Segundo o “The Guardian”, o governo Bolsonaro é composto por indivíduos bizarros que são ao mesmo tempo desqualificados e perigosos. Valter Campanato / Agência Brasil
O jornal “The Guardian” publicou hoje um artigo assinado pelos jornalistas Tom Phillips e Dom Phillips que faz um Raio-X de alguns de vários ocupantes de cargos importantes no governo Bolsonaro e o retrato que surge é de uma mistura de indivíduos bizarros, desqualificados e perigosos.

O artigo intitulado “Unqualified, dangerous’: the oddball officials running Bolsonaro’s Brazil” (ou em bom português “Desqualificados e perigosos: os bizarros que comandam o Brasil de Bolsonaro) analisa os perfis de Filipe Martins (assessor olavista de assuntos internacionais), Roberto Alvim (secretário especial de Cultura), Sérgio Nascimento de Camargo (indicado para presidir a Fundação Zumbi dos Palmares, indicação que está temporariamente suspensa pela justiça) e de Dante Mantovani (prresidente da Funarte).
Mas o artigo também faz referência ao “excêntrico” ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, outro olavista convicto que é um dos principais negacionistas das mudanças climáticas globais no interior do governo Bolsonaro. Sobrou ainda uma menção nada elogiosa ao ainda ministro da Educação Abraham Weintraub e suas declarações bizarras, inclusive contra a mídia corporativa.
A significância desse artigo logo no início de 2020 ano é dada pela grande influência do jornal “The Guardian” não apenas no Reino Unido, mas em todo o continente europeu. Ao apresentar alguns dos principais membros do governo Bolsonaro como pessoas bizarras que misturam perigo e desqualificação, o “The Guardian” está enviando um claro sinal de como devem se comportar os europeus que se preocupam com os efeitos das regressões feitas pelo governo Bolsonaro em relação à governança ambiental e a defesa dos direitos humanos.
Ainda que esse artigo possa ter pouco ou nenhum efeito dentro do Brasil, é bem provável que estejamos assistindo a um processo mais concreto de isolamento político e econômico em função da percepção de que nosso país hoje é governado (ou seria desgovernado) por um conjunto de personalidades cujas crenças e ações vão de encontro aos principais valores que são sustentados por segmentos mais progressistas da sociedade global. Isso pode parecer pouco agora, mas isso mudará quando o isolamento que virá for medido em perdas comerciais.