O mergulho no escuro

O impeachment que se avizinha da presidente Dilma Rousseff é um verdadeiro mergulho no escuro a que os brasileiros estão sendo empurrados por suas elites econômicas e políticas. As incertezas geradas pela interrupção de um mandato garantido nas urnas são amplas, gerais e irrestritas.  

O fato é que o impeachment de Dilma Rousseff é um golpe de estado via o uso de um parlamento pouquíssimo representativo e da participação partidarizada da justiça, a começar pelo Ministério Público Federal, passando pela Procuradoria Geral da República,e chegando no Supremo Tribunal Federal.

Nessa equação de usurpação da vontade popular também está a imensa maioria da mídia corporativa brasileira que, em vez de informar, se portou como um agente ativo da derrubada de uma presidente eleita, ainda que por uma margem estreita.

Entretanto, ao contrário de muitos colegas que se angustiam com esse golpe parlamentar/judiciário/midiático, eu penso que estamos entrando num período em que as elites ainda vão se arrepender do que estão fazendo. É que não há como um mergulho no escuro de tamanhas proporções dar certo. A disposição demonstrada de empurrar milhões de brasileiros de volta para a miséria absoluta certamente terá uma resposta pot parte da maioria da população que se manteve basicamente silenciosa desde que todo esse imbróglio começou.   Sinais disso já estão sendo dados pela juventude que ocupa escolas em vários estados brasileiros contra as mesmas políticas que Michel Temer diz que vai implantar a partir da decisão do Senado Federal de interromper o mandato de Dilma Rousseff.

E antes que eu me esqueça: boa parte da culpa da crise política que estamos vivendo cabe ao ex-presidente Lula que desenvolveu e aplicou uma engenharia política que dependeu sempre dos mesmos personagens que hoje se movem para retirar a sua escolhida do poder. E Dilma Rousseff tem uma boa parcela de culpa por ter abraçado o programa econômico que ela mesma derrotou nas urnas.  

 

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