No dia do trabalhador, o direito de greve mais uma vez é transformado em caso de polícia

Eu venho acompanhando de forma tangencial a atual greve dos rodoviários em Campos dos Goytacazes cujas reivindicações me parecem tão básicas que não deveria nem estar sendo motores de uma greve. Agora veio a intervenção do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) de intervir com a ajuda da Polícia Militar para que os 30% mínimos de veículos sejam colocados na rua por profissionais cuja habilitação e capacidade para fazê-lo é, no mínimo, questionável.

Essa situação me parece peculiar, pois não entendo poro que o MPRJ já não interveio a mais tempo nas diferentes facetas que expõe o caos quase completo que a população pobre dessa cidade é obrigada a viver imersa todos os dias. E aqui não falo apenas da falta de ação objetiva da PMCG e do órgão teoricamente responsável por garantir um mínimo de qualidade nos serviços, o tal Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), mas também das condições terríveis de trabalho a que são submetidos muitos profissionais que hoje se colocam em greve. Para quem já teve a oportunidade de adentrar um desses veículos caquéticos que circulam pela  cidade verá trabalhadores à beira da exaustão, quase sempre irritados em função da condição em que precisam trabalhar todos os dias.

E a tal famigerada política da passagem a R$ 1,00. Por que até hoje não tivemos uma auditoria externa para verificar se os números declarados de repasse às empresas coincide com a realidade? E por que até hoje e R$ 150 milhões depois, a população de Campos ainda é submetida a esse tipo de transporte público?

Os defensores do grupo político do deputado Anthony Garotinho poderão dizer que os donos das empresas é que estão bloqueando a licitação que poderia colocar um pouco de ordem e qualidade nos serviços prestados à população. Mas esse argumento não resolve a questão de porque até hoje não viu a mesma urgência aplicada na tomada de parte da frota que volta circular, sem que se saiba quem garantir, por exemplo, a limpeza e a manutenção dos veículos se a greve durar mais tempo.

Finalmente, só posso lamentar que em pleno Dia do Trabalhador, uma greve seja tratada como caso de polícia.

Rodoviários12-RS

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