O que o comício de Donald Trump interrompido por protestos tem a ver com o Brasil? Tudo!

Demonstrators cheer after Republican U.S. presidential candidate Donald Trump cancelled his rally at the University of Illinois at Chicago March 11, 2016. REUTERS/Kamil Krzaczynski

A cobertura da mídia brasileira anda focada apenas na caça seletiva à corrupção como um mecanismo de mudança no governo federal, retirando Dilma Rousseff do cargo para a qual foi eleita em 2014. De outro lado, há uma reação por parte da mídia alternativa que, na maior parte das vezes, apenas realça um aspecto correto que é o envolvimento em casos ainda maiores de corrupção. Entretanto, mostrar a parcialidade, e até mesmo casos de atentos à ordem tributária por parte de membros da mídia  corporativa não resolve o problema objetivo envolvimento do neoPT em casos de corrupção, como o caso da Petrobras. 

Mas o pior aspecto desse FlaxFlu é a ocultação de que há uma crise profunda que ameaça a estabilidade política inclusive na principal potência econômica e militar, os Estados Unidos da América.  Abaixo um vídeo mostrando conflitos que impediram a realização de um comício do bilionário Donald Trump que é até agora o favorito para vencer as primárias (notem que falei primárias!) de onde sairá o candidato do Partido Republicano para a sucessão de Barack Obama.

E há que se notar que essas cenas caóticas ocorreram no ginásio da Universidade de Illinois-Chicago, um local onde se esperaria um pouco mais de tolerância democrática. Entretanto, dada o radicalismo da mensagem de Donald Trump que se centra na perseguição a imigrantes ilegais (ou não para dizer a verdade) e a muçulmanos, esses conflitos já vinham ocorrendo em menor escala ao longo dos EUA.

Alguém poderia me perguntar sobre como essas cenas de Chicago se encontram com o que temos assistido nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, no que eu responderia: ora, é a economia! E em períodos de profunda crise econômica mundial, a tolerância é sempre a primeira vítima. Dai para rupturas da ordem democrática é só um pulo.

Além disso, para um lado e para outro no debate interno no Brasil, o que essas cenas nos mostram é que toda tentativa de restringir a análise ao nível das nossas fronteiras nos faz perder a real dimensão da crise em que o Capitalismo está envolvido neste momento,  e também nos impede de ver porque certos setores estão tão ansiosos para uma mudança de regime no Brasil: ajudar os “amigos” do Norte.

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