Carta dos epidemiologistas à população brasileira

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Nós epidemiologistas, profissionais da saúde, estudantes de graduação e pós-graduação, reunidos no 11º Congresso Brasileiro de Epidemiologia da ABRASCO, vimos, através desta carta, denunciar as sérias condições socioeconômicas e de saúde que, agravadas pela pandemia de COVID-19 e pelas políticas de austeridade econômica, têm levado a um imenso sofrimento da nossa população.

A COVID-19 deixou um rastro de milhões de casos e de milhares de mortos no Brasil.  Nos últimos dois anos nosso país sofreu enormes transformações que promoveram mudanças marcantes na vida dos brasileiros. O Brasil registrou o segundo maior número de mortes por COVID-19 no mundo, atrás apenas dos EUA. A política de enfrentamento à epidemia por parte do governo federal foi catastrófica! Agora, nos confrontamos com um enorme declínio econômico, a volta da fome, aumento desastroso do desemprego, e um cenário de ataques à ciência e à educação.

É sabido que a ocorrência de pandemias/epidemias como a COVID-19, AIDS, MERS, SARS, ZIKA, CHIKUNGUNYA, entre outras, são consequências da maior degradação ambiental ocorrida em nosso planeta nas últimas décadas. O Brasil, ao invés de reduzir seus ataques às nossas matas, tem promovido uma das maiores devastações da floresta amazônica e do cerrado deste século. Facilitou a “passagem da boiada” permitindo que grileiros, garimpeiros, madeireiros ilegais e assassinos de indígenas praticassem seus crimes livremente. O garimpo afetou gravemente as populações indígenas, destruindo suas reservas e envenenando seus rios e seus peixes, e levou o coronavírus para estas comunidades que, como consequência, tiveram as maiores taxas de mortalidade do país.

Desde que a pandemia se instalou no país, o Ministério da Saúde do Brasil teve quatro diferentes ministros, nenhum dois quais foi capaz de liderar o processo de mitigação da COVID-19. Muitas mortes poderiam ter sido evitadas e muitas famílias foram destroçadas. Estudos brasileiros comprovam que, além do boicote às práticas de prevenção, o chefe da nação, ativamente, concorreu para a disseminação da pandemia no país: rejeitou a gravidade do vírus, não providenciou testes, não organizou a atenção básica na pandemia, criou crises diplomáticas que interferiram na aquisição das vacinas, incentivou o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada e tentou impedir a implementação de medidas não farmacêuticas pelos governadores e prefeitos, permitindo que o SARS-CoV-2 se disseminasse por todo o país. Os maiores afetados por esta ação deliberada foram os idosos, os negros, as populações indígenas, as comunidades quilombolas e todos aqueles que vivem em maior vulnerabilidade.

Apesar de toda a inépcia, depois de um retardo de seis meses, as vacinas chegaram ao país, mas não na quantidade suficiente. Com isto, a vacinação avançou graças à resposta do Programa Nacional de Imunizações (PNI) que, apesar de sua desestruturação central, mostrou sua presença e capilaridade nos estados e municípios. Entre atrasos, erros e suspeitas de corrupção investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19 no Senado Federal, cerca de 60% dos brasileiros já receberam as duas doses de imunizantes ou a dose única, ultrapassando os EUA. As coberturas alcançadas no Brasil contrastam com a forma premeditadamente errática com que o presidente Bolsonaro lidou com a pandemia. Relembram e reforçam a extensão da confiança que nós brasileiros temos no nosso robusto sistema de saúde público – o SUS, e no histórico de sucesso e de respostas rápidas a crises que muitas vezes conseguimos dar. Vencemos a pólio, o sarampo, o H1N1, nosso Programa Nacional de Controle da epidemia de HIV/Aids foi considerado um modelo mundial, nossos esforços na redução da mortalidade infantil e mortalidade materna e em inúmeras outras ações que, mesmo com reveses e dificuldades enormes, nos enchem de orgulho. Todos sabemos que a pandemia seria ainda muito mais devastadora se não tivéssemos o SUS.

Nossos desafios, contudo, ainda são enormes. Mais de 20 milhões de brasileiros com a primeira dose, ainda não tomaram a segunda dose e não estão, portanto, adequadamente protegidos. É urgente que os gestores de saúde promovam as condições para que o SUS faça a busca ativa destas pessoas, e vários municípios mostraram que isto é possível.

Realçamos, contudo, que mesmo depois de atingirmos o controle da pandemia, o SUS, cronicamente subfinanciado, continuará sobrecarregado, lidando com as demandas de saúde represadas e com as sequelas da COVID-19. Por isto, nossa luta pela revogação da Emenda Constitucional 95 que congelou os gastos públicos precisa ser incessante. Com todos os ataques, o SUS foi efetivo em garantir que a vacinação chegasse em todos os pontos do país. A pequenez do atual governo ficará na sombra da grandeza do nosso SUS.

Não podemos esquecer de que a pandemia nos atingiu em meio a uma crise política e econômica imposta sobre o nosso país com o golpe parlamentar de 2016 aprofundada pelas desigualdades já existentes. O Atlas das situações alimentares no Brasil deixa claro que no período entre 2004 e 2013 a fome e o risco de fome apresentaram uma tendência de queda, enquanto que entre 2017-2018 se observa um aumento dessas duas situações que se agravaram mais recentemente.

A alta vulnerabilidade em que se encontram diversos segmentos de trabalhadores ocupa centralidade no Brasil. As dificuldades quanto à garantia do emprego e da sobrevivência, marcam o atual momento histórico no país. A remoção de direitos e garantias sociais pela reforma trabalhista de 2017 ampliou as desigualdades e repercussões da atual crise sanitária. Como consequência, muitos trabalhadores não puderam atender às recomendações de distanciamento físico para contenção da COVID-19. Excluídos do mercado formal de trabalho passaram a depender de programas temporários e insuficientes de transferência de renda e muitos engrossaram a multidão daqueles vivendo em situações extremas de insegurança alimentar, sem saber se ou quando vão poder comer.

Hoje, se de um lado temos famílias desesperadas, buscando restos de alimentos no lixo ou comprando ossos para cozinhar; temos cerca de 15 milhões de desempregados no país; mais uns 50 milhões em trabalhos informais e outros novos empregos com salários menores, de outro lado, assistimos à concentração de renda ser incrementada durante a pandemia: 1% dos brasileiros mais ricos se tornaram donos de metade das riquezas do país. São tristes recordes que o Brasil insiste em ostentar, reforçando aquilo que há de pior da desigualdade social.

Não colher, esconder e manipular dados virou especialidade deste governo. Bolsonaro tentou substituir o sistema de medição de desmatamento da Floresta Amazônica para omitir os dados corretos. Enquanto seu ministro do Ambiente assinava compromissos na recente reunião da COP26, o país registrava desmatamento recorde e atrasou a divulgação de dados do monitoramento do desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). Na saúde, em meio à pandemia, em meados de 2020, o Ministério da Saúde ocultou o número total de infectados pelo SARS-CoV-2 e o acumulado de óbitos no país, tentando apagar o efeito desastroso de sua estratégia de deixar a transmissão do vírus circular livremente entre os brasileiros. Com o Censo Demográfico de 2021 persegue a mesma estratégia. O que foi dificultado pela pandemia em 2020, agora é adiado para 2022, sob alegação de falta de verba. A pesquisa, principal instrumento para a formulação de políticas públicas nas áreas da saúde, educação e situação das desigualdades, e que deveria ser realizada a cada 10 anos, não poderá revelar o panorama dramático resultante da crise econômica e social pós pandemia na população brasileira e o papel do governo.

Na educação o caos não foi menor. Os ataques do governo à ciência, às universidades e às agências de fomento à pesquisa são impiedosos. Os orçamentos da Capes e do CNPq caíram 73% desde 2015, e juntas, estas duas agências tiveram uma redução real de quase 10 bilhões de reais em seus orçamentos. O orçamento de 2021 é quase ¼ daquele de 2015. O Enem, exame que democratizou o acesso às universidades brasileiras, foi o mais excludente, com o menor número de inscrições, implicando em uma maior exclusão de estudantes de escola pública e de estudantes negros no ensino universitário.

Através de nossa entidade, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), que agrega pesquisadores, profissionais e estudantes das diversas áreas da saúde coletiva, nos mobilizamos e juntamente com outras entidades de saúde e com o Conselho Nacional de Saúde elaboramos um Plano de Enfrentamento à COVID-19, que foi lançado publicamente em ato político no dia 3 de julho 2020 com a participação de muitas entidades, movimentos e parlamentares e no dia 28 de julho 2020 foi entregue ao Ministério da Saúde. Neste plano, analisamos a situação da pandemia e todas as suas consequências e apresentamos recomendações para autoridades políticas, sanitárias, gestores e sociedade em geral.

Neste congresso temas altamente relevantes sobre a saúde no Brasil foram amplamente apresentados e discutidos com participação de importantes nomes da comunidade científica brasileira e internacional. Debatemos exaustivamente a situação da pandemia de COVID-19 e é nosso dever e compromisso colocar nosso conhecimento e nossa experiência a favor da defesa da vida e da saúde dos brasileiros.

Temos a certeza que a saída da atual crise sanitária deverá ser de forma coletiva. É urgente fortalecer o SUS para que ele possa responder aos desafios atuais e futuros, assim como defender, de forma incondicional, todas as instituições brasileiras de ensino e pesquisa. Nosso compromisso é com a diminuição das desigualdades e com a garantia de acesso universal e público às ações de saúde e à educação. Assim sendo, apelamos para que toda a população entenda que a pandemia de COVID-19 não terminou, é necessário que todos tenham acesso a vacinação completa e que sigam as medidas de saúde pública que há quase dois anos repetimos em todos os espaços insistentemente: máscaras, distanciamento físico e evitar aglomerações. É nossa responsabilidade exigir que o governo federal cumpra seu dever de garantir saúde e educação para todos, direitos conquistados em nossa Constituição Federal.

Nos solidarizamos com todas as famílias que perderam seus entes queridos e conclamamos todas e todos para se somarem à luta em defesa da vida, da democracia e do SUS. Continuamos firmemente trabalhando e contribuindo para a superação desta que é a mais grave crise deste século. Viva o SUS!

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Este texto foi originalmente publicado no site da Associação Brasileira de Saúde Coletiva [Aqui!].

Mais de 120 mil famílias estão sob ameaça de despejo no Brasil

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Rio de Janeiro, 19 de novembro de 2021 – Dezembro será um mês de apreensão para as mais de 120 mil famílias sob ameaça de despejos no país. A análise é da Campanha Nacional Despejo Zero, que reúne mais de 100 organizações da sociedade civil.  O número é 554% maior do que o registrado no início da pandemia. São 123.153 famílias ameaçadas de remoção durante a pandemia no Brasil frente a 18.840 famílias ameaçadas em agosto de 2020. Desde o último levantamento, divulgado em agosto deste ano, o número de famílias ameaçadas aumentou 32%.

Os estados de São Paulo, Amazonas e Pernambuco seguem sendo os estados onde mais famílias estão ameaçadas de perder sua moradia: SP 39.295; AM 29.195; PE 14.818 famílias. Mas número de famílias ameaçadas na Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Ceará também chamam atenção com números preocupantes: PB 9.973; PR 3.571; RJ 3.527; RS 3.410; GO 2.975; CE 2.958 famílias.

Atualmente, essas famílias estão protegidas por determinação do Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, no âmbito da ADPF 828. Pela decisão, ficam impossibilitadas, por seis meses, “medidas administrativas ou judiciais que resultem em despejos, desocupações, remoções forçadas ou reintegrações de posse de natureza coletiva em imóveis que sirvam de moradia ou que representem área produtiva pelo trabalho individual ou familiar de populações vulneráveis”. Outro dispositivo de proteção legal às famílias ameaçadas, a Lei Federal 14.216, cujo veto presidencial foi derrubado pelo Congresso, expira em 31 de dezembro. 

Segundo dados do IPEA, 88% das famílias que compõem o déficit habitacional brasileiro têm renda familiar de até três salários mínimos. Os trabalhadores de menor renda foram precisamente os mais atingidos com as consequências da Covid-19, sofrendo com o rebaixamento salarial e a perda de emprego, situação especialmente pior entre mulheres, negros e jovens.

Liminar judicial e legislações impedem aumento no número de despejos realizados

Com os despejos suspensos por seis meses, o levantamento registrou um aumento de 6% em comparação com os números divulgados em agosto deste ano. Desde o início da pandemia, entretanto, o número de despejos aumentou 260%, chegando a um total de 23.500 em outubro deste ano.   Com o fim dos prazos dos dispositivos legais, a situação pode ficar catastrófica para as famílias em situação de vulnerabilidade que correm o risco de começar 2022 sem um lar.

Para saber mais, acesse: https://www.campanhadespejozero.org/

COP 26 deixou de estabelecer soluções concretas para a descarbonização do setor energético global

Dois pontos deveriam ser considerados: livrar o Brasil do uso do carvão na geração termelétrica e garantir o acesso às cidades, indo além na discussão sobre a descarbonização dos veículos

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Foram meses de dúvidas sobre a realização da 26ª Conferência das Partes (COP26), encontro anual promovido pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, em inglês), onde os países debatem e procuram firmar acordos para o enfrentamento às mudanças climáticas. A pandemia de Covid-19 seria um impeditivo para a concretização do encontro este ano, como ocorreu em 2020? Não foi, mas as incertas condições de planejamento e realização do evento acabaram por afetar a participação de países com menos recursos financeiros. Um compromisso mundial deixa de ter justa representatividade se os mais afetados têm dificuldades em comparecer aos debates e definições. Neste contexto, é louvável que a participação da sociedade civil brasileira na conferência tenha se mostrado sólida – o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) também esteve presente em Glasgow, Escócia. 

Desta vez, além de acompanhar as discussões – como propôs na edição anterior -, o IEMA se somou aos debates na Zona Azul da conferência, restrita a quem tem credencial, principalmente no Brazil Climate Action Hub (pavilhão coordenado por organizações da sociedade civil brasileira) e também fora da conferência, na Cúpula dos Povos pela Justiça Climática (People’s Summit For Climate Justice). Presente pela segunda vez na COP, o IEMA busca acompanhar as discussões e resoluções referentes à descarbonização do Setor de Energia, com foco na matriz elétrica e nos transportes. Ambas as áreas têm ligação direta com as condições de desenvolvimento social tocando no acesso à energia, no direito à cidade, no custo de vida e na quantidade e qualidade dos empregos. Questões, portanto, relacionadas à justiça climática.

A respeito da geração de energia elétrica, o texto final do Pacto Climático de Glasgow trocou a proposta inicial de “descontinuidade do uso do carvão até 2030”, que não teve consenso, por “reduzir o uso do carvão”. O combustível é empregado há cerca de 200 anos desde a Revolução Industrial e esta foi a primeira vez que a principal causa das mudanças climáticas induzidas pelo homem esteve presente no texto final. Índia e China pressionaram pelo enfraquecimento do documento. A velocidade dessa transição, deixada em aberto, será determinante ao alcance do desejado cenário de contenção do aquecimento em até 1,5o C previsto no Acordo de Paris. 

A matriz elétrica brasileira tem apenas cerca de 2% de carvão na composição de sua capacidade instalada. O esforço de uma transição energética justa com a eliminação dessa fonte no Brasil seria, portanto, muito menor do que nos países altamente dependentes dela. No entanto, o Governo Federal caminha na contramão dessa discussão, com um plano de expansão do carvão mineral até 2050. Vale lembrar que o Brasil tem um enorme potencial ainda pouco explorado de fontes renováveis, principalmente a geração solar e eólica. Graças à posição geográfica do país, os níveis de radiação solar nos locais menos favoráveis ao uso de sistemas fotovoltaicos ainda são melhores do que em países europeus com, atualmente, as maiores capacidades instaladas de energia solar. Em resumo, o desafio da transição no setor elétrico não é técnico. Mas, sim, político.

No temático Dia do Transporte da COP26, ocorrido em 10 de novembro, uma aliança formada por uma centena de signatários, entre eles países e empresas, estabeleceu o trabalho para que apenas caminhonetes e automóveis novos de zero emissão sejam produzidos a partir de 2035. Trata-se de uma clara sinalização de avanço, mas insuficiente para endereçar a urgência climática e os perversos padrões de mobilidade urbana, especialmente nos países em desenvolvimento. A eletrificação do transporte é necessária para o atingimento das metas climáticas, no entanto, focar exclusivamente nela mostra a falta de um impulso por uma mobilidade verdadeiramente sustentável. Esta deveria considerar todos os pilares: social, ambiental e econômico. Assim, é temerário deixar em segundo plano o (re)planejamento urbano e os modos ativos e coletivos de transporte.

A pandemia demonstrou mundo afora que é possível reduzir drasticamente e abruptamente as emissões do transporte ao evitar o deslocamento por meio de automóveis. Além de direcionar esforços para uma mudança tecnológica que levará anos a ser introduzida e décadas para ser plenamente adotada, para isso deveríamos estar vertendo mais energia a fim de viabilizar as opções prontamente disponíveis e que trarão benefícios imediatos na qualidade de vida nas cidades. Enquanto esperamos anos para os prometidos novos “hardwares” do transporte, livres de combustíveis fósseis, podemos imediatamente mudar o “software”, promovendo uma lógica de mobilidade urbana de baixo carbono e a redução da poluição do ar. Celebramos a aceleração do passo da transição energética nos transportes, mas esperamos que seja evidente uma maior preocupação com o bem-viver nas cidades na próxima conferência. O tema dos transportes, de maneira específica, sequer figurou no texto final de Glasgow.

Diante de tamanho desafio, a atuação da sociedade civil brasileira se destaca como ponto positivo. Representantes de comunidades indígenas, quilombolas, ambientalistas, organizações, governos estaduais e municipais estiveram presentes expondo os problemas locais e debatendo formas de se conectar com as soluções globais e, também, mostrando o potencial que têm para mitigar e capturar emissões. É essencial que sejam trazidas à tona as particularidades do Brasil para que se possa planejar e implementar ações climáticas com o maior nível de ambição possível e de maneira convergente com o progresso social. O Brasil entrou e saiu da COP26 com uma imagem de vilão do clima. Os desafios nacionais são claros para que o país retome a rota de descarbonização e faça melhor papel na próxima edição da conferência.

‘Geografia dos descontentes’: pandemia escancara desigualdades urbanas

Moradores das periferias das grandes cidades tiveram poucas possibilidades de realizar o trabalho remotamente, sofreram com deslocamentos maiores aos locais de trabalho e mais tempo de exposição no transporte coletivos

favela-predios-desigualdade-social-sao-paulo“O ‘fique em casa’ não pôde contemplar a maior parte dos trabalhadores”, aponta Raquel Rolnik

Por Redação RBA

São Paulo – A COVID-19 surgiu no contexto de um planeta marcado por profundas desigualdades, que devem se aprofundar ainda mais em um cenário pós-pandemia. No Brasil, um dos campeões no quesito desigualdade, a imunização baseada unicamente em critérios etários acabou beneficiando bairros mais ricos das grandes metrópoles e as áreas urbanas que concentram maior número de deslocamentos para o trabalho também contaram com o maior número de óbitos.

A situação é evidenciada pelo estudo “A COVID-19 e as desigualdades”, divulgado pela Rede Nossa São Paulo em setembro, mostra que, de janeiro a julho de 2021, no distrito de Cidade Tiradentes, uma pessoa internada em função do agravamento da doença tinha praticamente 2,4 vezes mais chances de morrer do que alguém nas mesmas condições no distrito do Morumbi.

Outro indicador da desigualdade social no Brasil relacionada à realidade da pandemia é o trabalho remoto. Um estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre) aponta que somente um em cada cinco trabalhadores tem condições mínimas para trabalhar em regime home office. Quando analisado o potencial dessa modalidade no país, considerando a infraestrutura básica de um computador, acesso à internet e energia elétrica de qualidade, este índice é de apenas 17,8%, menos da metade dos Estados Unidos, que chega a 37%. Ainda segundo a pesquisa, as oportunidades de home office chegam a 52,9% para quem tem ensino superior completo e a 1,5% para aqueles com ensino fundamental incompleto.

Visões de mundo

“No mundo pós-covid, testemunharemos o surgimento de novas geografias de descontentes, reforçadas por disparidades intraurbanas e inter-regionais, principalmente nos países em desenvolvimento”, afirmou o professor da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Haddad, durante seminário on-line promovido pela Fapesp e pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP). As informações são de José Tadeu Arantes, em matéria da Agência Fapesp.

O conceito de “geografia de descontentes”, apresentado por Haddad, tem como base a ideia de que a maneira como as pessoas vivem e trabalham influencia suas visões de mundo e também são determinantes nos desafios que enfrentam no cotidiano.

Pandemia, desigualdades e mobilidade urbana

De acordo com a professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP) e coordenadora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade) Raquel Rolnik, na cidade de São Paulo, as áreas que concentram o maior número de saídas para o trabalho foram também as que acumularam o maior número de óbitos pela COVID-19. O maior tempo de exposição no transporte coletivo afetou os segmentos da população que precisam fazer maiores deslocamentos entre o local de moradia e o local de emprego.

“O ‘fique em casa’ não pôde contemplar a maior parte dos trabalhadores. Só um percentual pequeno da força de trabalho da cidade tinha um tipo de ocupação que lhe permitia trabalhar de casa. Além do fato de a conexão com a internet ser absolutamente diferenciada para os diversos grupos sociais”, afirmou.

Disparidades

Gabriel Poli de Figueiredo, doutorando na FAU-USP e pesquisador do INCT –Internet do Futuro para Cidades Inteligentes –, destacou a evidência das desigualdades na área digital. “Expectativas em relação ao trabalho remoto, à redução dos deslocamentos, de que tudo poderia ser entregue imediatamente e que haveria uma explosão nos tipos de serviços oferecidos por via digital. Mas o que de fato aconteceu? Mais de 70% das pessoas ocupadas nas classes A e B puderam aderir ao trabalho doméstico. Porém, nas classes C, D e E, a adesão não passou de 28%”.

“Também houve uma grande disparidade em relação ao tipo de dispositivo utilizado para a realização do trabalho remoto. Enquanto 77% das pessoas ocupadas nas classes A e B utilizaram o computador, laptop, notebook, nas classes D e E as pessoas tiveram que recorrer ao celular”, explicou o pesquisador.

Com base em uma pesquisa de 18 meses realizada pelo Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus), Haddad pontuou que, de forma geral, a pandemia aprofundou desigualdades de forma mais intensa nas famílias pobres de áreas metropolitanas do Sul Global, atingindo em especial bairros densamente povoados, com grande parte do mercado de trabalho informal e pouca presença do Estado. “Estudos de impactos no Brasil, Angola, Colômbia e Marrocos, realizados no Nereus, mostraram que as principais perdas se concentraram nas regiões que mais contribuem para o Produto Interno Bruto [PIB] desses países, que coincidem com as áreas urbanas mais densamente povoadas e fortemente relacionadas com a economia de aglomeração”, apontou.

Mais informações sobre o seminário na Agência Fapesp

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Este texto foi publicado originalmente pela Rede Brasil Atual [Aqui!].

87% dos pais e responsáveis acreditam que a tecnologia contribuiu na aprendizagem na pandemia, mas 51% dos alunos não têm computador ou notebook com acesso à internet

  • Estudo foi encomendado por Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e realizado pelo Datafolha entre agosto e setembro de 2021, com 1.301 responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública, de todas as regiões do país;
  • Para um terço dos entrevistados (32%), a possibilidade de estudar em qualquer lugar, que as ferramentas tecnológicas trouxeram, deveria ser mantida no futuro;
  • A maioria reconhece a importância de as atividades remotas estarem articuladas com as presenciais na preparação para o futuro dos alunos (60%) e/ou no desenvolvimento socioemocional (52%);
  • No entanto, o acesso à internet de banda larga é um desafio nas diferentes partes do país – principalmente na Região Norte e no meio rural – e a falta de equipamentos adequados ainda é uma realidade da maioria dos alunos

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São Paulo, novembro de 2021 – Com a pandemia, a articulação entre educação e tecnologia é vista por muitos como uma parceria sem volta, que tem garantido aprendizado e acesso ao ensino e pode ser uma via para recuperação de aprendizagem a partir de agora. Esta é a visão de muitos pais e responsáveis ouvidos na pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, encomendada pelo Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e realizada pelo Datafolha, que mostra que a maior parte deles (87%) acreditam que o uso da tecnologia foi positivo no desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, na pandemia. Esse número aumenta de acordo com a evolução de cada ciclo escolar, sendo maior (91%) entre aqueles que respondem por adolescentes cursando o Ensino Médio.

Os pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas também destacaram a importância das atividades remotas estarem articuladas com as presenciais, por diferentes motivos como: “preparar os alunos para o futuro (60%)”, “estimular a curiosidade (60%)”, “garantir o aprendizado previsto para o ano (53%)” e “promover o desenvolvimento socioemocional (52%)”. Um legado que o uso das ferramentas tecnológicas trouxe e que, segundo eles, deveria ser mantido no futuro é o da “opção de poder estudar remotamente em qualquer lugar (32%)” e da “possibilidade de tirar dúvidas com os professores por meio de plataformas digitais (24%)”.

Acesso à conectividade e equipamentos ainda é um desafio 

Os benefícios do uso da tecnologia esbarram nos problemas de conectividade e de acesso a equipamentos. Houve um leve crescimento no número de alunos com computador desde o início da pandemia, de 42% para 49%, contudo, a maior parte (51%) segue sem acesso à computador ou notebook com internet para estudar. O equipamento mais usado é o celular (85%), porém, sabe-se que o aparelho limita as possibilidades de aprendizado do aluno. Mais de um terço (34%) dos estudantes que utilizam o aparelho para fazer as atividades o dividem com outras pessoas, segundo seus responsáveis. Para 27% dos estudantes, a escola é o principal local onde se tem acesso a computadores.

“Se você deixar ele [o aluno] só com o celular, realmente, quando você vai ver ele está assistindo outra coisa… Então, eu acho que é complicado”, disse uma entrevistada da etapa qualitativa da pesquisa, realizada pela Rede Conhecimento Social.

“Apesar dos esforços de gestores públicos e dos pais para oferecer internet e computadores aos estudantes durante a pandemia, a situação ainda é grave. Não podemos aceitar que um quarto das escolas não tenha acesso à internet e que a maioria dos alunos não tenha computador para estudar. Muitos dependem da escola para utilizar a tecnologia e ter acesso ao mundo digital. Quando olhamos para as classes mais baixas, os números são ainda piores. O Brasil precisa investir urgentemente em conectar suas escolas e equipar seus alunos para que estar no mundo digital seja um direito de todos”, diz

Cristieni Castilhos, gerente de Conectividade na Fundação Lemann.

“A necessidade de incluir os estudantes digitalmente é uma demanda antiga, que ficou mais evidenciada durante a pandemia. Ampliar o acesso à internet e promover o letramento digital são os primeiros passos de uma transformação que envolva a todos. Mesmo com a reabertura das escolas, as ferramentas utilizadas durante o ensino remoto continuarão apoiando as aulas e proporcionando novas interações entre estudantes e professores. A implementação de políticas públicas neste sentido deve ser urgente e permanente. Este é, aliás, um direito firmado na legislação por meio da Lei 14.109, de 2020, que estabelece como meta que todas as escolas públicas estejam conectadas à internet de alta velocidade até 2024”, afirma Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

Apenas 66% das famílias têm acesso a banda larga no país, de acordo com a pesquisa, sendo que a Região Norte registra o menor índice de acesso (47%, contra 75% na Região Sul). Os números também mostram a desigualdade nos meios urbano (68%) e rural (37%) e entre estudantes de diferentes raças – 75% para brancos e 61% para alunos negros.

“Nem todo mundo tem uma boa internet em casa, nem um celular ou computador. É difícil estudar assim. Esses dias veio uma mãe pedir: ‘Você me empresta o wi-fi para o meu filho fazer a tarefa?’”, afirmou uma entrevistada.

A pesquisa

Estes são dados levantados pela sétima onda da pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”. As entrevistas foram realizadas entre os dias 13 de agosto e 16 de setembro de 2021, com abordagem telefônica, com 1.301 responsáveis que responderam por um total de 1.846 crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos da rede pública, em todas as regiões do país. A etapa qualitativa foi realizada pela Rede Conhecimento Social, entre 26 e 28 de julho, por meio de Grupos de Discussão (GDs) on-line, realizados por plataforma digital.

Entrega do relatório da CPI para órgãos de investigação é o primeiro passo da Frente Parlamentar Observatório da Pandemia

Grupo de senadores criam Frente Parlamentar Observatório da Pandemia para acompanhar os desdobramentos das investigações no Judiciário e no Legislativo. Presidente da CPI, o senador Omar Aziz, coordenará os trabalhos com o Senador Randolfe Rodrigues e o Senador Renan Calheiros

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A Frente Parlamentar Observatório da Pandemia da Covid-19 cumpre agenda em São Paulo e no Rio de Janeiro nesta semana com o objetivo de acompanhar as investigações de todos os órgãos de perto. O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito que foi aprovado no fim de outubro deve ser entregue para as autoridades da Organização das Nações Unidas, em Genebra, na Suíça, do Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, entre outros.

Nesta terça-feira (9), a Frente Parlamentar se reúne com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em Brasília. No dia seguinte (10), os membros cumprem agenda em São Paulo onde vão se reunir com o jurista Miguel Reale Júnior, com a juíza Sylvia Steiner, ex-integrante da Corte Internacional de Haia, com o Ministério Público do Estado de São Paulo, com a Câmara Municipal paulistana, além do Ministério Público do Trabalho e o Instituto Butantan.

Na quinta-feira (11), será a vez do Rio de Janeiro, onde haverá reuniões com o Ministério Público Federal, com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e com a Fiocruz.

Aprovada pelo Plenário do Senado no último dia 29 de outubro, a Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19 vai fiscalizar e acompanhar os desdobramentos jurídicos, legislativos e sociais das conclusões da CPI. Os integrantes do colegiado serão os mesmos da CPI, além de outros senadores que assinaram o projeto.

O Observatório será dividido por grupos de trabalho. Um vai acompanhar as investigações na Procuradoria-Geral da República e nos Ministérios Públicos, responsáveis pelos casos da crise em Manaus, Prevent Senior, hospitais federais e denúncias de corrupção na tentativa de compra de vacinas. Um outro vai cobrar a votação dos projetos sugeridos, a exemplo da criação da pensão para órfãos da covid-19. E outros senadores vão se dedicar ao inquérito das fake News e à atuação do governo federal, como o calendário de vacinação. O Observatório contará com a participação da sociedade civil e continuará recebendo denúncias relacionadas à pandemia.

A Frente Parlamentar Observatório da Pandemia ainda vai definir as regras de funcionamento, como os dias de reuniões, mas não terá atribuições de uma CPI ou de uma comissão permanente.

Por discordar da gestão da pandemia e da censura a críticos do governo federal, pesquisador recusa “ordem do mérito” concedida por Jair Bolsonaro

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Postura negacionista de Jair Bolsonaro em relação à pandemia da COVID-19 foi um dos motivos citados para recusa de epidemiologista em receber a Ordem Nacional do Mérito Científico
O professor emérito da Universidade Federal de Pelotas, o epidemiologista Cesar Victora, enviou no dia de hoje uma correspondência ao ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Ponte, dando conta de sua recusa em receber a “Ordem Nacional do Mérito Cientifico” que lhe foi concedido em decreto pelo presidente Jair Bolsonaro no última dia 03 de novembro (ver imagem abaixo).
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Entre as razões alegadas pelo professor Victora, um pesquisador de renome internacional, está o fato de que a honraria está sendo concedida por “Tum governo federal que não apenas ignora, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva, não me parece pertinente”. Além disso, Victora enfatiza que “como cientista e epidemiologista, tenho tornado pública, através de palestras e artigos científicos, minha completa oposição à forma como a pandemia de COVID‐19 tem sido enfrentada por esse governo”.
Por outro lado, o professor Victora acrescentou que não conseguiria “compactuar com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e em especial os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência têm sido utilizados como ferramentas para retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade científica brasileira nas últimas décadas”.
Para finalizar, Cesar Victora enfatizou que havia escrito a sua carta de recusa da “Ordem Nacional do Mérito Cientifico” antes “de ficar ciente de que as indicações de dois colegas cientistas (i.e., Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda) com posições críticas ao governo federal foram tornadas sem efeito, conforme o Diário Oficial de 5 de novembro”.

É interessante que no caso do protesto de Cesar Victora à retirada das medalhas de Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, já houve um pronunciamento da Academia Brasileira de Ciências (ABC), por meio do seu presidente, o físico Luiz Davidovich, protestando contra o que seria “o expurgo de cientistas que têm contribuído, com integridade e competência, para o desenvolvimento nacional e a saúde da população”. A mesma carta da ABC aponta que ” protestamos, como cientistas e cidadãos, contra essa escalada autoritária, que representa um ataque frontal ao espírito da Ordem Nacional do Mérito Científico” (ver imagem abaixo).

carta abc
Pelas informações que o “Blog do Pedlowski” recebeu é possível que outros agraciados por Jair Bolsonaro sigam o caminho trilhado por Cesar Victora e que outras associações científicas sigam a da ABC. Com isso, poderemos ter uma cerimônia de entrega de medalhas que exporá de forma ainda mais explícita a distância que separa a comunidade científica brasileira e o governo comandado por um presidente que se construiu como político negando o valor da Ciência nacional. O que o presidente deixou bastante explícito durante a ainda desastrosa gestão da pandemia da COVID-19 cujo resultado mais óbvio é a perda da vida de 600 mil brasileiros.
Finalmente, voltando à minha postagem original sobre a auto-concessão da “Ordem Nacional do Mérito Científico” por Jair Bolsonaro, tudo indica que o espírito de Marlon Brando pulsa firme em uma parte importante da comunidade científica brasileira. Melhor que seja sim.

Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife registram baixa carga do coronavírus em seus esgotos. Brasília e Rio de Janeiro seguem com cargas elevadas, mas em queda

Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife registram baixa carga do novo coronavírus em seus esgotos. Brasília e Rio de Janeiro seguem com cargas elevadas, mas com tendência de queda

covid esgotos

Brasília se mantém com elevada carga viral, apesar de sua redução nas últimas semanas. No Rio de Janeiro a carga do novo coronavírus caiu para o patamar registrado no primeiro semestre de 2021. Em Fortaleza e Recife foram observadas baixas cargas. Em Belo Horizonte e Curitiba a carga viral também está num patamar baixo

Boletim de Acompanhamento nº 07/2021 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados até 16 de outubro, semana epidemiológica 41, identificou baixas cargas do novo coronavírus em quatro capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife. Porém, outras duas cidades se mantiveram com elevadas cargas virais: Rio de Janeiro e Brasília, sendo que a capital federal registrou elevadas cargas do novo coronavírus nas últimas semanas em seu esgoto, apesar da redução verificada entre as semanas 38 e 41. Veja as informações por cidade a seguir.

Belo Horizonte (MG)

Em Belo Horizonte a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou uma tendência de redução da carga do novo coronavírus nos esgotos nas bacias dos ribeirões Arrudas e Onça entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro) em comparação ao período das semanas 35 (29 de agosto a 4 de setembro) e 37 (12 a 18 de setembro).

Entre as semanas 38 e 41, a menor carga viral foi registrada na semana 38: 5,4 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil pessoas. Já entre as semanas 35 e 37, a carga variou entre 23,7 e 34,4 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas, conforme o gráfico a seguir.

Evolução da carga viral no esgoto de Belo Horizonte

Especificamente na semana epidemiológica 40 (3 a 9 de outubro), o novo coronavírus foi detectado em baixa concentração (de 1 a 4 mil cópias por litro das amostras) somente nas duas estações de tratamento de esgotos de Belo Horizonte: ETE Arrudas e ETE Onça, o que está indicado em amarelo no mapa “c” a seguir. Nos demais pontos da rede de esgotamento monitorados, o vírus não foi detectado, o que está representado em verde no mesmo mapa abaixo. Entre as semanas 38 e 41, os pontos com média concentração viral, destacados em laranja, ficaram na faixa entre 4 mil e 25 mil cópias do vírus por litro.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Belo Horizonte entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Dentre os seis pontos especiais de monitoramento na capital mineira, na semana 41, o novo coronavírus foi detectado somente no Aeroporto Internacional de Confins e no lar de idosos acompanhado pela Rede Monitoramento COVID Esgotos. Conforme a tabela a seguir, ambos os pontos monitorados tiveram concentrações consideradas baixas: na faixa entre 1 e 4 mil cópias por litro das amostras. Na semana anterior os seis pontos não tiveram registro da presença do novo coronavírus nas amostras coletadas. Acesse aqui o boletim temático lançado em outubro com a análise dos pontos especiais de monitoramento de BH.

Concentração do novo coronavírus no esgoto dos pontos especiais de monitoramento em Belo Horizonte

Brasília (DF)

Brasília apresentou uma tendência de redução da carga do novo coronavírus em seus esgotos entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro). Nesse período a redução foi de aproximadamente 44%, caindo de 830 bilhões para 371,6 de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, considerando a soma das cargas das oito estações de tratamento de esgotos (ETEs), que, juntas, atendem a cerca de 80% da população do Distrito Federal. Apesar da queda, a carga viral total da semana 41 permanece elevada.

Evolução da carga viral no esgoto do Distrito Federal

Ainda entre as semanas epidemiológicas 38 e 41, a concentração viral oscilou para cima em determinadas estações de tratamento de esgotos e para baixo em outras ETEs. Para a Rede Monitoramento COVID Esgotos, tal fenômeno sugere que a circulação do vírus não ocorreu de modo uniforme nas diferentes regiões do DF nesse período. Além disso, essa pode ser uma das explicações para a divergência entre a redução da carga total do vírus no esgoto do Distrito Federal, enquanto houve aumento do número de casos de COVID-19 registrados entre as semanas 38 e 40.

Como pode ser percebido nos mapas a seguir, todos os pontos de monitoramento no DF tiveram altas concentrações do novo coronavírus (acima de 25 mil cópias por litro) ou médias concentrações (de 4 mil a 25 mil cópias) entre as semanas 38 e 41, as quais estão indicadas respectivamente em vermelho e laranja nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas no DF entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Curitiba (PR)

Entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro), Curitiba registrou algumas das menores cargas e concentrações do novo coronavírus em seu esgoto. No período a menor carga observada foi de 14,4 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 39 (26 de setembro a 2 de outubro) e a maior ocorreu na semana 38: 24,4 bilhões de cópias. Já na semana 41, houve um leve aumento para 21 bilhões de cópias por litro para cada 10 mil habitantes em relação à semana anterior. Somente a carga viral da semana epidemiológica 13 (28 de março a 3 de abril) foi menor que a mínima das últimas quatro semanas epidemiológicas: 10,3 bilhões de cópias do vírus.

Evolução da carga viral no esgoto de Curitiba

 Na semana epidemiológica 41, Curitiba teve um ponto de monitoramento em que não foi detectada a presença do novo coronavírus, a ETE Atuba Sul, indicado em verde no mapa “d” a seguir. Esta foi a primeira vez em que o vírus não foi detectado nesse ponto desde o início do monitoramento na capital paranaense em março. Também houve pontos com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro das amostras) e média concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro), indicados respectivamente em amarelo e laranja nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Curitiba entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

No ponto especial de monitoramento do Aeroporto Internacional Afonso Pena, o vírus não foi detectado nas semanas epidemiológicas 38 e 41. Já nas semanas 39 e 40, as concentrações medidas foram respectivamente de 7.720 cópias por litro, considerada média, e 107 cópias por litro, considerada baixa, conforme a tabela a seguir.

Concentração do novo coronavírus no esgoto do ponto especial de monitoramento em Curitiba

Fortaleza (CE)

Conforme os dados da Rede Monitoramento COVID Esgotos, nas semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) a 41 (10 a 16 de outubro), a carga do novo coronavírus aumentou na Estação de Pré-Condicionamento, que recebe a maior parte do esgoto coletado em Fortaleza, em comparação às quatro semanas anteriores. Apesar do aumento da carga viral, que oscilou entre 1,92 bilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 41 e 9,63 bilhões de cópias na semana 38, a carga verificada ainda permanece baixa na capital cearense.

Evolução da carga viral no esgoto de Fortaleza

Na semana epidemiológica 41, a Rede Monitoramento COVID Esgotos detectou o novo coronavírus somente na Estação de Pré-Condicionamento e com uma baixa concentração viral (entre 1 e 4 mil cópias do vírus por litro), indicada em amarelo no mapa “d” a seguir. Entre as semanas epidemiológicas 38 e 41, todos os pontos monitorados em Fortaleza não tiveram a presença do vírus detectada ou tiveram, no máximo, uma baixa concentração viral.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados em Fortaleza entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Recife (PE)

Entre as semanas epidemiológicas 37 (de 12 a 18 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou em Recife baixas cargas virais, que variaram entre 3 bilhões (na semana 40) e 5,8 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas (na semana 38). Com isso, houve um leve aumento da carga viral em relação às semanas epidemiológicas anteriores. Ainda assim, Recife permanece com baixa carga viral em seu esgoto.

Evolução da carga viral no esgoto de Recife

Ainda no período entre a semana 37 e a 41, todos os pontos de monitoramento em Recife tiveram baixa concentração do novo coronavírus (entre 1 e 4 mil cópias por litro) ou mesmo a ausência do vírus, situações respectivamente indicadas em amarelo e verde nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Recife entre as semanas epidemiológicas 37 e 41

Rio de Janeiro (RJ)

Nas semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) a 41 (10 a 16 de outubro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou que as cargas virais no esgoto do Rio de Janeiro caíram e voltaram ao patamar observado no início deste ano. Entre as semanas 38 e 41, a carga viral na capital fluminense caiu de 516,6 bilhões para 61,65 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Esta é a menor carga desde a semana epidemiológica 3 de 2021 (17 a 23 de janeiro), quando foram registrados 45,49 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.

Nas semanas 38 a 41, a tendência geral de diminuição das concentrações e cargas virais no esgoto do Rio de Janeiro, já apontada no Boletim de Acompanhamento nº 06/2021, se manteve em todos os pontos monitorados.

Evolução da carga viral no esgoto do Rio de Janeiro

Em termos de concentração viral, o novo coronavírus não foi detectado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Pedra da Guaratiba na semana epidemiológica 39, assim como aconteceu na ETE Penha na semana 41. Também nesta semana, a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou a menor concentração viral da série histórica para o ponto de monitoramento ETE Deodoro: 650 cópias por litro das amostras.

Nos mapas a seguir é possível ver a melhora das concentrações virais entre as semanas 38 e 41, sendo que as áreas em verde indicam a não detecção do vírus. As porções em amarelo, laranja e vermelho representam respectivamente os pontos de monitoramento com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro), média concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro) e alta concentração (acima de 25 mil cópias).

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados no Rio de Janeiro entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos

A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril, acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.

Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.

O último Boletim de Acompanhamento se soma aos boletins já publicados da Rede Monitoramento COVID Esgotos e aos 34 Boletins de Acompanhamento produzidos no contexto do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos, realizado com base em amostras de esgotos em Belo Horizonte e Contagem (MG). As lições aprendidas com o projeto-piloto são a base para os trabalhos da Rede.

A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.

Sobre os parceiros do projeto

ANA

Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020, também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.

Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.

INCT ETEs Sustentáveis

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.

Projeto de extensão de divulgação técnica e científica desenvolvido no IFPB procura democratizar acesso ao conhecimento 

Projeto institucional e de extensão de divulgação técnica e científica desenvolvido no campus João Pessoa do IFPB produz audiovisuais e podcstas para democratizar acesso ao conhecimento no contexto da pandemia da COVID-19

ifpb podcasts

O Instituto Federal da Paraíba (IFPB) está realizando um esforço notável para produzir e veicular quinzenalmente, de forma ininterrupta, podcasts e audiovisuais, com o objetivo de contribuir com os desafios da difusão de informações técnicas e científicas em um contexto de pandemia e negação do conhecimento científico.

Abaixo alguns dos materiais já produzidos e veiculados pelo IFPB que considero altamente informativos e que chegam em um excelente momento, pois está demonstrado que apenas com a afirmação do conhecimento científico poderemos enfrentar a atual e as futuras pandemia.

Audiovisuais

São vídeos curtos, sempre abordando temas específicos. Os links dos audiovisuais publicados seguem abaixo.

GLP | O Gás do Botijão de Gás: https://youtu.be/o_BXn5xjJ5Y
Movimento Armorial: https://youtu.be/LFicJZDj0W4
A temperatura muda o sabor do café?: https://youtu.be/A20RNHTMOLA
Rios Urbanos: https://youtu.be/FWZxcksfb6k

Arborização Urbana: https://youtu.be/gHlZ7CmAF-0 
Riscos da ingestão de bebidas muito quentes: https://youtu.be/MoxDpqpoU1M
Saber Popular, Tradicional e Científico: https://youtu.be/diC7uAFAdlA 
Como identificar um café de boa qualidade: https://youtu.be/6TfdtSliifs 
Castração de Gatos: https://youtu.be/vDhOf0djnKw 
Gestão da água: https://youtu.be/gECgT_TnLPs
Atividade física e Exercício físico: https://youtu.be/NnWbNlTZb-w
Disposição para praticar exercícios físicos: https://youtu.be/6GzcQWLn1xM 

Como funciona a panela de pressão: https://youtu.be/tXXI5zgDLII 
Castração de cães: https://youtu.be/QTPBXCKQChs
Plantas sinantrópicas: https://youtu.be/ShlhJwCb4ng
Plantas alimentícias não convencionais: https://youtu.be/kjIj241NiEc  
 
Podcasts
Os nossos podcasts podem ser ouvidos nos principais aplicativos, como o Spotify e o Google Podcasts, e no YouTube. Segue o link para a playlist dos podcasts publicados:

UFSC e sindicatos promovem Ciclo internacional sobre futuro do trabalho

“Assédios, violências, saúde e cuidado” em debate, nesta quarta-feira

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Os efeitos da pandemia sobre a saúde dos trabalhadores estarão no centro do debate nesta quarta-feira, no segundo painel do Ciclo Internacional “O Futuro do Trabalho”, realizado online numa parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e sindicatos de trabalhadores de dois estados do Sul (SC e RS). A conferência “Assédios, violências, saúde e cuidado” terá início às 18h30 e vai analisar como essas questões impactaram e seguem trazendo consequências para a classe trabalhadora. O seminário terá transmissão pelos canais do Youtube do Fazendo Escola e do Lastro. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas AQUI. Será fornecido certificado de 12 horas para quem participar de pelo menos cinco seminários. O evento teve início na semana passada e o tema de abertura foi  “A pandemia e o mundo do trabalho: tecnologias e trabalho” – o seminários são semanais, às quartas-feiras, e vão ocorrer até 24/11.

Para promover as reflexões sobre como a pandemia afetou essas relações de trabalho e a saúde, o seminário contará com a participação do Doutor Estudios Sociales de América Latina pela Universidad Nacional de Córdoba (UNC/Argentina) Pedro Lisdero, e a Doutora em Sociologia e professora da Universidade Federal do Acre (UFAC), Luci Praun. A mediação será de Ellen Pereira.

Pandemia e a saúde dos trabalhadores

Para a doutora em Sociologia Luci Praun, um dos principais pontos é que o contexto pandêmico foi utilizado por parte das empresas, em meio ao crescente desemprego, para tornar o trabalho ainda mais precarizado/uberizado: “Um exemplo evidente é a expansão das atividades realizadas por aplicativos, como o trabalho dos entregadores, e as atividades em teletrabalho”, aponta.

Outro aspecto destacado pela professora da UFAC é a dissociação entre as infecções e mortes por coronavírus das atividades laborais. Além dos profissionais da área da saúde, que estiveram na linha de frente em situação de exaustão física e emocional, outras atividades laborais também foram afetadas. 

“Nesse terreno, é sugestivo o levantamento feito a partir de dados do CAGED que indicam um aumento de 70,3% (até agosto de 2021) de desligamentos por morte entre trabalhadores de carteira assinada, com destaque para motoristas de caminhão, faxineiros e vendedores”, aponta Luci Praun

Papel das entidades sindicais no pós pandemia

Diante de um cenário de avanço da vacinação e redução das taxas de contágio da Covid-19, surge outra urgência: como atender os trabalhadores afetados pela pandemia, seja por questões de saúde ou sociais?

Conforme Luci Praun, neste contexto temos três questões prioritárias para analisar em relação ao futuro do trabalho: a assistência às pessoas que tiveram graves sequelas da Covid-19, algumas incapacitantes para o retorno ao trabalho; o avanço da precarização/uberização do trabalho, com a perda crescente de direitos e preservação da saúde física e mental; e o amparo aos trabalhadores que estão à margem de qualquer remuneração, em situação de miséria e disputando restos de comida para sobreviver.

Em todas essas situações, a questão principal é um novo olhar do sindicalismo e das entidades ligadas ao mundo do trabalho para a conjuntura pós-pandemia: “É necessário que as entidades representativas dos trabalhadores criem formas de ações comuns, que extrapolem os limites das categorias representadas, que sejam capazes de atingir e criar lastros de solidariedade entre os diferentes segmentos que compõem o mundo do trabalho”, finaliza a socióloga.

A programação completa com os demais seminários do Ciclo Internacional “O Futuro do Trabalho” está disponível em: futurodotrabalho.ufsc.br

Organização

O Ciclo de Seminários é realizado pelo Laboratório de Sociologia do Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina (Lastro/UFSC), e pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Trabalho Público e Sindicalismo (Fazendo Escola), que é vinculado ao Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc), Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (Sindjus/RS) e Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal no Estado de Santa Catarina (Sintrajusc). (Texto: Joice Proença)

Serviço

“A pandemia e o mundo do trabalho: tecnologias e trabalho”

Data: 27 de outubro (quarta-feira)

Horário: 18h30

Transmissão: YouTube “Fazendo Escola”

Inscrição: AQUI

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Confira o currículos dos conferencistas

Pedro Lisdero (Conferencista):

Doutor em “Estudios Sociales de América Latina” pela Universidad Nacional de Córdoba – UNC, pesquisador do “Consejo Nacional de Investigaciones Cientificas y Técnicas” (CONICET), co-director do “Programa de Estudios sobre Acción Colectiva y Conflicto Social”, do “Centro de Investigaciones y Estudios sobre Cultura y Sociedad” (CONICET y UNC), pesquisador do “Centro de Investigaciones y Estudios Sociológicos (CIES).

Luci Praun (Conferencista):

Doutora (2014) em Sociologia e Docente da Universidade Federal do Acre (UFAC). Desenvolve pesquisas relacionadas ao trabalho, especialmente com os seguintes temas: Precarização do Trabalho; Educação e Trabalho Docente; Saúde dos/as Trabalhadores/as; Movimentos Sociais; Direitos Humanos; Trabalho e Gênero.

Programação:

20/10 – A pandemia e o mundo do trabalho: tecnologias e trabalho

27/10 – Assédios, violências, saúde e cuidado

03/11 – Liberdade, precariedade e trabalho compulsório

10/11 – Desigualdades estruturais e mercado de trabalho

17/11 – Políticas de austeridade e reformas no mundo do trabalho

24/11 – Trabalhadores e trabalhadoras reinventam formas de organização

Links:

Programação completa: https://futurodotrabalho.ufsc.br/ 

Inscrição gratuita no site: https://bit.ly/SeminarioFazendoEscola 

Para acompanhar o seminário:

https://www.youtube.com/channel/UCTDZqH-u_LPprUwmuosp7TA 

https://www.youtube.com/channel/UCneDgPe7rXh6VWpmLrDPIJg