A deslegitimação do capitalismo com uma suposta face humana que Lula propôs e executou em combinação com Dilma Rousseff por meio da chamada Operação Lava Jato resultou no golpe de estado “light” que levou Michel Temer e o PSDB ao poder.
Desde a consumação do golpe o que está se vendo é uma entrega sem precedentes das riquezas nacionais, desmantelamento dos mecanismos de amortecimento das desigualdades sociais e a destruição do sistema de regulação ambiental. De quebra, ainda tivemos a aprovação da PEC 55 que congela investimentos públicos em áreas estratégicas, mas mantém intacta a orgia rentista que enriquece poucos e faz alegria dos banqueiros nacionais e internacionais.
Ainda temos pela frente a tentativa de impor uma reforma draconiana no sistema de seguridade social que tornaria o Brasil um dos países mais difíceis para um trabalhador obter uma aposentadoria, que dirá uma aposentadoria integral.
Olhando de fora, o que está acontecendo no Brasil deveria já ter levado milhões de pessoas às ruas para derrubar um (des) governo ilegítimo e anti-nacional. Mas, convenhamos, não é isso que estamos assistindo. O governo “de facto” de Michel Temer até agora passou tranquilamente o trator sobre tudo, e com uma resistência mínima por parte de partidos da oposição, sindicatos e movimentos sociais.
Na minha modesta opinião, isso está acontecendo porque efetivamente inexiste a vontade política para organizar a resistência a este processo de efetiva recolonização do Brasil pelas grandes instituições financeiras que controlam a economia globalizada. É só observar bem para ver que quando muito temos assistido discursos pró-forma, pois organizar ações diretas contra os (des) governos que estão impondo a recolonização do Brasil que é bom, nada.
O problema dessa inação política é o aprofundamento do desgaste de determinadas forças como o Partido dos Trabalhadores, CUT e MST. Isso num primeiro momento deverá possibilitar que as medidas de recolonização passem com tranquilidade, pois as forças que restam são insuficientes para organizar e executar uma agenda de resistência. Entretanto, a alegria dos que hoje executam a agenda da recolonização poderá se transformar em tristeza se novas forças se impuserem para liderar a reação popular que inevitavelmente virá quando as pessoas comuns se tocarem do que a recolonização vai significar nas suas vidas.
A grande questão é que o atual momento histórico reflete um processo de profundo desiquilíbrio no sistema capitalista, e a fileira de dominós poderá começar a desabar, mesmo a partir de pontos de maior insignificância na manutenção do status quo. Nesse sentido, o Brasil poderá se ver em breve no epicentro de uma grande convulsão social já que os padrões haitianos que a recolonização nos imporá serão aviltantes demais para serem aceitos pacificamente.
E é preciso notar que não faltam “pontos fracos” na América Latina a partir de onde os dominós começarão a cair, chegando até o Brasil.
I’d appreciate seeing som references–magazine/newspaper/ journal articles that reflect on this process: ‘recolonizacao’. Phofer@laverne.com.
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