Complexo Industrial e Portuário do Pecém: um Açu que deu certo, ou quase certo

Em busca de uma ampliação dos meus estudos sobre o modelo que Eike Batista tentou implantar em São João da Barra com o Complexo Industrial Portuário do Açu (CPIA), estive visitando o entorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém que se localiza no município de São Gonçalo do Amarante, distante 60 km de Fortaleza. O Complexo do Pecém cobre uma área de aproximadamente 4.000 hectares, e inclui um porto, uma siderúrgica e, sim, uma termelétrica que foi construída pela MP(X) do ex-bilionário Eike Batista.

As imagens que vão abaixo mostram que, ao contrário do CPIA, o Complexo do Pecém já está em estágio avançado, e o porto está funcionando a pleno vapor. Além disso, a termelétrica da ENEVA (novo nome da MP(X), também já está pronta, enquanto que a siderúrgica ainda está em construção.

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Graças a essa evolução positiva, a área abriga a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) que funciona desde 30 de agosto de 2013. Eu voltarei a falar nas ZPEs em breve, mas o importante aqui é notar que na visita que fiz na região do entorno, não visualizei grandes modificações na situação das comunidades existentes. E num estranho paralelo com os acontecimentos de São João da Barra, a implantação do Complexo do Pecém também resultou em conflitos sociais, inclusive com comunidades indígenas que ocupavam tradicionalmente aquele território.

Assim é importante notar que apesar de todas as responsabilidades que Eike Batista e seus patronos possuem no caso do Porto do Açu, essa situação não é única no Brasil, que está servindo de palco para uma experiência de reprimarização da sua economia, com a instalação de pontos de apoio para a exportação de materiais primários.  É dos efeitos desse aspecto particular do modelo neodesenvolvimentista que teremos de nos ocupar nas próximas décadas.

Finalmente é importante ressaltar que todo o ar de novidade com que o Complexo do Açu nos foi apresentado era, como de todo o resto da mensagem que Eike Batista ecoava, uma velha novidade. E pior onde os perdedores são os mesmos de sempre desde que os conquistadores portugueses chegaram por aqui para começar a saquear os recursos naturais existentes.

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