Agrotóxicos neonicotinóides estão eliminando polinizadores chaves na agricultura mundial

Pesticidas estariam colocando em risco a produção de alimentos

Pesquisadores analisaram mais de 800 estudos realizados nas últimas duas décadas e concluíram que há evidências claras de que pesticidas amplamente utilizados são danosos para espécies polinizadoras, essenciais para a agricultura.

A reportagem é de Fabiano Ávila, publicada pelo Instituto Carbono Brasil, 24-06-2014.

O impacto dos pesticidas sobre os ecossistemas já é estudado há muito tempo, e não são raros os trabalhos científicos que alertam que alguns tipos de químicos são prejudiciais para a saúde humana e animal. Porém, nunca antes um grupo de pesquisadores transmitiu tão forte a mensagem de que o uso de pesticidas está colocando em risco a produção agrícola ao acabar com espécies essenciais para a produção de alimentos.

“A evidência é clara. Estamos testemunhando uma ameaça à produtividade de nossa agricultura e ao meio ambiente equivalente à que foi provocada pelos organofosfatos – DDT. Muito longe de proteger a produção de alimentos, o uso de neocotinoides e do fipronil está ameaçando a própria estrutura que mantém a agricultura, matando polinizadores e outras espécies essenciais”, afirmou Jean-Marc Bonmatin, do Centro Nacional para Pesquisas Científicas da França, um dos autores da análise.

Bonmatin e outros 28 pesquisadores de diversas partes do mundo avaliaram mais de 800 estudos publicados nas últimas duas décadas para buscar entender qual é a visão da comunidade científica sobre o uso de alguns dos pesticidas mais populares mundialmente.

O que observaram é que existem poucas dúvidas de que os neocotinoides e o fipronil são prejudiciais para uma vasta quantidade de espécies, entre elas abelhas, borboletas, alguns tipos de minhocas e pássaros.

Entre os problemas que esses pesticidas causam nos animais estão: perda do olfato e de memória; redução da fecundidade; alteração no padrão alimentar e no senso de direção. Nas abelhas, ainda provocam dificuldades de voo e aumentam a vulnerabilidade a doenças.

“Quando os primeiros estudos apareceram sobre o tema, houve uma forte reação da indústria química e dos próprios agricultores. Assim, o assunto ficou esquecido por muito tempo. Hoje estamos vendo uma situação semelhante aos anos 1950, quando utilizávamos químicos na agricultura que eram terrivelmente nocivos”, reforçou Dave Goulson, daUniversidade de Sussex.

A estimativa mais recente aponta que os agricultores gastam anualmente mais de US$ 2,6 bilhões em neocotinoides.

Para piorar, segundo os pesquisadores, as doses utilizadas desses pesticidas e a sua potência têm sido aumentadas com o passar dos anos, já que as pestes ficam cada vez mais resistentes.

“É semelhante ao que vemos quando um ser humano abusa dos antibióticos para evitar ficar doente: quanto mais se usa, mais resistentes as bactérias ficam. É uma loucura o que estamos fazendo, utilizando esses pesticidas como profiláticos”, disse Goulson.

A análise, intitulada Worldwide Integrated Assessment on Systemic Pesticides – algo como Análise Global Integrada sobre Pesticidas Sistêmicos, será publicada nos próximos dias no periódico Environmental Science and Pollution Research.

FONTE: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/532653-pesticidas-estariam-colocando-em-risco-a-producao-de-alimentos

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