Um tributo a John Browder, um intelectual que amava a Amazônia e seus povos

A morte de alguém próximo normalmente desperta sentimentos de perda e dor na maioria de nós.  Apesar de tomar a morte como um ponto inevitável no ciclo da vida, sempre me vejo confrontado esses sentimentos quando pessoas influentes na minha vida cessam sua existência. Este é o caso agora do meu orientador de doutorado, John Browder, que faleceu neste final de semana após uma dura batalha contra o câncer.

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Ainda que separados por milhares de quilometros desde que retornei para o Brasil em 1997, mantive com o professor Browder uma profícua parceira acadêmica e uma amizade que se fortaleceu ao longo do tempo. A última em que nos encontramos pude compartilhar na sua casa, onde na base de muitas marteladas consegui terminar de montar cadeiras que ele havia comprado numa loja do Walmart.  Enquanto eu martelava, John ria gostamente com todo aquele esforço para termos cadeiras para sentar e jantar.

browder final

Mas a perda que a morte de John Browder representa vai muito além da pessoal para sua família e os que passaram pelas suas mãos como orientados ou simplesmente alunos na Virginia Tech. Com sua morte se encerra um capítulo de uma saga de pesquisas que ele iniciou na década de 1980 na Amazônia brasileira ocidental quando chegou em Rolim de Moura (RO) para estudar o ciclo de ouro da exploração do mogno, as quais carregam as digitais acadêmicas que ele fez questão de imprimir em cada um dos seus projetos acadêmicos.  Sendo um amante obsessivo dos detalhes e da perfeição, ele me impôs tarefas duras para obter dados sobre os processos controlando o uso da terra no estado de Rondônia, especialmente aqueles que oferecem alguma possibilidade de que a imensa riqueza amazônica representada em suas florestas não seja transformada literalmente em cinzas.  

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É dessa linhagem de pesquisas que precisamos urgentemente neste momento onde todas as barreiras para a completa destruição da biodiversidade amazônica estão sendo derrubadas. Em nossas últimas trocas de e-mails, John Browder se mostrou tremendamente preocupado com as notícias que chegavam sobre a retomada dos altos níveis de desmatamento na Amazônia brasileira. 

Apesar de John Browder já não estar mais por aqui para me instigar para publicar um artigo sobre a penetração da pecuária na Amazônia e suas contribuições para o avanço do desmatamento que ali está ocorrendo., tentarei levar essa tarefa para frente.  Creio que seria a melhor forma de retribuir todas a contribuições que ele generosamente me ofereceu enquanto orientador e amigo. 

Rest in peace, John Browder.

10 comentários sobre “Um tributo a John Browder, um intelectual que amava a Amazônia e seus povos

  1. Prezado Pedlowski.
    Receba um sincero e fraterno abraço solidário pela perda do orientador, cientista e amigo que tanto engrandecimento trouxe a sua formação humana.

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  2. Conheci Jhon Browder em 1984/85,como ainda aluno de Doutorado em Rondônia onde coletava dados para sua tese na SPLAN,onde trabalhava na DPR,Divisão de Planejamento Regional, no antigo IBDF e também no INCRA. Pedlowiski tem razão quando fala de uma pessoa que de detalhe e busca de perfeição. Era determinado e sempre se fazia presente nos compromissos relacionados a busca de dados, análises e algumas discussões com diferentes técnicos que o auxiliaram.
    Mas o seu trabalho rendeu frutos, acho que o Pedlowski é o maior exemplo disso, e nessa sequência a sua foto (Pedlowski) ao lado do então ex-aluno de graduação em Geografia da UNIR, Cajueiro, hoje Dr. Cajueiro (Doutorado e Mestrado pelo INPE), indica que de uma forma ou outra se dá continuidade a essas interligações que a vida na Amazônia nos proporciona. É lamentável a perda da pessoa, mas o trabalho por ele desenvolvido e por tantos que compartilharam momentos diretos e indiretos com sua pessoa de certo continuam e continuaram influenciando e norteando outros pesquisadores que se encantem, como ele, por essa Amazônia.
    Eliomar P. Sila Filho, Prof. Associado da Universidade Federal de Rondônia, UNIR.

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  3. Conheci Jhon Browder em 1984/85,como ainda aluno de Doutorado em Rondônia onde coletava dados para sua tese na SEPLAN,onde trabalhava na DPR,Divisão de Planejamento Regional, no antigo IBDF e também no INCRA. Pedlowiski tem razão quando fala de uma pessoa de detalhe e busca de perfeição. Era determinado e sempre se fazia presente nos compromissos relacionados a busca de dados, análises e algumas discussões com diferentes técnicos que o auxiliaram.
    Mas o seu trabalho rendeu frutos, acho que o Pedlowski é o maior exemplo disso, e nessa sequência a sua foto (Pedlowski) ao lado do então ex-aluno de graduação em Geografia da UNIR, Cajueiro, hoje Dr. Cajueiro (Doutorado e Mestrado pelo INPE), indica que de uma forma ou outra se dá continuidade a essas interligações que a vida na Amazônia nos proporciona. É lamentável a perda da pessoa, mas o trabalho por ele desenvolvido e por tantos que compartilharam momentos diretos e indiretos com sua pessoa de certo continuam e continuaram influenciando e norteando outros pesquisadores que se encantem, como ele, por essa Amazônia.
    Eliomar P. Sila Filho, Prof. Associado da Universidade Federal de Rondônia, UNIR.

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  4. Entendi. Muito obrigado senhor editor. Me sinto lido e corrigido. Agradeço muito em meu cálice de vinho. Boa noite. No que peso não nos conhecermos pessoalmente, me senti motivado pelos fatos históricos vividos, e lido. Meu número na UNIR é 0001 do curso de economia. Sou discípulo de; Saudoso Prof. Evandro Bastos; Maurílio Galvão; (póstumos), Neves e demais. Como na Bíblia Sagrada dos Cristãos que tb sou: A semente caiu e Germinou. Um abraço

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  5. Dr. John Browder foi cliente do meu Hotel (Hotel Iguaçu) em Rolim de Moura-RO, nos anos 1986 até 1988. Na época me chamou muita atenção o seu método de trabalho e sua disciplina. Comandava sempre uma equipe em torno de 10 acadêmicos, muito disciplinados e regidos sob o julgo do silêncio. Como anfitrião, dono do hotel tentava levar um “papo“, mas nada. Só com ele mantive algumas conversas sobre a sua hospedagem em meu hotel, A chave do cofre do hotel que neste tempo eu disponibilizava para o uso dele, e muito superficialmente sobre sua atividade como pesquisador. Sou economista, e o hotel foi o primeiro projeto econômico-financeiro que escrevi. Por coincidência fiz para mim. Então me tornei pequeno empresário. Mas, direcionei minha vida profissional para o mundo do Projeto-Econômico-Financeiro, que nunca mais saí. Virou minha Cachaça. Mas o mundo dá muitas voltas. 30 Anos depois, Meu filho Rafael Kluska, que nasceu lá naquele Hotel, fez seu Doutorado Engenharia de Produção e Sistemas na Virginia Tech – USA, exatamente onde Dr. Browder foi Reitor. Não foi possível o encontro entre eles, visto que Dr. Browder acabava de falecer. Até aqui foi um relato histórico, mas vamos aos fatos: Qual era o trabalho ´´pesquisa“ que Dr. Browder realizava naquele fim de mundo? Posso informar com autoridade de testemunha ocular, do que vi, assisti, e de alguma forma acompanhei. Com o lapso de tempo decorrido o FBI não obterá novidade nenhuma em meu relato fático. O que posso informar é sim constrangedor para nós Brasileiros, possivelmente para o Dr. Marcos Pedlowski, que como diz: Conviveu com ele. Dr. John Browder, realizava um levantamento minucioso em lotes rurais (Lotes rurais na região de Rolim de Moura-RO) para o Governo Norte Americano. Estes ´´Lotes Rurais“, eram ELEITOS pela NASA, que na época possivelmente servia-se do projeto RADAM, e de mais dois satélites norte americanos que circundam diuturnamente o planeta Terra, fotografando e coincidentemente sobre a região – Rolim de Moura-RO. Alimentar os computadores da NASA era necessário, pois: As fotos só registram cores. Então os relatórios da ´´pesquisa“ traduziam o que eram as cores: Capoeira de 02; 03; 04 etc. meses até…. de um ano até… bem como as Culturas: café; feijão; arroz; mandioca e etc. Até… .Era o advento da tecnologia, então este suprimento de informações foram feito no braço. Acreditem ! Foi assim. Um trabalho de altíssimo nível é claro. Nada a desconsiderar a árdua missão, e que foi muito bem executada por Dr. John Browder. Acreditem. Este maravilhoso trabalho, soergueu a carreira de pesquisador no mais alto Nível nas academias por onde ele passou, e para sempre até sua morte. Sinto-me honrado tê-lo conhecido e partilhado algumas conversa, em vida. Assim, Eles tem a fotografia diuturna do que produzimos; quanto, quantos hectares disso e daquilo, a produção estimada para cada cultura em cada safra, e etc. Eles podem aferir, e Ferir o nosso sistema produtivo quando e como quiserem. Legal não? E nós. Só analfabetos no poder. Idiotas Civis e militares de toda ordem. Vou partir deste mundo vendo este maravilhoso país andando em passo de bêbado. Os políticos imbecis e analfa, conduzindo-nos vergonhosamente. Alcançamos a destacada posição de Párias da humanidade. Que pena.

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