Jornal Terceira Via produz matéria sobre erosão costeira no Porto do Açu

Porto pode causar desaparecimento do Açu segundo estudo de professor

Praia perdeu 37 hectares de área desde o início da construção do Porto, segundo estudo do professor da Uenf Marcos Pedlowski

Moradores do Açu, no município de São João da Barra, estão assustados com o recuo da faixa de areia que começou a ser notado após a construção do Porto.

Em recente estudo coordenado pelo professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Marcos Pedlowski e divulgado em seu blog, ele afirma ter recebido novas imagens da Praia do Açu, mostrando que a linha de praia continua onde ele fotografou pela última vez. A situação segundo ele é preocupante devido a diminuição contínua da faixa de areia, o que pode causar o desaparecimento da localidade.

 “Se a situação continuar dessa forma, o Açu vai desaparecer em menos de cinco anos, como aconteceu com Atafona. Pedi uma análise da variação da área de areia que vai desde a Barra do Açu até o terminal 1 do Porto, e o resultado é preocupante. Uma coisa é inegável no que a imagem mostra, que após a construção do Porto a área diminuiu. Precisamos acompanhar sempre e medir ao longo do tempo os efeitos que já foram notados, seja na diminuição da faixa de areia ou na salinização de águas e solos na região no entorno do empreendimento”, ressaltou.

 Um morador que não quis se identificar por medo de represálias afirmou que a erosão sempre existiu, mas que no decorrer do ano a faixa de areia era recomposta por correntes marinhas contrárias e que agora, não chegam mais devido a construção do quebra mar do T2 (TX2 – Terminal do Estaleiro). 

 “Muitos moradores estão em pânico com essa diminuição da faixa de areia e outros não entendem muito bem porque isso está acontecendo. É preocupante ver imagens do antes e depois da orla desde o início da construção do Porto”, enfatizou.

 Outro ponto que merece atenção segundo o professor é que a praia encolheu na maré baixa, o que deveria ocorrer somente na alta. Houve uma perda de 37 hectares de praia desde o início da construção do Porto.

 “Essa redução de área é visível e não é sazonal. Os moradores têm percebido essa mudança e estão se preocupando com o fato. Essa perda se deve ao avanço do quebra-mar. Muitos não entendem as causas do problema porque falta divulgação dos números efetivos pela Prumo, empresa responsável pelo Porto. Tem que haver um monitoramento mais intenso e frequente dos estudos que eles fizeram sobre a área”, disse Marcos.

 Ainda de acordo com o professor Marcos, as causas graves que originam este problema são: a remoção em toda área, da restinga, considerada uma das maiores do país, a salinização, que prejudicou as águas no lençol freático e a grande perda da faixa de areia.

 “Com a construção do Porto muitas espécies da fauna morreram e a mortalidade de mudas é de quase 100%. Muitos animais que dependiam dessa vegetação para viver também morreram. O impacto da construção é muito maior do que as pessoas pensam e não se tem ideia real porque algumas coisas são invisíveis. O programa de reflorestamento da Prumo é muito bom no papel, mas na prática não funciona. Quanto a salinização, a água está se espraiando para a planície, o que prejudica e muito as lavouras. Existem produtores que perdem lavouras até hoje por isso e nenhum especialista vai ao local para esclarecer dúvidas e levar soluções. O Açu corre o sério risco de de não existir mais e como vão ficar os moradores? Sei que pode parecer ingenuidade, mas seria legal que em um dos seus futuros comunicados a Prumo Logística também disponibilizasse os dados que diz estar produzindo sobre estas variáveis. Afinal esses dados têm que ser transparentes”, concluiu.

Sempre respeitando o princípio do contraditório e buscando as diferentes versões para um mesmo fato, o jornal Terceira Via entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prumo Logística, sem obter resposta. Ainda assim, o jornal aguarda e publicará versão da empresa para este fato.

FONTE: http://www.jornalterceiravia.com.br/noticias/norte-noroeste_fluminense/54082/porto_pode_causar_desaparecimento_do_acu_segundo_estudo_de_professor

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