A prestigiosa revista “Nature” publicou ontem uma informação que deverá causar abalos na indústria dos agrotóxicos, especialmente para aquelas empresas que fabricam neonicotinóides. É que segundo a Nature, a agência da União Européia responsável pela segurança alimentar concluiu que 3 agrotóxicos da classe dos neonicotinóides oferecem alto risco para abelhas selvagens em geral e para aquelas que produzem mel [1].
As descobertas feitas pela European Food Safety Authority (EFSA) aumentam as chances de que a União Européia vá brevemente banir o uso destes agrotóxicos em todas as culturas agrícolas praticadas ao ar livre no continente europeu.
A avaliação da EFSA cobriu os três neonicotinóides que apresentam maiores preocupações para a saúde das abelhas – clothianidin, imidacloprid e thiamethoxam. Importante notar que a EFSA considerou nessa avaliação mais de 1.500 estudos, incluindo não apenas artigos e dados científicos, mas também dados de empresas produtoras desses agroquímicos, agências governamentais, organizações não-governamentais (ONGs) e de associações de apicultores.
Interessante notar que no Brasil, o uso dos neonicotinóides está em franca expansão, sendo que o imidacloprid se tornou uma das substâncias mais amplamente usadas na agricultura brasileira nos últimos anos. A questão agora é se a União Européia vai ampliar a medida de banir o imidacloprid e as outras duas substâncias para produtos vindos de outros países.
Como essa parece ser uma possibilidade bem real, vamos ver como se comportará o latifúndio agro-exportador e seu representante no governo “de facto” de Michel Temer, o dublê de ministro e latifundiário Blairo Maggi. Mas o mais provável é que se a União Européia não ampliar o banimento para fora das fronteiras, Blairo Maggi e o resto do “agrobusiness” brasileiro vão continuar fingindo que não sabem de nada, e mandando ver nos neonicotinóides.
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[1] https://www.nature.com/articles/d41586-018-02639-1?utm_source=briefing-dy&utm_medium=email&utm_campaign=20180301
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