de cidades europeias, mas de cidades que estão bem aqui no Brasil,  sendo possuidoras de orçamentos municipais bem menores do que os do bilionário estoque de verbas públicas à disposição dos governantes campistas.  Cascaval, por exemplo, que possui uma população em torno de 300 mil habitantes detém um sistema de radares que impede cenas corriqueiras nas avenidas campistas.

radares-1-803x600Em 2021, Cascavel passou a ter mais de 50 radares em diferentes ruas e avenidas

De certa forma, o sistema arcaico de trânsito que existe por aqui é um reflexo da mentalidade de quem tem governado essa cidade nas últimas décadas, independente de qual seja a face, gênero e a faixa etária de quem senta na cadeira de prefeito. Mas mais do que isso, a ausência de qualquer cobrança pelas tais “entidades de classe” da sociedade civil para que haja investimentos públicos na modernização do sistema de trânsito também parece refletir de forma precisa a mentalidade de quem poderia fazer cobranças por melhorias coletivas e acaba aparecendo, por exemplo, para se manifestar contra a gratuidade na entrega de sacolinhas plásticas nos supermercados preços que são de corar a face (aliás, em minha cidade natal, a pequena Telêmaco Borba, o litro de leite pode ser adquirido por R$ 2,39 sem que o produto esteja próximo do vencimento!).

O problema é que enquanto escrevo essa postagem, a rua balança com a passagem em alta velocidade de mais um caminhão gigantesco vindo muito provavelmente do Porto do Açu.  Essa simbiose do atraso não poderia ser mais reveladora do estado de coisas em que vivemos. Enquanto isso, o cidadão campista fica na espera dos carnês do IPTU que certamente virão ainda mais “salgados” em 2022 apenas para continuar tentando sobreviver a um sistema arcaico de trânsito em que inexistem bons transportes públicos e sobram cenas de descumprimento da legislação.

Derrama fiscal como ponte entre passado e presente em Campos dos Goytacazes

Image result for wladimir rafaelEm Campos dos Goytacazes, a ponte entre presente (Wladimir Garotinho) e passado (Rafael Diniz) está sendo construída com uma nova derrama 

Ainda me recordo dos primeiros dias do governo de Rafael Diniz (Cidadania) quando muitos de seus eleitores se sentiram enganados ao presenciarem o lançamento de uma verdadeira derrama que elevou os valores de diversos tributos municipais, a começar pelo IPTU e pela famigerada “Taxa de Iluminação Pública”, que enquanto vereador ele prometia extinguir. O que se viu após esse início que salgou as contas foi um governo que se preocupou em extinguir políticas sociais destinadas a proteger os mais pobres, enquanto as ruas ficavam esburacadas e sujas. O resultado desse processo foi uma fragorosa derrota eleitoral na qual o agora ex-prefeito quase perdeu para uma candidata que não possuía qualquer ligação com as oligarquias que historicamente dominam a vida política do município, a professora Natália Soares do PSOL.

Enquanto isso, a tônica da campanha eleitoral  de 2020 foi a necessidade de “gerar dinheiro novo” para retirar as finanças municipais da condição crítica em que se encontra.  Ali o candidato e prefeito eleito, Wladimir Garotinho (PSD), prometia que iria buscar dinheiro em Brasília e na capital fluminense, de modo a criar novas fontes de recursos para viabilizar a retomada do processo de desenvolvimento econômico. Aparentemente, o que o novo prefeito esqueceu foi de informar que entre as novas fontes de dinheiro novo viria da manjada aplicação de majoração de tributos municipais. Esquecimento compreensivo para candidatos, mas que se torna estelionato eleitoral quando aplicado.

Senão vejamos o que já fez o novo prefeito em termos de retomar a derrama como estratégia de geração de receita. Primeiro, ele manteve o curioso aumento de 7,14% das contas de água e esgoto, ganhando em troca a promessa de “caiar” as paredes do Canal Campos-Macaé. Depois disso, veio a elevação de 3% da contribuição dos servidores municipais ao seu fundo de previdência, o Previcampos, inclusive em um momento em que os aposentados estão com salários atrasados.

Agora, o contribuinte campista está se dando conta que pagará um aumento de 4,22% e com uma diminuição do desconto por pagamento em taxa única de 15% para 7%.  Neste caso, noto que não parece ser uma medida inteligente diminuir o bônus pelo pagamento “cheio”, pois isto não só diminuirá a quantidade de contribuintes dispostos a liquidar de uma só vez o imposto, mas como provavelmente aumentará a inadimplência, o que representará perda e não ganho de caixa.

Mas o essencial aqui é que todos esses aumentos ocorrem em um momento de agravamento da pandemia onde há um aumento sensível do número de famílias sem renda. Assim, as medidas de derrama fiscal adotadas não só não fazem sentido financeiro, como tendem a punir aqueles segmentos da população que já estão sem dinheiro sequer para comprar comida, que dirá pagar tributos municipais.

Eu havia entendido, por exemplo, que haveria um ganho de receita ao se diminuir os chamados cargos de DAS, mas observadores atentos das publicações do Diário Oficial do Município vem notando e anotando a nomeação de centenas de pessoas para ocupar posições na nova gestão municipal, o que contradiz frontalmente as promessas de campanha, ampliando a sensação de estelionato eleitoral antes que se chegue a 40 dias de uma gestão que promete ser difícil para uma liderança emergente como é Wladimir Garotinho.

O fato que está explícito é que em vez de se ver a vinda de dinheiro de fora (coisa que já se sabia era difícil pelo contexto de fortes restrições no estado e na federação), o que está se fazendo é onerar o contribuinte municipal, sem que haja qualquer garantia que isso vá melhorar as condições de funcionamento das unidades de saúde municipal e das nossas escolas. Se isso se confirmar, eu diria que a desilusão que já grassa forte em segmentos do funcionalismo municipal vai se estender rapidamente para os setores populares que elegeram Wladimir Garotinho para fazer um governo realmente diferente daquele realizado por Rafael Diniz. Mas com a ponte entre o passado e o presente sendo feita por meio de uma derrama fiscal, isto vai ficar cada vez mais difícil de ser cumprido. A ver!

Com Rafael Diniz, Campos vira capital nacional dos aumentos de impostos e tarifas

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A maioria dos habitantes da cidade de Campos dos Goytacazes terminou 2017 sabendo que iria amargar preços mais salgados do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) graças ao envio de um projeto que irá reestruturar para cima os valores praticados para 2018 [1]. Depois disso veio a impressionante majoração na taxa de iluminação pública que enquanto vereador o jovem prefeito Rafael Diniz (PPS) considerava ser inconstitucional[2].

Mas não contente com os aumentos no IPTU e na taxa de iluminação pública, o governo Rafael Diniz autorizou um reajuste na tarifa de água que é 135% do índice inflacionário anual, segundo o que calculou o professor Roberto Moraes, para alegria completa e total da concessionária Águas do Paraíba [3].  Continuar lendo

Aumento da conta da água e esgoto, uma bela síntese para o primeiro ano de Rafael Diniz na PMCG

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A promulgação do Decreto 308/2017 que eleva as tarifas de água e esgoto no município de Campos dos Goytacazes é,  precisamos concordar, um excelente corolário para o primeiro ano da gestão do jovem prefeito Rafael Diniz (ver imagem abaixo). É que promulgado quase nos estertores de um ano marcado por um profundo ataque às políticas sociais existentes no município de Campos Goytacazes, este decreto sacramenta a lógica da privatização da água sem que sejam dadas as devidas contrapartidas sequer no processo de coleta e tratamento de esgotos pelo qual os cidadãos campistas pagam regiamente.

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Sempre é bom lembrar que para 2018 o campista já terá uma conta mais salgada com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) cuja majoração se somará a outros impostos municipais. O interessante nessa situação é que nada disso foi sinalizado na campanha eleitoral que prometeu utilizar melhor os recursos existentes, sob a famosa explicação de que o problema de Campos dos Goytacazes não era financeiro, mas de gestão.

Vou ficar aguardando como Rafael Diniz e seus menudos neoliberais vão se comportar em 2018 no tocante às eventuais críticas a uma administração que anda beirando o sofrível, na medida em que já cortaram todas as políticas sociais herdadas de Rosinha Garotinho, aumentaram impostos e ainda tiveram tempo para dar o presentinho de final de ano para a concessionária Águas do Paraíba e manter Campos dos Goytacazes entre os municípios com tarifas de água e esgoto mais caras do Brasil.  Com tudo isso, vai ficar difícil ficar batendo na já surrada tecla da herança maldita que foi usada à exaustão em 2017.  

Aliás, difícil mesmo vai ser convencer a maioria dos campistas que não foram vítimas de um golpe conhecido como estelionato eleitoral. A ver!