A queda do segundo presidente do INEP em pouco mais de quatro meses do governo Bolsonaro explicita a gravidade da crise política e gerencial que está ocorrendo dentro do MEC, agora sob o comando do economista das notas baixas e dos cortes orçamentários draconianos, Abraham Weintraub.
Contudo, a queda do delegado da Polícia Federal que estava presidente do INEP, Elmer Vicenzi, não se dá por qualquer picuinha, mas por algo que se apresenta como um desdobramento muito grave. É que segundo o jornal “O GLOBO”, Vicenzi caiu por tentar ganhar acesso a dados sigilosos dos estudantes brasileiros para que o MEC possa emitir “carteirinhas estudantis”, coisa que estariam sendo demandada por Abraham Weintraub.
A ideia já ventilada de produzir “carteirinhas estudantis” seria para minar a principal fonte de renda da União Nacional dos Estudantes (UNE), a mais tradicional organização de alunos e tradicionalmente ligada à esquerda. Essa proposição é claramente antagônica não à UNE em si, mas ao direito dos trabalhadores e jovens brasileiros de possuírem entidades sindicais com as quais possam enfrentar projetos de destruição de seus direitos.
Mas há ainda algo mais grave por detrás dessa tentativa de acessar dados sigilosos de estudantes que é o uso dessas informações para angariar informações contra eventuais adversários das propostas de desmanche do ensino público federal que estão sendo engendradas pelo governo Bolsonaro.
Eu fico me perguntando sobre o que diriam as Cassandras de direita se este tipo de movimento estivesse ocorrendo pelas mãos de um governo de esquerda. Certamente as caçarolas já estaria soando de forma estridente. Mas como é o governo Bolsonaro, as mãos antes animadas agora parecem acenar em concordância.
E viva o Big Brother do MEC….