Porto do Açu: de concreto mesmo só as terras tomadas dos agricultores familiares

A figura abaixo já se encontra disponibilizada em um artigo científico que saiu publicado este ano numa revista publicada nos EUA. Agora com toda as expectativas geradas pela transformação da LL(X) em “Prumo” resolvi traduzi-la para ver se fica claro o que, de fato, existe hoje no V Distrito de São João da Barra e que não é o tal Distrito Industrial que motivou a desapropriação de quase 500 propriedades pertencentes a agricultores familiares.

Açu mapa de localidades

A porção direita da figura mostra uma situação para lá de interessante, qual seja, o fato de que as áreas privadas do que seria o Complexo Industrial Portuário do Açu representam uma fração minoritária do estoque de terras que estão envolvidas nesse negócio. A imensa maioria das terras que foram passadas de graça pela CODIN para a LL(X) (e por herança para a Prumo) pertenciam a agricultores familiares que viviam na região há várias gerações.

Agora, perguntem-se, o que de concreto existe nesse imbróglio todo? Ora, quem pensou na estrutura do porto se enganou, pois essa continua sendo uma promessa cuja finalização muda de data, como mudamos de roupa nos dias calorentos.  A verdade é que de concreto mesmo só os quase 7.500 hectares que compõem a chamada retroarea do Porto do Açu.

Enquanto isso a CODIN continua, mesmo que mal das pernas, desapropriando mais propriedades para entregar para a LLX-PRUMO, sem que haja mais a justificativa do interesse social que motivou a promulgação dos decretos de desapropriação. Para piorar isso tudo, muitas famílias continuam sendo ignoradas como “réus ignorados” em processos que afrontam o estado de direito e revelam a face mais hedionda de todo esse processo de tomada de terras. E o mais interessante é que agora as terras entregues para um fundo de investimentos multinacional no que pode se transformar numa ponte para a especulação financeira. Afinal, pelo que tenho lido na imprensa corporativa, o EIG não possui experiência nem na administração de portos ou na de logística.

Finalmente, para os agricultores que ainda não perderam suas terras resta ainda o problema da salinização de recursos hídricos e solos, sem que ninguém se defina sobre quais são as responsabilidades do Fundo EIG que até este momento só herdou as benesses geradas para alimentar a gula especulativa de Eike Batista e seu hoje moribundo conglomerado de empresas pré-operacionais.

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