Quando Eike Batista criou seu império de empresas pré-operacionais ele o fez de forma de torná-las fortemente conectadas, de modo a potencializar seus próprios ganhos. A esse emaranhado fortemente ligado de empresas alguém já até deu o jocoso nome de “corrente de Santo Antonio da bolsa de valores”. Agora que a crise se abateu de forma inapelável sobre o império “X”, a conexão que antes significava chance de multiplicar lucros se tornou uma imensa fonte de problemas como, aliás mostra a matéria abaixo do Jornal Valor Econômico. É que lutando para não morrer com o mico na mão, credores da OS(X) e da OG(X) lutam para ver como jogar o pepino no colo uns dos outros.
Com isso, o que se vê é que a OG(X) ou OGP como foi rebatizada para ocultar a sua gênese “X” está em graves dificuldades, correndo o risco de sequer garantir o processo de recuperação judicial, o que aprofundaria ainda mias o inferno astral de Eike Batista e do que restou do seu império. Simples assim!
Credores de OGX e OSX negociam termos de contratos
Uma intensa negociação entre os credores da OGP (antiga OGX) e os credores internacionais do estaleiro OSX dificulta o andamento da recuperação judicial da petroleira de Eike Batista.
Os principais credores da OGX firmaram, no fim do ano, um entendimento pelo qual se tornarão acionistas da empresa. Porém, para assinar o acordo, eles querem que a OSX garanta os contratos já firmados com a petroleira para o aluguel da plataforma usada no campo de Tubarão Martelo. Sem isso, a conta feita pelos detentores de bônus da OGX para ficar com as ações deixaria de fechar.
Para a construção das plataformas de petróleo, a OSX tomou dívidas, que seriam pagas a partir do momento que em produzissem. Como a OGX não encontrou o petróleo, o estaleiro ficou sem esse fluxo de receita. Quando pegou os recursos com bancos e investidores internacionais, a OSX deu garantias de que, em caso de default, eles poderiam ficar com as plataformas ou as empresas criadas para abrigá-las.
Agora, credores da OSX estão, de certa forma, valorizando suas posições e querendo modificar contratos em termos que lhe sejam mais benéficos. Por outro lado, os detentores de bônus da OGX querem ter a segurança legal de que não existe a possibilidade de fecharem o acordo de recuperação da petroleira e, no dia seguinte, os credores da OSX executarem o direito de ficar com uma das plataformas. Também não querem ter de renegociar contratos depois.
O cerne da disputa reside na plataforma OSX-3, criada para operar em Tubarão Martelo e que teve sua construção financiada por uma emissão de bônus no mercado internacional. São os detentores desses bônus da OSX que estão à frente das conversas e já acenaram algumas vezes com a possibilidade de executar suas garantias.
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, essa possibilidade seria pequena, uma vez que as plataformas estão no Brasil e, portanto, protegidas pelo pedido de recuperação judicial feito pela empresa. Vender as plataformas também não seria uma saída fácil, já que foram feitas sob medida para a OGX.
Por sua vez, a OGX tem interesse em rever o valor do aluguel que paga pelo uso da plataforma OSX-3. O contrato prevê o pagamento de US$ 365 mil por dia, mas a petroleira argumenta que essa cifra se refere a uma produção em Tubarão Martelo muito maior que o volume que será efetivamente extraído do campo, já que as estimativas foram revisadas para baixo.
Nesta semana, em São Paulo, os dois blocos de credores mantiveram intensa agenda de reuniões. A expectativa é que consigam chegar a um acordo porque a liquidação das companhias não seria a melhor opção para nenhum deles.
Fonte a par das conversas diz que há, das duas partes, um entendimento de que é preciso alinhar os contratos para que as empresas tenham condições de sobreviver. Porém, até agora, não há um acerto sobre os termos do aluguel nem das condições de rescisão.
Enquanto isso não acontece, as companhias estão estranguladas. Recursos necessários à OGX não estão chegando à companhia porque as negociações com os credores do estaleiro dificultam o já complexo processo de recuperação judicial da petroleira.
É mais um desafio para a OGX, que também enfrenta dificuldades para receber o aporte de US$ 200 milhões já negociado com seus credores internacionais. Segundo uma pessoa a par do assunto, a injeção de recursos está engatilhada, mas cada investidor precisa definir a forma e as condições em que o aporte será feito, processo que está demorando mais que o previsto.
