Ricardo Salles aproveita o caos causado pela pandemia para descaracterizar a Lei da Mata Atlântica para permitir a ampliação da devastação
Graças a uma reportagem escrita pelo jornalista Maurício Tuffani e publicado pelo “Direto da Ciência”, o Brasil amanhece ciente de que o ministro (ou seria anti-ministro?) do meio ambiente, o improbo Ricardo Salles, depois de afrouxar as amarras na Amazônia, voltou sua mira para ampliar a devastação no que ainda resta da Mata Atlântica.
É que, segundo o que mostra Maurício Tuffani, entre uma demissão de servidor e outra, enviou uma minuta de decreto para ser avaliada pelo presidente Jair Bolsonaro que, se sancionada, permitirá a devastação legalizada de pelo menos 10% da área de remanescentes do bioma da Mata Atlântica.
Segundo o que disse um técnico da área de análise de impacto ambiental da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que pediu anonimato , as modificações propostas por Ricardo Salles na chamada “Lei da Mata Atlântica”, servirão para “facilitar o licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários em áreas de transição entre ecossistemas de Mata Atlântica, principalmente em regiões urbanas”.
Dado que atualmente sobram apenas cerca de 8,0% de um bioma tão ou mais diverso do que a Amazônia, essa tentativa de Ricardo Salles de descaracterizar a Lei daMata Atlântica devem ser objeto de profundo repúdio e pronta ação de organizações da sociedade civil e da própria população.
Por outro lado, essa ação de Ricardo Salles confirma o que já observei em outros momentos acerca do comportamento do governo Bolsonaro em meio a uma pandemia mortal, qual seja, que a eficiência para desmontar (ou pelo menos tentar) as proteções ambientais existentes continua inabalada.