As cenas abaixo explicitam de forma indiscutível as duas lógicas que dão suporte aos diferentes atores que participam do conflito agrário em curso no entorno do Porto do Açu: de um lado os agricultores familiares que querem usar a terra para plantar alimentos e criar o seu gado, enquanto do outro lado estão o (des) governo do Rio de Janeiro e as corporações que executam um controle militarizado do território.
Para demonstrar o que eu digo acima, basa ver o que os agricultores que estão acampados nas propriedades desapropriadas pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro (Codin) começaram a fazer depois de poucos dias da ocupação, qual seja, preparar para cultivar as terras que estavam literalmente improdutivas para o cultivo de alimentos.




Enquanto isso, do outro lado, o que continua acontecendo é o controle ostensivo do território para impedir que o rebanho bovino dos agricultores desapropriados possa se alimentar e consumir água, praticamente condenando esses animais à morte, o que significaria uma ampliação das enormes perdas financeiras e emocionais já acumuladas pela comunidade do V Distrito de São João da Barra.
Um desdobramento que deverá explicitar ainda mais as contradições da disputa em curso se refere a um provável pedido de reintegração de posse das áreas ocupadas pelos agricultores desapropriados. Eu estou particularmente curioso para saber quem será a personalidade jurídica que dará entrada a este pedido. É que apesar da Prumo Logística deter o controle de fato das áreas desapropriadas, as terras desapropriadas estão de direito sob a guarda da Codin. A ver!

