Há na atual conjuntura nacional uma propensão a mimetizar alguns dos piores aspectos da sociedade estadunidense, a começar pela defesa incondicional da posse e porte de armas. Esquecem os defensores desta mimetização que os estadunidenses estão há décadas se defrontando com uma sequência de massacres em escolas primárias, universidades e shows musicais. O número de mortes nos EUA em cada um destes eventos de massacres vem crescendo exponencialmente, na medida em que armas cada vez mais potentes estão sendo vendidas sem muito controle.
Mas o brasileiro nem precisaria levar em conta a realidade das carnificinas cometidas com armas de fogo nos EUA, pois nosso país é um recordista mundial no assassinato de pessoas com este tipo de armamento. Aliás, o Brasil é o país onde se morre por armas de fogo.
Entretanto, graças a um bem elaborado lobby em prol da liberação do posse e porte de armas, o qual ficou bem evidente nas últimas eleições presidenciais, a expectativa de que o Brasil imite os EUA na realização de massacres em escolas e universidades se torna cada vez mais real. Assim, é que o massacre realizado por dois indivíduos (coincidentemente homens, jovens e brancos) numa escola pública na cidade de Suzana (SP) pode ser apenas o primeiro de um longo número de casos onde vidas inocentes serão ceifadas para completo regojizo e aumento de lucros dos fabricantes de armas.
Matéria no jornal “The Guardian” noticia o massacre promovido contra alunos e funcionários de uma escola pública em Suzano (SP).
Antes que alguém pense que vou culpar o presidente Jair Bolsonaro por essa eclosão de violência gratuita em um ambiente o Estado deveria garantir a segurança de crianças e jovens, eu aviso logo que prefiro lembrar daquelas pessoas que usaram templos e igrejas para mostrar o seu apoio ao então candidato pelo PSL. É que sem essas pessoas ditas de bem e cristãs, a mensagem de ódio difundida pelo presidente Bolsonaro teria morrido por si só. Mas como encontrou eco em pessoas que dizem amar ao próximo, agora teremos que conviver com a possibilidade contínua de que outros massacres ocorram.